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JUCA KFOURI
Circo viciado
Depois da Federação do
Caixa D'Água e da Casa Bandida do Futebol, eis que temos
agora, em São Paulo, a Federação Palhaça do Futebol. E
com juros.
Indignado com a virada de
mesa que introduziu dois intrusos no Vergonhão-97, o
presidente da FPF resolveu
mostrar como se faz e, para
não deixar dúvidas, virou logo um caminhão de melancias
na frágil legitimidade do
Campeonato Paulista: em vez
de apenas 2, enfiou 32 clubes
na primeira divisão, façanha
16 vezes mais indecente que a
perpetrada pela CBF.
E desfilou cinismo, numa
competição não declarada,
mas aberta por esta Folha em
duas entrevistas que merecem
entrar para a história como
exemplos do insuperável cinismo da cartolagem cabocla.
Um espanto!
A primeira, concedida por
Nabi Abi Chedid, presidente
interino da CBF em lugar do
escafedido Rico Terra, ao repórter Marcelo Damato. A segunda, de Eduardo José Farah
a José Henrique Mariante.
São duas obras primas. Todas as perguntas que deveriam ser feitas foram feitas.
Todas as manifestações de
perplexidade diante das respostas foram convenientemente postas no papel. Impressas em cores, as páginas
do jornal coraram diante de
tanta hipocrisia.
Ambos tentam explicar o
inexplicável, certos de que, a
exemplo dos presidentes de
clubes que lideram, a opinião
pública é feita só de palhaços.
Pois não é, como mais uma
vez demonstrou o Datafolha
na pesquisa que revelou que
se 62% dos torcedores paulistanos consideram que a CBF
agiu mal ao não rebaixar Fluminense e Bragantino, 69%
acham que os clubes de São
Paulo deveriam mesmo continuar no Vergonhão-97. E 66%
também são de opinião que
Farah andava buscando apenas seus interesses.
Confesso que a pesquisa me
surpreendeu favoravelmente.
Minha pesquisa particular,
via Internet, mostrava maior
aceitação à idéia da saída
paulista da competição.
O Datafolha confirmou,
ainda, que 82% dos paulistanos admitem o óbvio, que o
título brasileiro é mais importante que o estadual.
Enfim, a torcida sabe o que
quer e por isso continua dando as costas aos cartolas, não
comparecendo aos estádios.
No dia em que alguém souber captar os sinais claros enviados pelo torcedor, não só
mudará o panorama do futebol brasileiro como, de quebra, virará ídolo nacional.
Estaremos vivos até lá?
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