São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 2002

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Técnico usa imprensa para guerra de nervos

DOS ENVIADOS A HAMAMATSU

A guerra de nervos do treinador Luiz Felipe Scolari com o adversário da próxima sexta-feira será via imprensa, só que inglesa.
Em uma curta e grossa entrevista concedida a um grupo de jornalistas britânicos, ontem em Hamamatsu, onde a seleção brasileira está concentrada, o técnico fez pouco caso da equipe liderada pelo meia David Beckham.
No total, foram quatro perguntas e quatro respostas secas, traduzidas por Ingo Ostrovsky, assessor de imprensa da Nike.
Questionado sobre a importância de enfrentar a Inglaterra em uma Copa, Scolari foi duro: "Nada de especial, é um jogo como outro qualquer, como foi contra a China, contra a Costa Rica".
Antes, o treinador já havia minimizado a importância dos astros do time inglês, que, além de Beckham, tem Owen e Campbell, ao dizer que o forte do adversário do Brasil era o conjunto.
Na terceira pergunta, Scolari foi lacônico. Um jornalista quis saber a opinião do técnico sobre a diferença entre a seleção brasileira de 1970, que bateu a Inglaterra por 1 a 0 em um jogo histórico, e o grupo atual. "São outros tempos, não há comparação", afirmou.
A última questão soou como um pedido de armistício: "O que você achou de a Inglaterra ter desclassificado a Argentina?".
A resposta, no entanto, foi uma declaração de guerra aos ingleses. Scolari tomou as dores do maior rival do Brasil e muito provavelmente da Inglaterra.
"Fiquei triste porque foi um sul-americano eliminado", afirmou o treinador da seleção. Os ingleses desistiram e foram embora.
O curioso é que antes de falar aos jornalistas da Inglaterra, Scolari concedeu uma entrevista coletiva de quase uma hora à imprensa brasileira. E deu algumas respostas completamente diferentes a questões quase idênticas às formuladas pelos britânicos.
Disse que jogadores da qualidade de Beckham têm condições de colocar a bola onde querem e lembrou com certa dose de saudosismo a partida da Copa do México, em 1970. "Tomara que a gente consiga outra vitória."
Nos clubes por onde passou, Scolari sempre utilizou a imprensa para motivar seus jogadores e irritar os adversários. Os episódios clássicos dessa história são os confrontos entre Palmeiras, time dirigido por ele, e Corinthians pela Taça Libertadores da América.
Afora as provocações, entre as maiores preocupações do técnico para a partida está o condicionamento físico. O brasileiro acha que a Inglaterra leva vantagem por ter jogado pelas oitavas-de-final 48 horas antes. "Fisicamente eles estão muito bem preparados", disse Scolari.
Paulo Paixão, preparador do time, afirmou que somente com muito descanso os jogadores do Brasil poderão entrar em campo na sexta-feira em plenas condições. (FV, FM, JAB E SR)



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