São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 2006

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Japão só empata, e Zico se torna o "chorão" da Copa

Após igualdade com a Croácia deixar sua equipe quase fora, treinador atira na Fifa e já fala em "sair de cabeça erguida'

Horário dos jogos e pênalti não assinalado na estréia são justificativas para mau momento do time, que joga sobrevivência contra Brasil

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A NUREMBERG

O Japão conseguiu seu primeiro ponto em Mundiais fora de seu país diante da Croácia, com um 0 a 0 em Nuremberg, e o técnico Zico assumiu de vez o posto de maior inimigo da organização da Copa alemã.
""O Japão foi muito prejudicado por jogar duas vezes nesse horário das 15h [10h de Brasília]. Isso é um crime. Já teve jogador que morreu em competição da Fifa. Por mais preparado que esteja o jogador, ele sente. Nós sentimos muito o desgaste", reclamou o técnico brasileiro, que agora definirá a classificação para as oitavas-de-final contra a seleção que defendeu nas Copas de 1978, 1982 e 1986 como atleta.
E atirou para todo os lados. ""É muito ruim ver um jogo da importância do de uma Copa nessa temperatura beirando 30C. O lado técnico perde por causa da televisão. Infelizmente, negócios são negócios", disse ele na entrevista oficial.
Ainda criticou a arbitragem. ""O secretário da Fifa falou que o único pênalti não marcado até agora foi o que não deram para nós contra a Austrália quando o jogo estava 1 a 1", falou Zico, em situação delicada no Grupo F. O Japão é o lanterna e não depende só de si para avançar. Se vencer o Brasil, precisará torcer para que a Austrália empate ou perca da Croácia e ainda terá que descontar o saldo negativo de dois gols -a Austrália tem saldo zero, e a Croácia, menos um.
O treinador brasileiro foi muito pressionado pela imprensa japonesa e também por dirigentes a tornar seu time mais ofensivo depois da derrota na estréia para a Austrália, por 3 a 1, de virada.
""Sabemos que nossa situação é a mais difícil do grupo pelo saldo de gols, mas estamos vivos e vamos brigar por uma vitória contra o Brasil. Se tivermos que sair da competição, vamos sair de cabeça erguida."
O 0 a 0 de ontem, na verdade, foi ruim tanto para japoneses quanto para croatas. Os europeus eram apontados como favoritos e tiveram as melhores chances para marcar, especialmente no primeiro tempo, quando Srna desperdiçou um pênalti aos 22min -grande defesa de Kawaguchi- e Kranjcar, depois, chutou de fora da área uma bola no travessão.
O Japão, na primeira etapa, insistiu em bolas alçadas à área, apesar da baixa estatura de seus atletas. O bom ala direito Kaji oferecia as melhores opções para o time de Zico, que equilibrou o jogo na etapa final.
""Foi um jogo em que tivemos muitas chances para marcar, diferentemente do contra o Brasil. Só não conseguimos fazer o gol", afirmou o técnico da Croácia, Zlatko Kranjcar.
Zico, como fizera após o jogo contra a Austrália, tratou do que considera a maior deficiência defensiva de seu time. ""Sempre exploram o jogo aéreo quando enfrentam o Japão. No primeiro tempo, eles tiveram boas chances, e não conseguimos marcar o Niko Kranjcar. Para o segundo tempo, tirei o Fukunishi e coloquei o Inamoto. Melhoramos."
Os laterais japoneses apoiaram mais o ataque na segunda etapa. O time ficou com mais posse de bola (56%), mas tinha dificuldade para penetrar na área adversária. Na melhor chance, Yanagisawa, livre e sem goleiro na meta, deu uma finalização bisonha.
""Só nos resta vencer o Brasil", afirmou Hidetoshi Nakata, eleito o melhor jogador ontem.
Zico também acredita no time. ""O Brasil só fez 1 a 0 na Croácia. Jogamos bem contra a seleção brasileira na Copa das Confederações e podemos jogar de novo. Futebol é futebol."


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