São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2007

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Basquete de SP vê duelo de casal na prancheta

Pela 1ª vez, Paulo Bassul, do Ourinhos, e Mila Rondon, do Americana, se opõem

Dupla, que trabalhou unida por 17 anos, tem ambição distinta: treinador busca o tetra, e sua mulher almeja apenas fazer boa campanha


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo montava várias estratégias para tentar brecar a armadora baixinha do time adversário. Invariavelmente a AABB perdia, graças às boas investidas de Mila, do Unidade Vizinhança, mesmo time do Distrito Federal em que o cestinha Oscar iniciou a carreira.
Vinte anos depois, o Paulista feminino verá de novo o duelo entre Paulo Bassul, 39, que dirige o Ourinhos e assume a seleção após o Pan, e Mila Rondon, 43, técnica do Americana. Agora, porém, com um atrativo a mais: será um confronto entre marido e mulher treinadores.
""É uma experiência difícil. Porque eu torço para meu time e também pelo sucesso dele", conta Mila, que, pela primeira vez, não será assistente do marido em um time adulto.
"Já avisei que haverá troco se a torcida de Ourinhos me xingar. Ele vai se ver comigo", brinca ela, que já tem data marcada para enfrentar o marido: 26 de maio, fora de casa.
Morando juntos desde 1991, quando a dupla se transferiu de Brasília para o basquete paulista, Bassul e Mila afirmam possuir estilos diversos. "Ela é mais tranqüila do que eu", admite o treinador, que, mesmo assim, não tem fama de durão.
"A Mila é psicóloga e sabe mexer muito com a parte motivacional. Aprendi com ela a valorizar mais a preparação mental", completa ele, que trabalhou com a companheira por 17 anos, em Brasília, Piracicaba, Campinas e Americana.
Mila afirma também ter tirado proveito da longa convivência com o marido. "O Paulo fica mais alterado durante o jogo. Eu sou calma. Mas ele é mais estudioso da parte tática e técnica. Está sempre lendo, tentando descobrir coisas novas para aplicá-las. Trocamos muitas idéias sobre treinos."
Tal intercâmbio, agora, será interrompido por uns tempos. Apesar disso, Bassul aprecia a situação inusitada que irá viver.
"Será uma boa oportunidade para ela crescer. Não posso dizer que somos rivais. Nossos times têm projetos diferentes."
De fato, no papel, Bassul vive agora situação inversa. Sua a equipe é a favorita. O Ourinhos é o tricampeão paulista e cotado para um novo título da competição, que começa amanhã, com o jogo entre seu time e o de Jundiaí. Já o Americana investe em um elenco jovem, aposta em revelações -como as pivôs Danila, 2,04 m, e Fabiana, 1,94 m- e sua maior ambição é figurar entre os semifinalistas.
"Foi legal saber que a semente que plantamos juntos lá não morreu e está sendo bem conduzida por ela", afirma Bassul, que assumirá a seleção brasileira feminina no lugar de Antonio Carlos Barbosa após o Pan-Americano do Rio, em julho.
A última vez que o Ourinhos perdeu uma decisão em São Paulo foi em 2003, justamente para o Americana. No banco, Bassul dirigia o vice-campeão.
Dois anos depois, o clube fechou o adulto e ficou só nas categorias menores. A boa campanha na base em 2006 gerou a nova investida na elite.


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