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é fogo
Pan cobra "pedágio" para exibir tocha
Revezamento, que já tem R$ 5 mi do governo federal e patrocinador privado, exige de municípios taxas de até R$ 56 mil
Secretários reclamam do valor e tentam acordos para gastar menos com o evento, que já tem até desistências, como as cidades do ABC
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
As cidades interessadas em
receber a tocha do Pan terão de
pagar um "pedágio" para participar do revezamento. Apesar
de contar com cerca de R$ 5 milhões do Ministério do Esporte
e ao menos um patrocinador
-a Samsung-, o Co-Rio (Comitê Organizador dos Jogos)
cobra taxa de cada uma das 42
localidades que receberão o fogo do Pan em junho e julho.
O orçamento previsto para o
evento era de R$ 20 milhões.
Oficialmente, o valor da taxa
de participação varia de R$ 23
mil a R$ 56 mil, e seria usado
para pagar despesas com transporte, alimentação, hospedagem e traslado aéreo da comitiva que acompanha a tocha.
Algumas cidades, no entanto,
reclamam de que, mesmo com
o pagamento, caberia ainda
uma lista de exigências a serem
cumpridas com dinheiro público, como hotel cinco estrelas
para a delegação, transporte,
alimentação e carros alugados.
Outras argumentam que ficarão com a tocha do Pan por
poucas horas, sem necessidade
de hospedagem, por exemplo.
O contrato para participação
no evento diz que a taxa serve
para a localidade ganhar o "direito de sediar o revezamento".
A cidade também tem de
prestar serviços de apoio operacional, planejamento e logístico ao Co-Rio e contratar seguro de responsabilidade civil. O
comitê e os patrocinadores ficam como co-beneficiários.
O contato entre o Co-Rio e os
municípios tem sido intermediado pela Além International,
empresa internacional que ajudou no revezamento da tocha
olímpica de Atenas, em 2004.
As três cidades do ABC paulista desistiram do evento. São
Caetano nem iniciou as negociações, e as outras alegaram
custos elevados e falta de tempo hábil para fazer licitações.
"Toda participação em eventos esportivo é bem-vinda para
nossa cidade. Mas não convém
gastar com isso agora", afirmou
o secretário de Esportes de São
Bernardo, José Fiorizi.
Segundo os cálculos de administrações como as de Porto
Alegre (RS), Florianópolis (SC)
e as do ABC, o revezamento sairia por cerca de R$ 100 mil.
"Com esse dinheiro, conseguimos fazer coisas mais importantes para o esporte. Falei
que não participaríamos dessa
orgia orçamentária", afirmou
João Bosco Vaz, secretário de
Esportes de Porto Alegre.
O município gaúcho endureceu a negociação e acabou reduzindo a taxa de R$ 56 mil para R$ 7.000. Mesmo assim, ainda considerava as outras despesas para decidir a participação.
Outras cidades também negociaram suas taxas.
Blumenau e Balneário Camboriú, em Santa Catarina, conseguiram abatimento dos valores iniciais e pagarão R$ 5.000
cada uma pela adesão.
Outras cidades, como Americana (SP), por exemplo, não tiveram a mesma sorte. A tocha
será carregada pelas ruas locais
por apenas seis quilômetros,
por cerca de 15 pessoas, durante duas horas. A taxa de adesão
foi de R$ 23 mil.
Para alguns municípios, no
entanto, vale a pena. "O investimento é pequeno diante de um
evento único. Quando uma tocha passará por aqui novamente?", disse Antônio Carlos Marques, secretário municipal de
Esporte e Lazer de Manaus.
A cidade pagará R$ 38 mil de
taxa de adesão e também calcula um gasto total de R$ 100 mil.
"Ainda não sabemos quantas
pessoas do Co-Rio virão, não
fechamos as cerimônias", disse.
A Samsung, que já havia patrocinado a passagem da tocha
olímpica no Rio, que custou R$
7 milhões, não divulga qual o
valor investido no novo evento.
"No Rio, era em um local só.
Agora, até pela questão geográfica, é tudo mais complicado",
disse Gisela Turqueti, gerente
de marketing da empresa.
Por telefone, a executiva
mostrou desconforto ao ser
questionada sobre taxas. "Esses assuntos são da organização, não temos relação", dis-
se ela. Por e-mail, o Co-Rio apenas informou que está "concluindo a Operação Revezamento da Tocha Pan-Americana Rio 2007" e irá "divulgar todas as informações nos próximos dias". Procurada quatro
vezes durante a tarde de ontem,
por telefone, a assessoria da entidade não retornou as ligações.
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