São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2004

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FUTEBOL

Usando a cor que predomina nos uniformes do país, time do ABC quebra tabu que persegue os azulados no Paulista

São Caetano derruba a maldição do azul

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A cor do céu, do mar e da maioria das camisas de times de futebol no Brasil superou ontem uma maldição que parecia não ter fim.
Não havia um campeão paulista vivo que ostentasse a cor azul. O São Caetano conseguiu deixar o preto e o branco de Corinthians e Santos, o verde do Palmeiras e o vermelho do São Paulo para trás.
Desde o início da era profissional do Campeonato Paulista, em 1933, o tom do torneio era dado por apenas quatro cores. Antes disso, na era amadora, três clubes que ostentavam o azul conseguiram levantar o título do Estadual.
Porém quis o destino que o São Paulo Athletic (1902, 03, 04 e 11), o Germânia (1906 e 15) e o São Bento da capital (1914 e 25) fossem extintos do futebol profissional.
Ontem, o Pacaembu, com mais de 25 mil pessoas, a maioria delas torcendo para o time do ABC, viu o jogo de Campeonato Paulista mais azul da história. Muitos times dessa cor tentaram sem sucesso nas últimas décadas o título. Quem chegou mais perto foi o São José, em 1989, mas a equipe perdeu a final para o São Paulo.
Em 1954, a maldição do azul pegou até o Palmeiras. Seguindo conselhos místicos, o alviverde decidiu o título com o Corinthians vestindo azul. O jogo foi 1 a 1, e a cor foi execrada no clube.
O "Azulão", como é conhecido o São Caetano, surgiu com força no cenário nacional em 2000, esteve bem perto de ganhar a Libertadores em 2002, mas não deslanchava no Paulista até este ano.
Segundo pesquisa da "Placar", o azul é a cor dominante nas camisas principais dos times do país. E há ampla vantagem. São 72 uniformes dessa cor e ainda 42 camisas com listras verticais azuis e brancas circulando nos campos brasileiros. Só o azul supera o branco, exibido em 67 camisas.
Cruzeiro, Grêmio, Bahia, Paraná, Fortaleza, Remo, Avaí, CSA, Nacional, Palmas, Macapá, Ji-Paraná, Confiança, Paysandu, São Raimundo, Crac, Dom Bosco...
São raros os Estados que não possuem um campeão azulado em atividade -Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte são outros. Como São Paulo é o Estado com o maior número de campeões -conheceu agora o 17º-, a maldição azul paulista superava qualquer outra no país.
Os times pequenos que dobraram os grandes foram alvinegros (Bragantino e Inter de Limeira). Na edição de 2002, sem os grandes, deu o rubro-negro Ituano.
O Paulista entrou na decisão de ontem com a sua tradicional camisa tricolor. Preto, branco e vermelho, as cores do time, são oficialmente as cores do Estado. Mas o azul, que estava morto, alcançou de vez o céu. Maldição agora só se o São Caetano for extinto.


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