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Até igreja ajuda
no novo colorido
do Pacaembu
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
A torcida do São Caetano
ontem não passou vexame e
conseguiu preencher de azul
boa parte do Pacaembu.
Mas, para isso, precisou da
ajuda de empresários, políticos e de igrejas evangélicas.
Além dos 6.000 ingressos
doados pelo clube a universitários da região do ABC,
candidatos a vereador, donos de restaurantes, lojas de
esporte e oficinas mecânicas
fretaram ônibus para levar
torcedores ao estádio.
O mesmo fizeram duas
igrejas evangélicas, uma das
quais colocou carro de som
no portão principal para
atrair novos seguidores.
Camisas azuis, então, eram
encontradas com todo tipo
de "patrocinador". Havia as
que substituíam o nome da
Consul -as Casas Bahia são
parceiras do São Caetano-
pelo do prefeito Luiz Olinto
Tortorello ou dos candidatos a vereador Alan Teixeira
e Marcelino Gimenez, que
tenta reeleição em outubro.
Outras ostentavam nomes
de empresas como Netsign,
Sete Mares Frutos do Mar,
Souza Funilaria, Vadinho
Esportes e Opção Indústria
Mecânica. E a pirataria não
pára por aí. Havia ainda Renascer em Cristo e Assembléia de Deus nas camisas.
"Quem pagou [o transporte e o ingresso] quer faturar
de alguma forma, por isso
tem tanta camisa pirata por
aí", disse Fernando Rigueto,
24, integrante da Gladiadores, uma das quatro uniformizadas do São Caetano.
Carlos Alberto Pereira, 37,
vice-presidente da organizada Sangue Azul, acha que o
clube deve incentivar a formação de novos torcedores.
Assim, não precisaria da ajuda de empresários e políticos
para encher um estádio.
"No começo, torcer para o
São Caetano era coisa de excêntrico, falavam muito da
[organizada] Bengala Azul,
mas lá só tem velho, o cara
deve ter mais de 60 anos, artrose, reumatismo... Para cada novo sócio morrem três.
A solução é apostar nas outras torcidas, tentar formar
uma turma mais jovem."
Segundo Pereira, a Sangue
Azul vai a todos os jogos do
time do ABC. "Mesmo na Libertadores, quando a partida é fora do Brasil, mandamos quatro representantes
para colocar nossa faixa no
estádio e marcar presença."
Mas Benedito de Almeida,
71, que foi ao jogo num dos
quatro ônibus fretados pela
Bengala Azul, não concorda
com Pereira. "Não adianta
querer fazer do São Caetano
um time de massa. Grandes
são o Trio de Ferro [Corinthians, Palmeiras e São Paulo] e o Santos, que têm tradição. O resto é resto."
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