São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 2006

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Juca Kfouri

Na conta do chá

Classificado, time brasileiro mostrou mais força que jeito, e ataque ainda deve

IMPOSSÍVEL não lembrar de 1994. A seleção brasileira ganhou seus dois jogos, está nas oitavas-de-final, muito provavelmente em primeiro lugar.
Reclamar do quê?
Do futebol, apenas. Mais de força, como o dos croatas e dos australianos, do que de jeito, como as escolas brasileira e argentina.
Mas, do mesmo modo que na Copa dos Estados Unidos, Parreira dizia que seu time não jogava à européia, e sim jogava o futebol mundial, desta vez ele dirá que só mais força ganha da força.
E se ele tiver razão? Fato é que quem esperava muito do meio-de-campo para a frente está vendo a defesa brasileira ser melhor do que o ataque. Ontem, então, com uma atuação quase perfeita de Lúcio e Juan, apesar das três claras chances australianas.
Lúcio ainda se deu ao luxo de apoiar o ataque, e de um cruzamento seu quase sai um gol, de Juan...
Ronaldo jogou. Não jogou bem, mas jogou, como Adriano, que de tanto tentar deixou seu tento, essencial, logo no começo do segundo tempo, antes que desse tempo para os australianos perderem o respeito pela camisa pentacampeã. Deixá-lo disparar o pé esquerdo é morte certa. E deixaram.
E Dida, se deu uma saída incompreensível de gol, embora aos gritos para Lúcio, que não entendeu, acabou por evitar um gol que seria fabuloso.
A busca do equilíbrio entre força e jeito parece ser o desafio do time, e não é por acaso que gente refinada como Robinho e Juninho está no banco.
Como Ronaldinho está a léguas de ser ele mesmo, o resultado é que Kaká fica sobrecarregado e precisa se desdobrar. O gaúcho tem consciência, como disse à Folha, de que está devendo e será preciso subir rapidamente os degraus em busca de todo o seu jogo -que melhorou da Croácia para a Austrália. Porque o que estaria de bom tamanho para um mortal comum é muito pouco para ele.
Ganhar do Japão não exigirá força, apenas inteligência e habilidade para inutilizar a correria deles.
Difícil prever o que acontecerá, depois da dureza de Munique.
blogdojuca@uol.com.br


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