São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 2011

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Areia movediça

Corinthians vai a Lula para baixar custo do Itaquerão; Odebrecht recua, fala em renegociar e que até córrego encarece construção

MARTÍN FERNANDEZ
DE SÃO PAULO

O Corinthians pediu a interferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para reduzir o preço do Itaquerão.
A construção do estádio custaria R$ 1,07 bilhão, segundo a última estimativa da Odebrecht, apresentada na sexta-feira passada.
Até então, o custo era de aproximadamente R$ 650 milhões, com financiamento do BNDES (R$ 400 milhões) e prefeitura (R$ 240 milhões).
Foi Lula quem aproximou o clube da empreiteira. Segundo a Folha apurou, o corintiano Andres Sanchez procurou Lula, que teria feito pressão sobre a Odebrecht.
A assessoria do ex-presidente disse não ter informações sobre o encontro. A empreiteira afirmou desconhecer contatos entre Lula e a cúpula da construtora.
Após a reunião da última sexta-feira, da qual participaram Prefeitura e governo de São Paulo, Ministério do Esporte e representantes de Corinthians e Odebrecht, ficou claro o impasse.
A empreiteira apresentou o valor de R$ 1,07 bilhão. O clube disse não ter como pagar mais do que R$ 650 milhões. Como a Folha publicou ontem, time e empreiteira pediram ajuda ao governo estadual, que a negou.
Ontem, a Odebrecht informou não ter pedido dinheiro público. Pessoas ligadas à construtora agora dizem trabalhar com os recursos disponíveis, talvez um valor um pouco mais alto, mas não com R$ 1,07 bilhão.
Por recursos disponíveis, entenda-se R$ 650 milhões, dinheiro que já estaria garantido por meio de financiamento do BNDES e dos Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento, da Prefeitura de São Paulo.
Representantes da Odebrecht afirmaram ontem que é possível rediscutir o valor final da construção da arena.
No Corinthians, era grande o descontentamento com o preço apresentado pela empreiteira. Havia quem defendesse até o rompimento de contrato com a Odebrecht -ideia combatida pelo presidente Andres Sanchez.
Se o impasse quanto ao valor da obra for solucionado, voltam a crescer as chances de o estádio do Corinthians abrigar a abertura da Copa do Mundo de 2014.
A demora para o início das obras fez o COL (Comitê Organizador Local) situar Brasília como favorita a ser sede da partida inaugural.

OBSTÁCULO
Foram dois os principais fatores que levaram ao aumento no preço do estádio.
Primeiro, as exigências da Fifa para uma arena ser sede do jogo de abertura da Copa.
A entidade máxima do futebol mundial exigiu, por exemplo, a construção de quase 30 elevadores para transportar os VIPs presentes à partida -em número muito maior que na final.
Mas, segundo pessoas ligadas à Odebrecht consultadas pela reportagem, houve um outro motivo, maior, para o encarecimento da obra: a descoberta de um córrego, cuja galeria está a 16 metros de profundidade.
Haverá a necessidade de uma canalização, o que aumentaria o custo da obra.
No mesmo terreno, estão instalados dutos da Transpetro, que, segundo o projeto, ficarão embaixo da área de estacionamento do estádio.
Novas reuniões serão realizadas nos próximos dias, para aparar arestas e definir quando começam as obras.


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