|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
tudo por 2014
Privado, Maracanã prevê gasto público
Estado do RJ irá entregar estádio por 35 anos a consórcio particular, mas admite desembolsar mais verbas para a Copa
Remodelação é estimada em R$ 430 milhões pelo governo estadual, responsável perante a Fifa pela reforma do complexo para o Mundial
Rafael Andrade/Folha Imagem
|
Atleta treina no estádio Célio de Barros, que será demolido pelos planos do governo estadual |
MÁRIO MAGALHÃES
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Os R$ 300 milhões de recursos públicos que o Maracanã
consumiu em obras de 1999 a
2007 não representaram o fim
do desembolso do Estado do
Rio em reformas no complexo
esportivo, apesar da concorrência que deve entregar as instalações por 35 anos a um concessionário privado.
As minutas do edital de licitação e do contrato de PPP
(parceria público-privada), cuja consulta pública se encerra
na sexta, deixam brechas para o
Estado bancar parte dos R$
430 milhões que o governo calcula como custo da remodelação para a Copa de 2014.
Investimentos para o Pan-
-2007 vão virar pó, como o Parque Aquático Júlio Delamare,
que integra o complexo com o
estádio de futebol, o ginásio do
Maracanãzinho e o Estádio de
Atletismo Célio de Barros.
Conforme a Sete (Secretaria
de Turismo, Esporte e Lazer), o
parque exigiu R$ 10 milhões
em melhoramentos antes do
Pan. Será demolido para abrir
novos espaços.
O governo Sérgio Cabral
(PMDB) antecipa construções
relacionadas ao Maracanã que
o erário, e não o concessionário, pagará: novos acessos e estacionamento com ao menos
3.000 vagas nas cercanias.
Para os cofres públicos, talvez o cenário mais daninho seja
não haver consórcio vencedor
da licitação. O Estado arcaria
com todos os custos. A final de
2014 deve ser no Maracanã.
"Quem tem responsabilidade
para a Copa e quem assinou os
documentos foi o governo do
Estado", afirma a titular da Sete, Márcia Lins.
"É um estádio do governo. Se
não houver o braço privado, eu,
governo, tenho que me responsabilizar, porque eu disse que ia
estar pronto. E o governo vai
ter que fazer, vai ter que preparar." Mas a secretária diz confiar que a PPP será um sucesso.
A parceria foi alardeada como modo de livrar o Estado de
gastos com o Maracanã. O investimento mínimo imposto é
de R$ 140 milhões, com "valor
global" de dispêndio de R$ 215
milhões. Uma cobertura suplementar para os assentos -a
chuva molha milhares deles- é
orçada em R$ 200 milhões.
Não é obrigatória, mas quem
se comprometer com a obra levará vantagem na concorrência
-daí a projeção dos mais de R$
400 milhões da reforma.
O Estado não espera receber
dinheiro, a não ser pequena
quantia -ainda não especificada- do "valor de outorga". Em
troca da cessão do complexo,
requer a modernização dele.
A minuta -pode mudar antes da versão que circulará em
junho- do contrato cita 24 vezes expressões que sinalizam
pagamento do Estado ao concessionário: "equilíbrio", "desequilíbrio" ou "reequilíbrio"
econômico-financeiro.
O Estado pode impor obra
não prevista. "Ficará ressalvado à concessionária o direito à
revisão do contrato para fins de
recomposição do equilíbrio
econômico-financeiro."
A minuta do edital de licitação se refere a "déficit financeiro" no complexo, mas desde
2007 há superávit, informa a
Sete, que assina o edital. No ano
passado, o resultado positivo
foi de R$ 3 milhões.
Os R$ 300 milhões empregados em nove anos até o Pan tiveram como origem o Estado
do Rio e a União. A nova cifra,
divulgada pela Sete, considera
valores nominais da época, sem
reajuste monetário.
Daria para erguer 7.500 residências do programa Minha
Casa, Minha Vida. Supera os R$
252 milhões estimados em
2007, valor equivalente ao da
construção do estádio de Hamburgo para a Copa do Mundo de
2006, na Alemanha.
O BNDES estuda financiar a
operação. O banco público estimula projetos que, assim avalie, desenvolvam o país.
Os requisitos da minuta virtualmente impedem que empresas brasileiras concorram
sem parceiros estrangeiros
-estes podem disputar sozinhos: é preciso ter construído e
gerido estádio de no mínimo 20
mil lugares e administrado museu de futebol. Tudo nos últimos cinco anos.
Clubes não podem participar
da licitação. Mas os concorrentes precisam de garantias deles
de que jogarão um número mínimo de partidas no estádio.
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Governo desqualifica obra do Pan no parque aquático Índice
|