Palavras após um título são geralmente formais, mas também podem ser uma das cenas mais bonitas no tênis

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

"PRIMEIRO , [quero] parabenizar Roger pela excelente campanha. Perdoe-me por hoje, Roger, mas parabéns pela sua carreira. Você é incrível, o melhor de todos, e com certeza vai ganhar muitos outros títulos."
Seria quase deboche, não fosse o respeito declarado que Rafael Nadal tem pelo suíço. Mas em 12 vezes o espanhol começava assim seu discurso de agradecimento, momento pós-final que na maioria das vezes é formalidade chata, mas certamente é dos momentos mais belos do tênis.
Quem há de esquecer o próprio Federer, cansado de perder de Nadal, olhando para a multidão, para baixo, para a multidão, segurando o choro, até soltar um "Deus, isso está me matando" e soltar uma lágrima?
Outro histórico: Gustavo Kuerten, após ganhar o Masters de Lisboa e fechar a temporada como o número um do mundo, encara o ginásio lotado, sorri e solta: "Hoje, pela primeira vez [nesse tipo de cerimônia], vou falar em português e todo mundo vai me entender". Histeria na arquibancada, e Andre Agassi, o derrotado, tentando entender alguma coisa.
Até um tenista com fama [injusta] de chato, o russo Ievguêni Kafelnikov, já foi capaz de se revelar engraçado. Ao ganhar o Aberto da Austrália-99, soltou: "Gostaria de agradecer a Pete Sampras, que não veio jogar. [Ele olha para a câmera] Pete, obrigado por deixar eu ganhar esta".
O leitor certamente já imaginou algum dia qual torneio gostaria de ganhar. Mas será que pensou no discurso que faria após a última bola?
Eu pensei há alguns dias. Descobri que o meu é formal, burocrático e chato. Mas cheio de orgulho. Assim: "Quando comecei, dez anos atrás, jamais imaginava que pudesse passar por tantos momentos históricos.
Este é certamente um deles. Foi maravilhoso o que vivi aqui, com apoio de vocês. Quero agradecer a todos que me incentivaram, família, amigos, tenistas, treinadores, organizadores, o pessoal da imprensa e aqueles que simplesmente vieram até aqui. Gostei muito dessa atmosfera.
Este é um lugar fantástico, cheio de gente fantástica. Espero voltar no ano que vem. Obrigado!".

AMIGOS
Sem a ajuda de Doro Jr., Daniela Giuntini, Christian Burgos, Wagner Prado, Fernanda Papa, Ivo Simon, Fernando Meligeni, Fernando Sampaio, Paulo Cleto, João Pires e Marcelo Ruschel, muitas colunas seriam vazias.

MESTRE
José Nilton Dalcim, em tenisjn. zip.net, é há tempos o melhor colunista de tênis no país.

RECONHECIMENTO
Nelson Nastas, Jorge Lacerda, Larri Passos e até Gustavo Kuerten cansaram de ser contrariados aqui ao lado, mas sempre reagiram com muito respeito e cordialidade.

reandaku@uol.com.br


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