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TÊNIS
Aprender a jogar
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Nestes últimos cinco anos,
Gustavo Kuerten disputou
(e ganhou) três finais de Roland
Garros. Teve também um outro
domingo em que Kuerten disputou (e ganhou) uma final de ""Copa do Mundo", em Lisboa.
Kuerten participou também de
vários outros torneios, menos importantes, em que ganhou várias
vezes e perdeu algumas. Quando
ganhou, Kuerten parabenizou e
elogiou o adversário; sempre que
perdeu, elogiou e admitiu a superioridade do rival. Um show de
cavalheirismo, de esportividade.
Fernando Meligeni também alcançou feitos heróicos nestes últimos anos. Chegou a uma semifinal em Roland Garros, por exemplo. Há poucos meses, foi finalista
do Torneio da Costa do Sauípe,
no primeiro torneio grande disputado em nosso país há vários
anos. Em uma Olimpíada, a de
1996, Meligeni viu escapar por
pouco uma medalha.
Meligeni também não é só talento. Por sua esportividade, é reconhecido em todo o mundo. Outro show de cavalheirismo.
E não é preciso ficar só nas estrelas do tênis nacional. A cada
mês, dezenas de torneios juvenis
são disputados país afora, em cidades pequenas, médias e grandes. Reúnem crianças, adolescente, jovens que têm como sonho virar um Kuerten, um Meligeni.
Nesses torneios, que faço questão de acompanhar in loco quando possível, é possível ver esses jovens tenistas aprendendo a jogar,
aprendendo a ganhar e, sim,
aprendendo a perder.
Não é só nos torneios profissionais que se vê um tenista caminhar até o ponto da quadra onde
a bola caiu e, então, avisar o juiz
de que ela foi boa e beneficia o rival. É nos torneios juvenis, infantis, nas ""peladas de tênis" pelo
país, que isso também acontece.
Mas, disso tudo, pouco ou quase
nada passa na TV. Às vezes, só na
TV paga. Muitas vezes, nem isso.
Nada que se compare a esta
época, em que somos bombardeados pela Copa. Época em que pais
e filhos sentam-se juntos para ver
a seleção, em que crianças de todas as idades faltam às aulas para aprender mais sobre esporte.
É quando vejo, então, na TV,
um atleta turco chutar a bola com
força, irritado, em direção ao brasileiro Rivaldo, um dos maiores
ídolos do país. É quando Rivaldo
cai. Põe as mãos no rosto. Uiva de
dor e faz o árbitro exibir um cartão vermelho para o adversário.
É quando vejo no ""replay" que
a bola bateu no joelho de Rivaldo.
Não bateu em seu rosto, não machucou, não doeu. Rivaldo levanta triunfante, conseguindo expor
seu adversário à humilhação máxima no esporte, à expulsão (ou
no futebol humilhação máxima é
perder um jogo?). Vejo que seus
companheiros correm para abraçá-lo, dar parabéns. Rivaldo deu
a vantagem à sua equipe. Ainda
que usando da farsa, da mentira,
da deslealdade.
Depois, em outro jogo, vejo ainda os brasileiros festejando a anulação de um gol legítimo dos belgas. Tudo isso seguido pelas explosões de alegria e comentários
de sempre: ""é isso aí, juizão!", ""Rivaldo usou da malandragem para conseguir a expulsão".
É uma pena que até hoje o tênis
não teve oportunidade de mostrar um pouco na TV um atleta
dando o ponto ao adversário.
Quando temos oportunidade
gigantes de passar valores do esporte aos nossos futuros esportistas, ensinamos e festejamos na
TV que "roubado é mais gostoso".
Que pena!
O primeiro
Quem vai abrir Wimbledon na segunda? Tradicionalmente, o
atual campeão faz a primeira partida no All England Lawn & Tennis Club. Mas o croata Goran Ivanisevic não vai jogar, com problemas no ombro. O atual vice-campeão, o australiano Patrick Rafter,
também não joga, aposentado que está. Cabeça-de-chave número
um, Lleyton Hewitt sugere Pete Sampras, sete vezes campeão.
O próximo
Alexandre Simoni está com um novo técnico. Depois de alguns
meses com Eduardo Eche, passa a ser treinado pelo ex-tenista argentino Pablo Albano. "Queria ter uma experiência nova. Ele tem
muita coisa para me passar e ensinar", justificou Simoni.
O evento
Para quem gosta de se programar com antecedência, o Torneio da
Costa do Sauípe começa no dia 9 de setembro.
E-mail reandaku@uol.com.br
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