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MEMÓRIA
"Não havia como notar irritação de Hitler com Owens"
DO ENVIADO AO RIO
Competidor dos 100 m,
prova em que o americano
Jesse Owens começou sua
lenda olímpica, Oswaldo
Domingues diz que, ao longo dos anos, o episódio foi
exagerado nos relatos.
"Naquela época, já se notava a perseguição dos alemães em relação aos judeus,
mas, no estádio, não havia
como notar uma irritação de
Hitler", diz Oswaldo, desmentindo a "esnobada".
"Os atletas não eram cumprimentados na pista. Não
havia como Hitler descer,
era tudo na hora e rápido."
O ex-atleta conheceu Jesse
Owens pessoalmente. O herói negro da Olimpíada de
1936 conquistou quatro medalhas: 100 m, 200 m, revezamento 4 x 100 m e salto em
distância, em que enfrentou
e venceu o alemão Luz Long.
O brasileiro foi eliminado
sem enfrentar Owens, mas
tem no arquivo pessoal fotos
do americano, a quem descreve como "homem simples e simpático, que sempre
nos cumprimentava".
"A corrida dele era fantástica, não contraía um músculo, era sólida, muito à
frente dos outros rivais."
Se minimiza o episódio entre Owens e Hitler, o brasileiro recorda demonstrações
do que chama de complexo
de superioridade dos nazistas, principalmente na prova
do arremesso de dardo, vencida por Gerhard Stöck.
Oswaldo conta que o atleta, que era capitão do Exército alemão, tomou sua posição de lançamento, virou-se
para o camarote de Hitler e
fez a saudação nazista estendendo o braço direito.
"O Hitler repetiu o gesto, e
os dois ficaram naquela posição por cerca de 20 segundos. Foi um silêncio enorme", descreve o brasileiro.
"Hitler era uma celebridade
para os alemães."
(MDA)
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