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FUTEBOL
Usando a cor que predomina nos uniformes do país, time do ABC quebra tabu que persegue os azulados no Paulista
São Caetano derruba a maldição do azul
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A cor do céu, do mar e da maioria das camisas de times de futebol no Brasil superou ontem uma
maldição que parecia não ter fim.
Não havia um campeão paulista
vivo que ostentasse a cor azul. O
São Caetano conseguiu deixar o
preto e o branco de Corinthians e
Santos, o verde do Palmeiras e o
vermelho do São Paulo para trás.
Desde o início da era profissional do Campeonato Paulista, em
1933, o tom do torneio era dado
por apenas quatro cores. Antes
disso, na era amadora, três clubes
que ostentavam o azul conseguiram levantar o título do Estadual.
Porém quis o destino que o São
Paulo Athletic (1902, 03, 04 e 11), o
Germânia (1906 e 15) e o São Bento da capital (1914 e 25) fossem extintos do futebol profissional.
Ontem, o Pacaembu, com mais
de 25 mil pessoas, a maioria delas
torcendo para o time do ABC, viu
o jogo de Campeonato Paulista
mais azul da história. Muitos times dessa cor tentaram sem sucesso nas últimas décadas o título.
Quem chegou mais perto foi o São
José, em 1989, mas a equipe perdeu a final para o São Paulo.
Em 1954, a maldição do azul pegou até o Palmeiras. Seguindo
conselhos místicos, o alviverde
decidiu o título com o Corinthians vestindo azul. O jogo foi 1 a
1, e a cor foi execrada no clube.
O "Azulão", como é conhecido
o São Caetano, surgiu com força
no cenário nacional em 2000, esteve bem perto de ganhar a Libertadores em 2002, mas não deslanchava no Paulista até este ano.
Segundo pesquisa da "Placar",
o azul é a cor dominante nas camisas principais dos times do
país. E há ampla vantagem. São 72
uniformes dessa cor e ainda 42 camisas com listras verticais azuis e
brancas circulando nos campos
brasileiros. Só o azul supera o
branco, exibido em 67 camisas.
Cruzeiro, Grêmio, Bahia, Paraná, Fortaleza, Remo, Avaí, CSA,
Nacional, Palmas, Macapá, Ji-Paraná, Confiança, Paysandu, São
Raimundo, Crac, Dom Bosco...
São raros os Estados que não
possuem um campeão azulado
em atividade -Pernambuco, Rio
de Janeiro e Rio Grande do Norte
são outros. Como São Paulo é o
Estado com o maior número de
campeões -conheceu agora o
17º-, a maldição azul paulista
superava qualquer outra no país.
Os times pequenos que dobraram os grandes foram alvinegros
(Bragantino e Inter de Limeira).
Na edição de 2002, sem os grandes, deu o rubro-negro Ituano.
O Paulista entrou na decisão de
ontem com a sua tradicional camisa tricolor. Preto, branco e vermelho, as cores do time, são oficialmente as cores do Estado. Mas
o azul, que estava morto, alcançou de vez o céu. Maldição agora
só se o São Caetano for extinto.
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