São Paulo, sábado, 19 de junho de 2010

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Conto de fadas inglês termina mal

Inglaterra apenas empata, é vaiada e vê ameaçada vaga para as oitavas

Inglaterra 0
Argélia 0

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL À CIDADE DO CABO

É como um conto de fadas. Tem príncipe, tem belos cavaleiros, tem um manto sagrado, tem um povo apaixonado por trás. Mas falta algo para a Inglaterra ser feliz.
No 0 a 0 com a Argélia ontem no estádio Green Point, ela veio toda de branco, foi saudada como sempre pela multidão, os seus filhos mais lindos desfilaram com estilo, mas um oceano separa a terra da rainha do bom futebol.
A saudade de um grande goleiro como Banks fez com que o "velho" David James (ainda há muita vida aos 39 anos) voltasse a ser titular. Não que ele seja o arqueiro dos sonhos, mas o Green já virou um Shrek na Copa, um ogro escanteado por não ter se portado bem na estreia.
A Argélia não é nenhum dragão de 12 cabeças que cospe fogo, mas assustou o pomposo English Team, que saiu vaiado para o intervalo.
Um solitário atacante (Matmour) e um promissor guerreiro (Boudebouz) levaram perigo ao império. Na retaguarda argelina, também houve troca de comando: M Bolhi ficou com a vaga do lesionado fanfarrão Chaouchi, outro que passou como bobo da corte a rodada inaugural.
Apenas no final do primeiro tempo a Inglaterra tentou acertar o arco rival. Mas foram com tiros de longe. Não houve conjunto, harmonia, aquela fantasia toda da rica Premier League. Gerrard, Rooney, Lampard, Terry, Lennon... nada resolve.
Com Carragher na zaga no posto do combalido Ledley King e com Barry de volta no meio-campo, esperava-se um sonho, mas a noite não era de verão. Fazia frio. Havia talento, mas faltavam ideias.
A bela princesa que poderia inspirar o English Team parece distante -desde 1966 o final da história exclui os ingleses. Quando o cenário era o pior possível para a maioria dos 60 mil presentes, aos 29min o mago Fabio Capello mostra seu truque: põe Defoe no lugar de Heskey.
Uma esperança renasceu no estádio, ouviu-se de novo o "Deus Salve a Rainha".
O jogo que tinha ficado tanto tempo amarrado ganhou velocidade. Uma pressãozinha aqui, um friozinho na barriga aqui, mas as estrelas continuaram apagadas.
O coração inglês não entende o que acontece (ou melhor, o que não acontece). O gigante Crouch, a última esperança de tocar o céu, entra no lugar de Barry. Em vão.
A batalha não foi ganha, a situação é delicada (a Inglaterra está em terceiro e pega a líder Eslovênia), mas a guerra não está perdida.
Com toda a saudade dos bons e velhos tempos e mesmo com as dificuldades do presente, ela é e continuará sendo a favorita. Quem sabe não tenhamos um final feliz?


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