São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Até igreja ajuda no novo colorido do Pacaembu

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

A torcida do São Caetano ontem não passou vexame e conseguiu preencher de azul boa parte do Pacaembu. Mas, para isso, precisou da ajuda de empresários, políticos e de igrejas evangélicas.
Além dos 6.000 ingressos doados pelo clube a universitários da região do ABC, candidatos a vereador, donos de restaurantes, lojas de esporte e oficinas mecânicas fretaram ônibus para levar torcedores ao estádio.
O mesmo fizeram duas igrejas evangélicas, uma das quais colocou carro de som no portão principal para atrair novos seguidores.
Camisas azuis, então, eram encontradas com todo tipo de "patrocinador". Havia as que substituíam o nome da Consul -as Casas Bahia são parceiras do São Caetano- pelo do prefeito Luiz Olinto Tortorello ou dos candidatos a vereador Alan Teixeira e Marcelino Gimenez, que tenta reeleição em outubro.
Outras ostentavam nomes de empresas como Netsign, Sete Mares Frutos do Mar, Souza Funilaria, Vadinho Esportes e Opção Indústria Mecânica. E a pirataria não pára por aí. Havia ainda Renascer em Cristo e Assembléia de Deus nas camisas.
"Quem pagou [o transporte e o ingresso] quer faturar de alguma forma, por isso tem tanta camisa pirata por aí", disse Fernando Rigueto, 24, integrante da Gladiadores, uma das quatro uniformizadas do São Caetano.
Carlos Alberto Pereira, 37, vice-presidente da organizada Sangue Azul, acha que o clube deve incentivar a formação de novos torcedores. Assim, não precisaria da ajuda de empresários e políticos para encher um estádio.
"No começo, torcer para o São Caetano era coisa de excêntrico, falavam muito da [organizada] Bengala Azul, mas lá só tem velho, o cara deve ter mais de 60 anos, artrose, reumatismo... Para cada novo sócio morrem três. A solução é apostar nas outras torcidas, tentar formar uma turma mais jovem."
Segundo Pereira, a Sangue Azul vai a todos os jogos do time do ABC. "Mesmo na Libertadores, quando a partida é fora do Brasil, mandamos quatro representantes para colocar nossa faixa no estádio e marcar presença."
Mas Benedito de Almeida, 71, que foi ao jogo num dos quatro ônibus fretados pela Bengala Azul, não concorda com Pereira. "Não adianta querer fazer do São Caetano um time de massa. Grandes são o Trio de Ferro [Corinthians, Palmeiras e São Paulo] e o Santos, que têm tradição. O resto é resto."


Texto Anterior: "Blues" vivem boa fase no mundo
Próximo Texto: Memória: Cor traz sorte às seleções em Copas do Mundo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.