São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2006

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COPA 2006

Em Londres, ex-jogador diz que meia-atacante não foi bem no último Mundial e, em livro, alfineta Ronaldo

Ronaldinho ainda não é fato, afirma Pelé

FÁBIO VICTOR
DE LONDRES

Sempre implacável com os que se aproximam minimamente do seu pedestal sagrado, Pelé relativizou, ontem, em Londres, o fenômeno Ronaldinho.
Questionado se o craque do Barcelona, já colocado por muitos no panteão dos monstros sagrados do futebol, poderia ganhar sozinho a Copa do Mundo-2006 para o Brasil, assim como Mané Garrincha e Diego Maradona já fizeram para as suas seleções, o ex-jogador afirmou que "Ronaldinho ainda não é fato".
Disse isso se referindo a Mundiais. "Na Copa passada, por exemplo, ele não teve uma atuação de destaque", apontou Pelé.
"Ele tem tudo para que esta seja a Copa dele, é um excelente jogador, vamos esperar que seja."
Em seguida, desdenhou dos comentários cada vez mais freqüentes de que Ronaldinho está no encalço dele como o maior da história: "Há alguns anos também diziam que o Zidane estava perto de ser o melhor do mundo...".
Na cidade para o lançamento de sua autobiografia, Pelé se colocou no seu devido lugar. "Quem é que, 30 anos depois de parar, faz coisas como a que vi hoje na livraria [sessão de autógrafos]? Meninos de dez anos chorando quando chegavam perto do Pelé. Isso só pode ser uma coisa de Deus", comentou, durante recepção oferecida a ele pelo embaixador do Brasil em Londres, José Maurício Bustani, que o agradeceu calorosamente pelo papel de embaixador mundial do país.
O Rei do Futebol também falou sobre Ronaldo. No seu livro, Pelé alfineta o atacante do Real Madrid, dizendo que certas pessoas "freqüentemente têm memória seletiva". Ele se queixa de que sempre apoiou Ronaldo, mas que o atleta recentemente o atacou, dizendo que ele deveria fechar a boca, pois só falava besteira.
Conta na autobiografia que, quando Ronaldo se recuperava de uma de suas graves lesões no joelho, foi à casa do atacante e passou uma tarde rezando com ele. "A imprensa já falou alguma vez sobre isso?", questiona, culpando a mídia pelas rusgas entre ele e craques que vieram depois.
Ontem, reiterou que nunca criticou o futebol do "Fenômeno". "Não sei por que ele disse aquilo, deve ter sido mal informado."
No livro, tenta explicar o mal-entendido: "Neste ano, na China, um jornalista me perguntou se Ronaldo recuperaria a forma para a Copa. Eu disse que poderia. (...) Ele teve problemas pessoais, como o fim do casamento. Quando o foco de sua vida não é o futebol, claro que isso vai afetar seu jogo. Mas eu disse que essas coisas são temporárias, que ele não havia desaprendido a jogar e que deveria se recuperar a tempo".
Pelé também minimizou a relevância de Theo Walcott, o jovem de 17 anos pré-convocado para a seleção inglesa. "Ele nem jogou pelo time dele [o Arsenal]. Em 58 [quando também tinha 17], eu já tinha atuado muito pelo Santos."


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