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FUTEBOL
Equipe de Muricy ataca desde o início, apesar de não precisar vencer
Ousadia e pontaria levam trófeu inédito para o ABC
EDUARDO ARRUDA
MARCUS VINICIUS MARINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A conquista do inédito título
paulista coroou a ousadia e a pontaria do São Caetano.
Apesar de poder perder por um
gol de diferença no Pacaembu, o
time do técnico Muricy Ramalho,
que também venceu o Estadual
pela primeira vez, começou o jogo
no ataque e só diminuiu o ritmo
no segundo tempo da decisão.
Na etapa inicial, o campeão fez
dez finalizações contra sete do rival, que precisava de dois gols. No
final, o clube do ABC só concluiu
uma jogada a menos: 18 contra 19,
de acordo com o Datafolha.
O São Caetano terminou o Estadual como o terceiro time mais
ofensivo (média de 17,7 finalizações) e com a melhor pontaria
(aproveitamento de 46,9%).
Como consolo, o Paulista fechou o torneio com o melhor ataque: 33 gols. Mas, justamente
quando precisava vencer por pelo
menos dois gols de diferença, a
equipe de Zetti passou em branco
pela primeira vez no Estadual.
Havia feito sempre ao menos um.
O jogo decisivo também consagrou Marcinho como herói do
São Caetano e marcou Asprilla, de
novo, como vilão do Paulista.
O meia fez um gol, foi o que
mais finalizou na partida (cinco
vezes), o mais acionado de seu time (39 bolas recebidas), o mais
eficiente nos passes (90,6%) e o
mais caçado (cinco faltas).
Marcinho, 23, que brilhara no
jogo anterior e nas semifinais,
contra o Santos, abriu o caminho
para a vitória histórica. Símbolo
do time mais jovem do São Caetano que já jogou uma final -com
média de 26 anos-, balançou a
rede aos 21min da primeira etapa.
Ele só recebeu a bola devido a
uma falha de Asprilla. O zagueiro,
que já tinha falhado num dos gols
do São Caetano no primeiro jogo,
voltou a pecar ontem. Ele ainda
foi driblado no segundo gol do
adversário, marcado pelo volante
Mineiro, aos 43min da etapa final.
Além de ser driblado facilmente
pelos atacantes rivais, Asprilla foi
um dos mais violentos de seu time. Cometeu três faltas, como
Alemão, Aílton e Izaías.
O gol de Mineiro afastou de vez
o medo do time de perder de novo
uma final. A equipe acumulava
três vices. O primeiro, logo quando o time surgiu para o Brasil na
Copa JH, em 2000, diante do Vasco, em final remarcada após queda de alambrado em São Januário. O segundo, no Nacional seguinte, contra o Atlético-PR, após
uma derrota em pleno ABC.
O terceiro foi na Libertadores-02, quando, após bater o Olimpia
no Paraguai, a equipe caiu novamente em casa, tanto no tempo
normal quanto nos pênaltis.
"Para nós da "antiga", é como
uma redenção", diz Serginho. Ao
lado de Dininho e de Silvio Luiz, o
zagueiro participou de toda a trajetória do time rumo à elite do futebol paulista e brasileiro.
Ex-companheiros e ex-treinadores da equipe foram lembrados
ontem pelos campeões.
"Temos que agradecer ao Túlio,
ao Adhemar, a todos que ajudaram o São Caetano a construir a
sua história", disse Gilberto.
No início do ano, ele recusou
uma oferta do Corinthians para
atuar pelo clube do ABC com seu
amigo Tite, treinador que acabou
sendo trocado por Muricy.
Logo no primeiro Estadual que
disputou em SP, o ex-gremista foi
campeão, como seu companheiro, o lateral-direito Anderson Lima. "Esse título é muito importante para mim. O campeonato
paulista é muito difícil", disse o lateral, contratado com Gilberto.
Anderson levou um cartão
amarelo ontem e encerrou o Estadual com um feito que não comemorou: foi o jogador mais advertido pelos árbitros. Levou sete
amarelos na competição.
Tite e Jair Picerni também foram lembrados na comemoração,
antecedida por uma reza com os
atletas de joelhos no gramado.
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