|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Conto de fadas inglês termina mal
Inglaterra apenas empata, é vaiada e vê ameaçada vaga para as oitavas
Inglaterra 0
Argélia 0
RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL À CIDADE DO CABO
É como um conto de fadas.
Tem príncipe, tem belos cavaleiros, tem um manto sagrado, tem um povo apaixonado por trás. Mas falta algo
para a Inglaterra ser feliz.
No 0 a 0 com a Argélia ontem no estádio Green Point,
ela veio toda de branco, foi
saudada como sempre pela
multidão, os seus filhos mais
lindos desfilaram com estilo,
mas um oceano separa a terra da rainha do bom futebol.
A saudade de um grande
goleiro como Banks fez com
que o "velho" David James
(ainda há muita vida aos 39
anos) voltasse a ser titular.
Não que ele seja o arqueiro
dos sonhos, mas o Green já
virou um Shrek na Copa, um
ogro escanteado por não ter
se portado bem na estreia.
A Argélia não é nenhum
dragão de 12 cabeças que
cospe fogo, mas assustou o
pomposo English Team, que
saiu vaiado para o intervalo.
Um solitário atacante
(Matmour) e um promissor
guerreiro (Boudebouz) levaram perigo ao império. Na retaguarda argelina, também
houve troca de comando: M
Bolhi ficou com a vaga do lesionado fanfarrão Chaouchi,
outro que passou como bobo
da corte a rodada inaugural.
Apenas no final do primeiro tempo a Inglaterra tentou
acertar o arco rival. Mas foram com tiros de longe. Não
houve conjunto, harmonia,
aquela fantasia toda da rica
Premier League. Gerrard,
Rooney, Lampard, Terry,
Lennon... nada resolve.
Com Carragher na zaga no
posto do combalido Ledley
King e com Barry de volta no
meio-campo, esperava-se
um sonho, mas a noite não
era de verão. Fazia frio. Havia
talento, mas faltavam ideias.
A bela princesa que poderia inspirar o English Team
parece distante -desde 1966
o final da história exclui os
ingleses. Quando o cenário
era o pior possível para a
maioria dos 60 mil presentes,
aos 29min o mago Fabio Capello mostra seu truque: põe
Defoe no lugar de Heskey.
Uma esperança renasceu
no estádio, ouviu-se de novo
o "Deus Salve a Rainha".
O jogo que tinha ficado
tanto tempo amarrado ganhou velocidade. Uma pressãozinha aqui, um friozinho
na barriga aqui, mas as estrelas continuaram apagadas.
O coração inglês não entende o que acontece (ou melhor, o que não acontece). O
gigante Crouch, a última esperança de tocar o céu, entra
no lugar de Barry. Em vão.
A batalha não foi ganha, a
situação é delicada (a Inglaterra está em terceiro e pega a
líder Eslovênia), mas a guerra não está perdida.
Com toda a saudade dos
bons e velhos tempos e mesmo com as dificuldades do
presente, ela é e continuará
sendo a favorita. Quem sabe
não tenhamos um final feliz?
Texto Anterior: Juca Kfouri: A ética do jogo... Próximo Texto: Presentes, príncipes sofrem com o time Índice
|