São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2008

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FUTEBOL

A escola holandesa

A "sensação" da Euro-2008 é obrigada por contrato e por sua história a jogar bonito, não precisa ganhar a disputa

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

EXISTEM quatro possibilidades para um time, especialmente no momento de um torneio importante, como a Eurocopa.
Há a opção dos sonhos, o ""ideal", que é a da equipe que joga bem e vence. Há uma segunda forma, muito comum de alguns anos para cá, que é a do esquadrão que não atua de forma vistosa, mas que vence também. Há a terceira opção: jogar bem, não se importando muito com o resultado, e perder. E existe, claro, a quarta possibilidade: jogar mal e perder (às vezes intencionalmente, como nos casos de partidas arranjadas, jogos em que atletas querem derrubar técnicos ou mostrar insatisfação com cartolas que não cumpriram o que fora acordado etc.).
A Holanda, na fase boa ou na fase ruim, respira a terceira opção. Isso explica a adoração geral pela seleção laranja (You may say I'm a dreamer/ But I'm not the only one) e seu histórico fraco em termos de títulos.
Encerrada a fase de grupos, os holandeses mais uma vez conseguem seu objetivo maior: encantam. Podem até ganhar pela segunda vez a Euro, após 20 anos, mas muita gente ""apurou" que a equipe nem à final chega, em especial se cruzar com a Itália na semifinal. Claro, a Azzurra é um exemplo de escola que posa de segunda opção. Jogar bonito para quê ou jogar bonito é algo relativo?
A metódica Alemanha nem sempre ganhou jogando ""feio", a técnica França conquistou só uma Copa em casa tendo como base a defesa...
Brasil e Argentina, as escolas mais respeitadas aqui, são obrigados pela história a fazer a primeira opção.
Contando o clássico (?) de ontem, não conseguem jogar bem nem vencer como seus seguidores gostam. Voltando à Holanda, cuja escola não é a melhor, mas é ""diferenciada" (termo na moda), Van Basten fez parte de uma geração laranja que viveu a primeira possibilidade (Euro-88), a terceira (Euro-92) e também a quarta (Copa-90). Bem, ele assumiu a Holanda com a inédita obrigação contratual de jogar bonito. Não havia conseguido até esta Euro, mas deixará o cargo após a disputa cumprindo o que pede o seu contrato.
Vencerá? Isso não está no papel.

HOLANDESA
Um amigo jornalista, fã de Felipão como quase todos, falava comigo em meio à final da Copa dos Campeões e cravou o gaúcho como o melhor técnico da Euro-08. ""Quem seria melhor que o Felipão dentre os classificados?", perguntou-me o viajado companheiro, sabendo que Capello só iria ver pela TV a disputa. ""Guus Hiddink", respondi. Ele pensou no holandês. Não retrucou.

GAÚCHA
Felipão, que venceu muitas vezes na raça e com drama, tem hoje um belo time na mão. Superando hoje a ""tática" Alemanha, é superfavorito na semifinal. Sinto que o gaúcho torce para decidir com... a Holanda!


rbueno@folhasp.com.br

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