São Paulo, sábado, 19 de maio de 2007

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RODRIGO BUENO

O craque Capello

Se fosse Felipão, aqui diriam que ele criou uma "família"; se o italiano fosse Luxemburgo, ressaltariam seus "nós táticos"

ENGRAÇADO COMO como o Real Madrid assumiu a ponta do Espanhol e poucos aqui deram bola. Em fevereiro, muitos queriam a caveira de Fabio Capello, "inimigo de brasileiros, burro que liberou o fenômeno Ronaldo para o Milan, mala que, como todos os últimos técnicos do time-marketing, não segurou uma barra galáctica". Em março, não fosse um dia genial de Messi, um desacreditado Real teria ganho no Camp Nou. O 3 a 3 com o então festejado Barça foi mais celebrado pelo atual vice-líder do que pelo visitante. No clássico do primeiro turno, o Real fez 2 a 0, o que o deixa em vantagem na ponta pelo confronto direto. Após o empate, foram sete vitórias do Real em oito jogos no Espanhol. Alguns desses triunfos foram dignos de Grêmio e Liverpool em suas épicas façanhas.
Capello, mais do que manter o tabu de nunca ser demitido, depende só de seus resultados para ganhar sua segunda Liga (seria o sétimo Nacional ganho por ele, ignorando dois scudettos cassados da Juve). Vitórias contra Recreativo Huelva (fora), La Coruña (casa), Zaragoza (fora) e Mallorca (casa) tiram o clube da fila. Beckham pode ganhar seu primeiro título no Real Madrid, que vive seca de taças desde 2003. Mas como explicar a reação incrível? "O Capello tem toda a culpa pela melhora do time", diz o capitão Raúl. "O caráter do Capello fez o time progredir. Faltou unidade em certos momentos, mas agora os jogadores correm, sofrem e riem juntos", conta Diarra.
Se Capello fosse Felipão, aqui no Brasil diriam que ele criou uma "família" e que a união fez a força. Se o italiano fosse Luxemburgo, ressaltariam mudanças de atletas e "nós táticos" dados por ele (Reyes no lugar de Guti contra o Espanyol, Guti na vaga de Raúl contra o Sevilla e Beckham no posto de Higuaín foram trocas decisivas nos últimos jogos). Como uma equipe sem alma e perdida há pouco tempo saiu de 1 a 3 para 4 a 3 contra o Espanyol, vice invicto da Copa da Uefa? E virou para cima do Sevilla, bi da Copa da Uefa?
O Real Madrid voa fisicamente, mescla jovens com veteranos, vive raro clima agradável e vê gols de Van Nistelrooy. Capello tem mérito em tudo. Talvez acabe sem o título, mas, pessoalmente, ganhou a temporada.

O CRAQUE JUANDE RAMOS
O técnico da temporada na Europa é o do Sevilla. Bi da Copa da Uefa, superou altos e baixos (até dos brazucas) e deve dar um título nacional (Copa do Rei) ao Sevilla, o que não ocorre desde os anos 40.

O CRAQUE RAFAEL BENÍTEZ
No início da temporada, o técnico quase deixou o Liverpool, ligeiro favorito na final da Copa dos Campeões. Foi sondado pelo Real. O Liverpool acertou em segurá-lo, assim como o Real fez com Capello.

O CRAQUE CARLO ANCELOTTI
Pode ser retranqueiro no Milan. Mas já superou críticas e, na prática, é técnico dos mais vitoriosos.

rbueno@folhasp.com.br


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