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RODRIGO BUENO
O craque Capello
Se fosse Felipão, aqui diriam que ele criou uma "família"; se o italiano fosse Luxemburgo, ressaltariam seus "nós táticos"
ENGRAÇADO COMO como o Real
Madrid assumiu a ponta do
Espanhol e poucos aqui deram bola. Em fevereiro, muitos queriam a caveira de Fabio Capello,
"inimigo de brasileiros, burro que liberou o fenômeno Ronaldo para o
Milan, mala que, como todos os últimos técnicos do time-marketing,
não segurou uma barra galáctica".
Em março, não fosse um dia genial
de Messi, um desacreditado Real teria ganho no Camp Nou. O 3 a 3 com
o então festejado Barça foi mais celebrado pelo atual vice-líder do que
pelo visitante. No clássico do primeiro turno, o Real fez 2 a 0, o que o
deixa em vantagem na ponta pelo
confronto direto. Após o empate, foram sete vitórias do Real em oito jogos no Espanhol. Alguns desses
triunfos foram dignos de Grêmio e
Liverpool em suas épicas façanhas.
Capello, mais do que manter o tabu de nunca ser demitido, depende
só de seus resultados para ganhar
sua segunda Liga (seria o sétimo Nacional ganho por ele, ignorando dois
scudettos cassados da Juve). Vitórias contra Recreativo Huelva (fora),
La Coruña (casa), Zaragoza (fora) e
Mallorca (casa) tiram o clube da fila.
Beckham pode ganhar seu primeiro
título no Real Madrid, que vive seca
de taças desde 2003. Mas como explicar a reação incrível? "O Capello
tem toda a culpa pela melhora do time", diz o capitão Raúl. "O caráter
do Capello fez o time progredir. Faltou unidade em certos momentos,
mas agora os jogadores correm, sofrem e riem juntos", conta Diarra.
Se Capello fosse Felipão, aqui no
Brasil diriam que ele criou uma "família" e que a união fez a força. Se o
italiano fosse Luxemburgo, ressaltariam mudanças de atletas e "nós táticos" dados por ele (Reyes no lugar
de Guti contra o Espanyol, Guti na
vaga de Raúl contra o Sevilla e Beckham no posto de Higuaín foram
trocas decisivas nos últimos jogos).
Como uma equipe sem alma e
perdida há pouco tempo saiu de 1 a 3
para 4 a 3 contra o Espanyol, vice invicto da Copa da Uefa? E virou para
cima do Sevilla, bi da Copa da Uefa?
O Real Madrid voa fisicamente,
mescla jovens com veteranos, vive
raro clima agradável e vê gols de Van
Nistelrooy. Capello tem mérito em
tudo. Talvez acabe sem o título, mas,
pessoalmente, ganhou a temporada.
O CRAQUE JUANDE RAMOS
O técnico da temporada na Europa é o do Sevilla. Bi da Copa da Uefa, superou altos e baixos (até dos
brazucas) e deve dar um título nacional (Copa do Rei) ao Sevilla, o
que não ocorre desde os anos 40.
O CRAQUE RAFAEL BENÍTEZ
No início da temporada, o técnico quase deixou o Liverpool, ligeiro
favorito na final da Copa dos Campeões. Foi sondado pelo Real. O Liverpool acertou em segurá-lo, assim como o Real fez com Capello.
O CRAQUE CARLO ANCELOTTI
Pode ser retranqueiro no Milan.
Mas já superou críticas e, na prática, é técnico dos mais vitoriosos.
rbueno@folhasp.com.br
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