Com triunfo na China, piloto da McLaren chega aos 60 pontos e tira a liderança de Massa, que cai para 6º no Mundial

Em corrida marcada por várias paradas nos boxes para constantes trocas de pneus, inglês se arrisca no começo e acerta estratégia

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A XANGAI

Pela segunda vez neste ano, Jenson Button driblou seus rivais para vencer. Assim como havia ocorrido na Austrália, fez uma aposta arriscada quando as condições da pista estavam indefinidas por causa da chuva intermitente e venceu o GP da China, quarta etapa da F-1.
Primeiro piloto a ganhar duas provas nesta temporada, assumiu a liderança do Mundial, que até então era de Felipe Massa, nono ontem em Xangai.
"As condições complicadas me ajudaram, mas não foi sorte ter vencido esta corrida", disse o atual campeão. "Fizemos as escolhas certas na hora certa."
Em Melbourne, Button havia acertado ao parar antes de todo mundo para colocar pneus de pista seca. Em Xangai, foi justamente a tática oposta.
Depois de largarem com compostos para seco debaixo de leve garoa, a maioria parou nos boxes logo na segunda volta para colocar pneus intermediários. O inglês, porém, resolveu ficar na pista. E se deu bem.
A chuva forte que estava prevista não veio e todos foram obrigados a voltar aos pits dois giros depois. "Às vezes precisamos assumir riscos e foi o que fiz. Mas tenho certeza que também vou fazer escolhas erradas em algum momento, porque não é sempre que as coisas dão tão certo", falou Button, agora com nove vitórias na carreira.
Apesar de ter sido um dos que fez a escolha errada, Lewis Hamilton, seu companheiro na McLaren, deu mais um espetáculo e terminou a prova em segundo, dando à equipe inglesa sua primeira dobradinha nesta temporada -Nico Rosberg, da Mercedes, chegou em terceiro e é o vice-líder do campeonato.
"Foi uma corrida muito empolgante. Parecia que cada vez que eu ganhava alguns lugares, de algum jeito eu voltava a perder", explicou Hamilton, que perdeu as contas de quantas ultrapassagens realizou. "Se eu ganhava três posições, perdia duas. Mas chegar em segundo foi um bom trabalho e estou bem satisfeito com o que fiz."
A dobradinha ainda alçou a McLaren ao topo da tabela entre os construtores. O time tem 19 pontos de vantagem sobre a Ferrari. Apontada pelas outras equipes como favorita na China, por causa do sistema de ventilação que a faz ganhar muita velocidade nas retas, a dupla da McLaren não teve boa classificação e largou em quinto e sexto -com Button e Hamilton, respectivamente.
Sebastian Vettel e Mark Webber, da Red Bull, que saíam em primeiro e segundo, foram superados logo na partida pelo ferrarista Fernando Alonso, que queimou a largada -foi punido com um "drive through".
Quando quase todo o grid foi aos boxes colocar pneus para seco, Rosberg assumiu a liderança, seguido por Button. Hamilton, a esta altura, era o 14º.
Com um bom ritmo, o piloto alemão chegou a abrir mais de quatro segundos para o campeão mundial, mas, na 18ª volta, cometeu um erro e facilitou a ultrapassagem para Button.
Quando o inglês assumiu a liderança da corrida, seu companheiro já aparecia na quinta posição, mesmo já tendo parado pela segunda vez para voltar aos compostos para pista seca.
Com o aumento da chuva duas voltas depois, todos voltaram aos boxes. Quando Button voltou à pista imaginando estar com o triunfo garantido, a entrada do safety car na pista quase colocou tudo a perder.
"Fiquei com o coração na boca porque não sabia o que ia acontecer. Tinha uma vantagem boa e de repente estavam todos atrás de mim", afirmou o inglês. Com a saída do carro madrinha, Hamilton, que havia caído para sétimo, voltou a fazer ultrapassagens enquanto Button defendia a liderança.
Sem conseguir superar Rosberg na pista, Hamilton adiantou seu último pit stop em uma volta e o ultrapassou nos boxes para assumir o segundo posto.
"Esta vitória é muito especial e significa muito para mim. Foi um GP traiçoeiro e não bastava apenas ser rápido, era preciso ler as condições corretamente", comemorou o vencedor.


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