São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2008

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SONINHA

Brasileirão café-com-leite

Os pontos de agora valem tanto quanto aqueles das rodadas finais do Campeonato Nacional, mas...

BOSCO; Aislan, Juninho e Bruno; Éder, Wellington, Joilson, Júnior e Alex Cazumba; Éder Luis e Borges. Quando um pesquisador sair à rua perguntando ""para que time você torce", deveria recitar essa escalação. Só seria contabilizado como são-paulino aquele que soubesse reconhecer esse time como seu mesmo que tenha sido só por um dia. Por sua vez, um torcedor do Fluminense só seria considerado digno de engrossar a estatística se conseguisse identificar o time para o qual torceu ontem: Fernando Henrique; Carlinhos, Sandro, Anderson, Dieguinho; Mauricio, Romeu, Marinho, David, Alan e Léo.
Se sacarmos os goleiros e o camisa 17 do São Paulo (Borges), quantos fãs de esporte reconheceriam as equipes como duas aspirantes ao título da Série A do Brasileiro?
""Enquanto preserva os titulares para o decisivo duelo contra o Flu pela Libertadores, os garotos têm uma chance de ouro de mostrar serviço", explica, sem rodeios, o site oficial do tricolor paulista. Ainda bem quando a TV, o patrocinador ou o regulamento obrigam a escalação da equipe ""principal", o clube inventa razões de ordem médica para explicar por que joga Alex Cazumba em vez de Jorge Wagner.
É impossível discordar da cautela de Muricy e Renato Gaúcho.
Imagine se Adriano torce o tornozelo naquele buraco no gramado da Arena. Se Thiago Neves escorrega e machuca o joelho. O Brasileirão ainda tem 36 rodadas pela frente, 108 pontos em disputa. A Libertadores tem 90 minutos decisivos e fatais para um dos times.
Não se trata só do risco de se machucar ou do cansaço pela partida em si; o desenrolar do trabalho é completamente diferente em função do jogo no fim-de-semana. A véspera e o dia seguinte ficam inutilizados para um treino mais intenso, especialmente se o grupo viajar. Se os titulares forem poupados, podem descansar no domingo e trabalhar forte no sábado e na segunda.
Mas as duas rodadas finais do campeonato terão exatamente o mesmo valor e peso das duas primeiras. Estando prestes a conquistar o título nacional ou uma vaga na Libertadores-09, alguém ousaria escalar um time misto (ou todo reserva)? Os pontos perdidos aqui, sem nenhuma garantia de que o sacrifício vá valer a pena (para um dos dois, não vai adiantar nada...), podem fazer muita falta lá. O São Paulo ainda pode alegar que, mesmo com o time ""normal", seria otimismo demais contar com três pontos na casa do Atlético-PR. Saiu de lá com um empate, que não foi mau de todo modo, só tem um ponto até agora.
Já o Fluminense poderia esperar, sem ser exageradamente pretensioso, uma vitória em casa contra o Náutico. Dançou com a derrota por 2 X 0, também continua com o ponto solitário, conquistado no empate em Minas. O time pernambucano lidera, por ora, o campeonato.
Não tem jeito. Enquanto a fase final da Libertadores (e da Copa do Brasil!) coincidir com o começo do Brasileiro, veremos em campo escalações que desafiam nossos conhecimentos futebolísticos a menos que os times formem esquadrões de 16 ou 17 ""titulares", ou passem a considerar cada jogo do campeonato importante como se fosse o último.
Não sei o que é mais improvável.


soninha.folha@uol.com.br

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