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SONINHA
Brasileirão café-com-leite
Os pontos de agora valem
tanto quanto aqueles das
rodadas finais do
Campeonato Nacional, mas...
BOSCO; Aislan, Juninho e Bruno; Éder, Wellington, Joilson,
Júnior e Alex Cazumba; Éder
Luis e Borges. Quando um pesquisador sair à rua perguntando ""para
que time você torce", deveria recitar
essa escalação. Só seria contabilizado como são-paulino aquele que
soubesse reconhecer esse time como seu mesmo que tenha sido só
por um dia. Por sua vez, um torcedor
do Fluminense só seria considerado
digno de engrossar a estatística se
conseguisse identificar o time para o
qual torceu ontem: Fernando Henrique; Carlinhos, Sandro, Anderson,
Dieguinho; Mauricio, Romeu, Marinho, David, Alan e Léo.
Se sacarmos os goleiros e o camisa
17 do São Paulo (Borges), quantos
fãs de esporte reconheceriam as
equipes como duas aspirantes ao título da Série A do Brasileiro?
""Enquanto preserva os titulares
para o decisivo duelo contra o Flu
pela Libertadores, os garotos têm
uma chance de ouro de mostrar serviço", explica, sem rodeios, o site oficial do tricolor paulista. Ainda bem
quando a TV, o patrocinador ou o regulamento obrigam a escalação da
equipe ""principal", o clube inventa
razões de ordem médica para explicar por que joga Alex Cazumba em
vez de Jorge Wagner.
É impossível discordar da cautela
de Muricy e Renato Gaúcho.
Imagine se Adriano torce o tornozelo naquele buraco no gramado da
Arena. Se Thiago Neves escorrega e
machuca o joelho. O Brasileirão ainda tem 36 rodadas pela frente, 108
pontos em disputa. A Libertadores
tem 90 minutos decisivos e fatais
para um dos times.
Não se trata só do risco de se machucar ou do cansaço pela partida
em si; o desenrolar do trabalho é
completamente diferente em função do jogo no fim-de-semana. A
véspera e o dia seguinte ficam inutilizados para um treino mais intenso,
especialmente se o grupo viajar. Se
os titulares forem poupados, podem
descansar no domingo e trabalhar
forte no sábado e na segunda.
Mas as duas rodadas finais do
campeonato terão exatamente o
mesmo valor e peso das duas primeiras. Estando prestes a conquistar o título nacional ou uma vaga na
Libertadores-09, alguém ousaria escalar um time misto (ou todo reserva)? Os pontos perdidos aqui, sem
nenhuma garantia de que o sacrifício vá valer a pena (para um dos dois,
não vai adiantar nada...), podem fazer muita falta lá. O São Paulo ainda
pode alegar que, mesmo com o time
""normal", seria otimismo demais
contar com três pontos na casa do
Atlético-PR. Saiu de lá com um empate, que não foi mau de todo modo,
só tem um ponto até agora.
Já o Fluminense poderia esperar,
sem ser exageradamente pretensioso, uma vitória em casa contra o
Náutico. Dançou com a derrota por
2 X 0, também continua com o ponto solitário, conquistado no empate
em Minas. O time pernambucano lidera, por ora, o campeonato.
Não tem jeito. Enquanto a fase final da Libertadores (e da Copa do
Brasil!) coincidir com o começo do
Brasileiro, veremos em campo escalações que desafiam nossos conhecimentos futebolísticos a menos que
os times formem esquadrões de 16
ou 17 ""titulares", ou passem a considerar cada jogo do campeonato importante como se fosse o último.
Não sei o que é mais improvável.
soninha.folha@uol.com.br
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