São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2007

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Como técnico, Dunga clona Parreira

Ex-volante, que chegou à seleção brasileira com ar de novidade, repete o discurso e os treinamentos do seu antecessor

Com ênfase na posse de bola e apostando em treinos só em uma metade do campo, ex-volante lembra o homem que o treinou na Copa-1994

Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Seleção brasileira faz na Granja Comary, em Teresópolis, coletivo em campo com dimensões reduzidas


EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS

"O time que eu gosto é aquele que mantém a posse de bola. Só é possível jogar tendo a bola."
A idéia acima era uma das preferidas de Carlos Alberto Parreira na seleção brasileira. Mas, desta vez, saiu da boca de quem foi nomeado para fazer uma revolução na equipe.
Pelo menos no aspecto técnico, dentro de campo, os primeiros passos de Dunga para impor seu estilo à seleção mostram similaridade com o trabalho de seu antecessor.
Se a maioria das peças mudou, os últimos dias na Granja Comary seguiram roteiro bem parecido com o dos tempos de Parreira. Treinos em campo reduzido, minicoletivos, ataque contra defesa. Os preferidos do técnico que fracassou na Copa do Mundo de 2006 parecem ser os prediletos do atual.
"Todos os treinadores que acompanho têm um modelo novo. O futebol evoluiu para fazer esses treinamentos reduzidos justamente para o jogador tocar mais na bola, ser mais dinâmico. Dentro disso, você vai notando a evolução do atleta", diz Dunga, que, da mesma forma que Parreira, não é adepto de coletivos em campo inteiro.
"Não precisa fazer quatro, cinco coletivos. Tem que fazer um, dois para encaixar a equipe", acredita o treinador.
A influência da filosofia de Parreira no trabalho de Dunga é algo compreensível. Afinal, ele tem, agora, sua primeira experiência na prancheta -foi o capitão do time de Parreira na vitoriosa campanha da Copa-94-, assim como o ex-lateral-direito Jorginho, hoje auxiliar e maior escudeiro de Dunga.
"No futebol, as mudanças são muito complicadas de se fazer. A gente faz um treinamento quatro contra quatro, cinco contra cinco, e todo mundo diz: "E o coletivo?". Para mim, o futebol não muda. O que define é a qualidade técnica. É o drible, é o passe, é a movimentação do jogador", explica Dunga.
Remanescentes do time que fracassou no Mundial passado e que estão hoje na seleção pisam em ovos quando são questionados sobre a semelhança na filosofia dos dois técnicos.
"Eu gosto muito desse tipo de treinamento [coletivo em campo reduzido]. Melhora a agilidade e a técnica. O jogador evolui", conta o zagueiro Juan.
"É isso que ele [Dunga] tem pedido para a gente, posse de bola. A partir do momento que conseguirmos fazer isso bem teremos condições melhores de chegar ao gol", declara o volante Gilberto Silva, novo capitão da seleção e reserva no Mundial da Alemanha. Que faz questão de ressaltar: "Não dá para fazer comparações, mas o que a gente procurava antes está procurando agora."


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