São Paulo, domingo, 19 de março de 2006

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MEMÓRIA

"Não havia como notar irritação de Hitler com Owens"

DO ENVIADO AO RIO

Competidor dos 100 m, prova em que o americano Jesse Owens começou sua lenda olímpica, Oswaldo Domingues diz que, ao longo dos anos, o episódio foi exagerado nos relatos.
"Naquela época, já se notava a perseguição dos alemães em relação aos judeus, mas, no estádio, não havia como notar uma irritação de Hitler", diz Oswaldo, desmentindo a "esnobada".
"Os atletas não eram cumprimentados na pista. Não havia como Hitler descer, era tudo na hora e rápido."
O ex-atleta conheceu Jesse Owens pessoalmente. O herói negro da Olimpíada de 1936 conquistou quatro medalhas: 100 m, 200 m, revezamento 4 x 100 m e salto em distância, em que enfrentou e venceu o alemão Luz Long.
O brasileiro foi eliminado sem enfrentar Owens, mas tem no arquivo pessoal fotos do americano, a quem descreve como "homem simples e simpático, que sempre nos cumprimentava".
"A corrida dele era fantástica, não contraía um músculo, era sólida, muito à frente dos outros rivais."
Se minimiza o episódio entre Owens e Hitler, o brasileiro recorda demonstrações do que chama de complexo de superioridade dos nazistas, principalmente na prova do arremesso de dardo, vencida por Gerhard Stöck.
Oswaldo conta que o atleta, que era capitão do Exército alemão, tomou sua posição de lançamento, virou-se para o camarote de Hitler e fez a saudação nazista estendendo o braço direito.
"O Hitler repetiu o gesto, e os dois ficaram naquela posição por cerca de 20 segundos. Foi um silêncio enorme", descreve o brasileiro. "Hitler era uma celebridade para os alemães." (MDA)


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