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Japão só empata, e Zico se torna o "chorão" da Copa
Após igualdade com a Croácia deixar sua equipe quase fora, treinador atira na Fifa e já fala em "sair de cabeça erguida'
Horário dos jogos e pênalti não assinalado na estréia são justificativas para mau momento do time, que joga sobrevivência contra Brasil
RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A NUREMBERG
O Japão conseguiu seu primeiro ponto em Mundiais fora
de seu país diante da Croácia,
com um 0 a 0 em Nuremberg, e
o técnico Zico assumiu de vez o
posto de maior inimigo da organização da Copa alemã.
""O Japão foi muito prejudicado por jogar duas vezes nesse
horário das 15h [10h de Brasília]. Isso é um crime. Já teve jogador que morreu em competição da Fifa. Por mais preparado
que esteja o jogador, ele sente.
Nós sentimos muito o desgaste", reclamou o técnico brasileiro, que agora definirá a classificação para as oitavas-de-final contra a seleção que defendeu nas Copas de 1978, 1982 e
1986 como atleta.
E atirou para todo os lados.
""É muito ruim ver um jogo da
importância do de uma Copa
nessa temperatura beirando
30C. O lado técnico perde por
causa da televisão. Infelizmente, negócios são negócios", disse ele na entrevista oficial.
Ainda criticou a arbitragem.
""O secretário da Fifa falou que
o único pênalti não marcado
até agora foi o que não deram
para nós contra a Austrália
quando o jogo estava 1 a 1", falou Zico, em situação delicada
no Grupo F. O Japão é o lanterna e não depende só de si para
avançar. Se vencer o Brasil, precisará torcer para que a Austrália empate ou perca da Croácia
e ainda terá que descontar o
saldo negativo de dois gols -a
Austrália tem saldo zero, e a
Croácia, menos um.
O treinador brasileiro foi
muito pressionado pela imprensa japonesa e também por
dirigentes a tornar seu time
mais ofensivo depois da derrota na estréia para a Austrália,
por 3 a 1, de virada.
""Sabemos que nossa situação
é a mais difícil do grupo pelo
saldo de gols, mas estamos vivos e vamos brigar por uma vitória contra o Brasil. Se tivermos que sair da competição, vamos sair de cabeça erguida."
O 0 a 0 de ontem, na verdade,
foi ruim tanto para japoneses
quanto para croatas. Os europeus eram apontados como favoritos e tiveram as melhores
chances para marcar, especialmente no primeiro tempo,
quando Srna desperdiçou um
pênalti aos 22min -grande defesa de Kawaguchi- e Kranjcar, depois, chutou de fora da
área uma bola no travessão.
O Japão, na primeira etapa,
insistiu em bolas alçadas à área,
apesar da baixa estatura de
seus atletas. O bom ala direito
Kaji oferecia as melhores opções para o time de Zico, que
equilibrou o jogo na etapa final.
""Foi um jogo em que tivemos
muitas chances para marcar,
diferentemente do contra o
Brasil. Só não conseguimos fazer o gol", afirmou o técnico da
Croácia, Zlatko Kranjcar.
Zico, como fizera após o jogo
contra a Austrália, tratou do
que considera a maior deficiência defensiva de seu time.
""Sempre exploram o jogo aéreo
quando enfrentam o Japão. No
primeiro tempo, eles tiveram
boas chances, e não conseguimos marcar o Niko Kranjcar.
Para o segundo tempo, tirei o
Fukunishi e coloquei o Inamoto. Melhoramos."
Os laterais japoneses apoiaram mais o ataque na segunda
etapa. O time ficou com mais
posse de bola (56%), mas tinha
dificuldade para penetrar na
área adversária. Na melhor
chance, Yanagisawa, livre e
sem goleiro na meta, deu uma
finalização bisonha.
""Só nos resta vencer o Brasil", afirmou Hidetoshi Nakata,
eleito o melhor jogador ontem.
Zico também acredita no time. ""O Brasil só fez 1 a 0 na
Croácia. Jogamos bem contra a
seleção brasileira na Copa das
Confederações e podemos jogar de novo. Futebol é futebol."
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