São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2004

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FUTEBOL

Equipe de Muricy ataca desde o início, apesar de não precisar vencer

Ousadia e pontaria levam trófeu inédito para o ABC

EDUARDO ARRUDA
MARCUS VINICIUS MARINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A conquista do inédito título paulista coroou a ousadia e a pontaria do São Caetano.
Apesar de poder perder por um gol de diferença no Pacaembu, o time do técnico Muricy Ramalho, que também venceu o Estadual pela primeira vez, começou o jogo no ataque e só diminuiu o ritmo no segundo tempo da decisão.
Na etapa inicial, o campeão fez dez finalizações contra sete do rival, que precisava de dois gols. No final, o clube do ABC só concluiu uma jogada a menos: 18 contra 19, de acordo com o Datafolha.
O São Caetano terminou o Estadual como o terceiro time mais ofensivo (média de 17,7 finalizações) e com a melhor pontaria (aproveitamento de 46,9%).
Como consolo, o Paulista fechou o torneio com o melhor ataque: 33 gols. Mas, justamente quando precisava vencer por pelo menos dois gols de diferença, a equipe de Zetti passou em branco pela primeira vez no Estadual. Havia feito sempre ao menos um.
O jogo decisivo também consagrou Marcinho como herói do São Caetano e marcou Asprilla, de novo, como vilão do Paulista.
O meia fez um gol, foi o que mais finalizou na partida (cinco vezes), o mais acionado de seu time (39 bolas recebidas), o mais eficiente nos passes (90,6%) e o mais caçado (cinco faltas).
Marcinho, 23, que brilhara no jogo anterior e nas semifinais, contra o Santos, abriu o caminho para a vitória histórica. Símbolo do time mais jovem do São Caetano que já jogou uma final -com média de 26 anos-, balançou a rede aos 21min da primeira etapa.
Ele só recebeu a bola devido a uma falha de Asprilla. O zagueiro, que já tinha falhado num dos gols do São Caetano no primeiro jogo, voltou a pecar ontem. Ele ainda foi driblado no segundo gol do adversário, marcado pelo volante Mineiro, aos 43min da etapa final.
Além de ser driblado facilmente pelos atacantes rivais, Asprilla foi um dos mais violentos de seu time. Cometeu três faltas, como Alemão, Aílton e Izaías.
O gol de Mineiro afastou de vez o medo do time de perder de novo uma final. A equipe acumulava três vices. O primeiro, logo quando o time surgiu para o Brasil na Copa JH, em 2000, diante do Vasco, em final remarcada após queda de alambrado em São Januário. O segundo, no Nacional seguinte, contra o Atlético-PR, após uma derrota em pleno ABC.
O terceiro foi na Libertadores-02, quando, após bater o Olimpia no Paraguai, a equipe caiu novamente em casa, tanto no tempo normal quanto nos pênaltis.
"Para nós da "antiga", é como uma redenção", diz Serginho. Ao lado de Dininho e de Silvio Luiz, o zagueiro participou de toda a trajetória do time rumo à elite do futebol paulista e brasileiro.
Ex-companheiros e ex-treinadores da equipe foram lembrados ontem pelos campeões.
"Temos que agradecer ao Túlio, ao Adhemar, a todos que ajudaram o São Caetano a construir a sua história", disse Gilberto.
No início do ano, ele recusou uma oferta do Corinthians para atuar pelo clube do ABC com seu amigo Tite, treinador que acabou sendo trocado por Muricy.
Logo no primeiro Estadual que disputou em SP, o ex-gremista foi campeão, como seu companheiro, o lateral-direito Anderson Lima. "Esse título é muito importante para mim. O campeonato paulista é muito difícil", disse o lateral, contratado com Gilberto.
Anderson levou um cartão amarelo ontem e encerrou o Estadual com um feito que não comemorou: foi o jogador mais advertido pelos árbitros. Levou sete amarelos na competição.
Tite e Jair Picerni também foram lembrados na comemoração, antecedida por uma reza com os atletas de joelhos no gramado.


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