|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Prancheta do PVC
PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br
A arapuca de Neymar
POR QUE Dorival Júnior preferiu tirar um
dos três atacantes foi
questão respondida com cinco minutos de jogo. Se o São
Paulo teria Fernandinho do
lado esquerdo do ataque e
Jorge Wagner à esquerda do
meio de campo, Pará seria escalado para marcar o primeiro, com Wesley no encalço do
segundo. Se quisesse jogar pela esquerda, o São Paulo precisaria de Richarlyson.
Dito e feito. Richarlyson começou a escapar pelo lado esquerdo e se transformou no
queijo suíço suculento, colocado sobre a ratoeira. Errou o
primeiro passe. Contra-ataque. Errou mais um. Robinho
quase marcou após cruzamento de Pará. No início do
segundo tempo, Richarlyson
era responsável por 25% dos
erros de passe do São Paulo.
Aos 14 da segunda etapa,
Wesley e Marquinhos tabelaram no setor que ele protegia.
O gol de Neymar nasceu ali.
Para o São Paulo escapar da
armadilha, o melhor caminho
era definir Richarlyson na
marcação a Robinho, Alex Silva com Neymar e Miranda fazer a sobra. Para sair da ratoeira, o ataque deveria ser
prioritariamente pela direita.
Daquele lado, Cléber Santana
era marcado por Marquinhos
e Ganso ou Neymar precisariam seguir Cicinho. Mas o
São Paulo jogou pouco daquele lado. Quando tentou, Jorge
Wagner escorou cruzamento
de Hernanes e obrigou Felipe
a defender uma bola difícil.
Mas o Santos bloqueava as
jogadas pelo meio e a arapuca
só não resultou em goleada
porque Robinho e Neymar insistiram em desperdiçar contra-ataques. Foi assim até Robinho lançar de primeira, aos
37 do segundo tempo, para
Neymar cavar o pênalti marcado por José Henrique de
Carvalho. Lembre-se que o
mau árbitro não marcou um
pênalti minutos antes, porque
Neymar, agarrado por Alex
Silva, tentou prosseguir na jogada. Na segunda chance, o
garoto preferiu desabar.
Entre simular e jogar, o
Santos prefere a segunda opção. Aos 14 minutos, ainda
com 0 x 0, o toque de bola insinuou o grito de olé nas arquibancadas. De pé em pé, a bola
chegou a Wesley, depois a
Marquinhos, daí partiu o cruzamento para o primeiro gol
de Neymar. Entre dar olé e fazer gol, o Santos prefere fazer
gol. Contando os amistosos, o
melhor ataque do mundo já
tem 93 em 27 jogos.
PERSONALIDADE
Os gritos por Ronaldinho
Gaúcho não se justificam
mais. Mas ainda cabe a Dunga ter sensibilidade. Quem,
como Neymar, faz 21 gols em
27 jogos no ano, marca cinco
contra rival frágil e duas vezes contra o São Paulo, provocando mais uma vez Rogério? Vai ter personalidade
assim lá na África do Sul.
OS COADJUVANTES
Neymar foi o melhor em
campo. Mas é preciso ressaltar o que jogaram os coadjuvantes. Marquinhos fez o
passe para o primeiro gol e
para o lance em que Alex Silva agarrou Neymar, sem o
juiz marcar. A torcida gritou
o nome de Pará e Wesley jogou muito. E Durval não perde uma bola na defesa.
MELHOR ATAQUE
Na Europa, o único ataque que se aproxima do santista
é o do holandês Ajax. A qualidade dos adversários não
avaliza o ataque do time, mas são 102 gols em 33 partidas,
marca centenária que os holandeses não testemunhavam
em seu campeonato desde 1995. O Barcelona conseguiu
marcar 110 gols em 49 jogos na temporada inteira. O time
de Messi ostenta a média de 2,24. O Santos, melhor ataque do planeta, marca, em média, 3,44 por partida.
Texto Anterior: Violência: Organizadas aprontam de novo Próximo Texto: Juca Kfouri: Uma homenagem ao futebol Índice
|