São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2010

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br

A arapuca de Neymar

POR QUE Dorival Júnior preferiu tirar um dos três atacantes foi questão respondida com cinco minutos de jogo. Se o São Paulo teria Fernandinho do lado esquerdo do ataque e Jorge Wagner à esquerda do meio de campo, Pará seria escalado para marcar o primeiro, com Wesley no encalço do segundo. Se quisesse jogar pela esquerda, o São Paulo precisaria de Richarlyson.
Dito e feito. Richarlyson começou a escapar pelo lado esquerdo e se transformou no queijo suíço suculento, colocado sobre a ratoeira. Errou o primeiro passe. Contra-ataque. Errou mais um. Robinho quase marcou após cruzamento de Pará. No início do segundo tempo, Richarlyson era responsável por 25% dos erros de passe do São Paulo.
Aos 14 da segunda etapa, Wesley e Marquinhos tabelaram no setor que ele protegia. O gol de Neymar nasceu ali.
Para o São Paulo escapar da armadilha, o melhor caminho era definir Richarlyson na marcação a Robinho, Alex Silva com Neymar e Miranda fazer a sobra. Para sair da ratoeira, o ataque deveria ser prioritariamente pela direita. Daquele lado, Cléber Santana era marcado por Marquinhos e Ganso ou Neymar precisariam seguir Cicinho. Mas o São Paulo jogou pouco daquele lado. Quando tentou, Jorge Wagner escorou cruzamento de Hernanes e obrigou Felipe a defender uma bola difícil.
Mas o Santos bloqueava as jogadas pelo meio e a arapuca só não resultou em goleada porque Robinho e Neymar insistiram em desperdiçar contra-ataques. Foi assim até Robinho lançar de primeira, aos 37 do segundo tempo, para Neymar cavar o pênalti marcado por José Henrique de Carvalho. Lembre-se que o mau árbitro não marcou um pênalti minutos antes, porque Neymar, agarrado por Alex Silva, tentou prosseguir na jogada. Na segunda chance, o garoto preferiu desabar.
Entre simular e jogar, o Santos prefere a segunda opção. Aos 14 minutos, ainda com 0 x 0, o toque de bola insinuou o grito de olé nas arquibancadas. De pé em pé, a bola chegou a Wesley, depois a Marquinhos, daí partiu o cruzamento para o primeiro gol de Neymar. Entre dar olé e fazer gol, o Santos prefere fazer gol. Contando os amistosos, o melhor ataque do mundo já tem 93 em 27 jogos.

PERSONALIDADE
Os gritos por Ronaldinho Gaúcho não se justificam mais. Mas ainda cabe a Dunga ter sensibilidade. Quem, como Neymar, faz 21 gols em 27 jogos no ano, marca cinco contra rival frágil e duas vezes contra o São Paulo, provocando mais uma vez Rogério? Vai ter personalidade assim lá na África do Sul.

OS COADJUVANTES
Neymar foi o melhor em campo. Mas é preciso ressaltar o que jogaram os coadjuvantes. Marquinhos fez o passe para o primeiro gol e para o lance em que Alex Silva agarrou Neymar, sem o juiz marcar. A torcida gritou o nome de Pará e Wesley jogou muito. E Durval não perde uma bola na defesa.

MELHOR ATAQUE
Na Europa, o único ataque que se aproxima do santista é o do holandês Ajax. A qualidade dos adversários não avaliza o ataque do time, mas são 102 gols em 33 partidas, marca centenária que os holandeses não testemunhavam em seu campeonato desde 1995. O Barcelona conseguiu marcar 110 gols em 49 jogos na temporada inteira. O time de Messi ostenta a média de 2,24. O Santos, melhor ataque do planeta, marca, em média, 3,44 por partida.


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