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Para ministério, tocha com taxa extra é ilegal
Governo diz estar sobrecarregado e que precisa dividir gastos com municípios
Pasta desconhece cobrança a mais, afirma que evento é caro e que, se for acionada por cidades, vai investigar eventuais irregularidades
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
Para o Ministério do Esporte,
é justo cobrar taxas de até R$
56 mil de prefeituras, a maioria
endividada, para participar no
revezamento da tocha do Pan.
Em um evento esportivo que
já consumiu cerca de R$ 3 bilhões dos governos federal, estadual e municipal, a pasta afirma ter decidido cortar seus gastos com o revezamento e passar
parte da conta para as cidades.
"A cobrança é normal, a taxa
de adesão [paga pelas prefeituras] é para as despesas locais,
como locomoção e estadia de
pessoal", disse o ministro Orlando Silva Júnior, anteontem.
O ministério demonstra desconhecimento sobre como a
cobrança dos gastos com o revezamento está sendo feita.
Ministro e seus assessores
afirmam que, ao pagar a taxa de
adesão, a cidade não precisa desembolsar mais nada, diferentemente do que algumas dizem
estar acontecendo.
"Se alguém está cobrando algo além da taxa de adesão, é ilegal. É só a cidade reclamar com
o ministério que vamos apurar", declara Ricardo Leyser, da
Secretaria Especial do Pan, ligada ao ministério.
Porém ele diz não crer que isso ocorra. "Nós e o Co-Rio fizemos a apresentação às cidades
juntos, ninguém cobrou nada
além da adesão."
O secretário foi a terceira
pessoa com quem a Folha falou
no ministério para esclarecer o
assunto, por orientação da assessoria de imprensa.
De acordo com Leyser, a taxa
de adesão cobre despesas com
transporte dentro da cidade,
alimentação, hospedagem e
qualquer outro gasto com as
equipes do governo federal e do
Co-Rio envolvidas na passagem da tocha pelo município.
"Se alguma cidade resolver
colocar uma banda de música
para acompanhar a tocha, aí
tem que pagar as despesas. Pode ser que isso esteja acontecendo. Aí é uma decisão da cidade", afirma Leyser.
Segundo o ministério, existem três níveis de taxa, que variam de R$ 23 mil a R$ 56 mil,
de acordo com o tamanho do
município envolvido. "Se alguém paga menos do que isso é
porque preferiu bancar as despesas e diminuir a taxa de adesão", esclarece.
Leyser não estranha o fato de
algumas cidades pagarem R$
23 mil para ter a tocha por poucas horas em suas ruas. "Acontece que o nível do serviço é o
mesmo, são os mesmos profissionais envolvidos, não tem como mudar o preço."
E o secretário demonstra irritação com os municípios que
se queixam dos gastos. Fala
que, se fosse prefeito, pagaria
sem pensar duas vezes R$ 23
mil para ter o revezamento por
algumas horas em sua terra.
"Se alguma cidade acha caro,
não quer, não precisa participar. Não fará diferença para
nós, as cidades participam porque querem", afirma Leyser.
Segundo o Ministério do Esporte, a decisão de fazer as prefeituras pagarem e a venda de
patrocínio reduziu de R$ 20
milhões para R$ 13 milhões o
custo do desfile da tocha pan-americana. O governo federal
desembolsou pouco menos de
R$ 5 milhões na empreitada.
Apesar da entrada de dinheiro das cidades e do patrocínio,
o ministério alega que não terá
lucro algum com a operação.
Ela apenas se pagará.
"É tudo muito caro, a tocha é
feita no México, o material é de
alta qualidade", diz Leyser.
Entre as despesas está a fabricação de 400 tochas usadas
no trajeto, segundo a assessoria de imprensa do ministério.
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