São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

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AUTOMOBILISMO

Empresas querem antecipar "posse" para salvar categoria

Crise na F-1 dá o tom às vésperas do GP da França

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MAGNY-COURS

No mais político dos circuitos da F-1, os bastidores da categoria ganharam força ontem. E conseguiram encobrir o início dos treinos para o GP da França, primeira chance de Michael Schumacher levar o pentacampeonato.
A GPWC (Grand Prix World Championship), grupo formado pelas cinco principais montadoras européias, quer antecipar de 2008 para 2004 o início de seu campeonato. Na prática, ela substituiria a FOM (Formula One Management), empresa que hoje comanda comercialmente a F-1.
A mudança seria uma forma de tentar salvar a categoria, que começa a mergulhar em sua mais profunda crise econômica dos últimos anos. Sem patrocínios, uma equipe, a Prost, faliu em janeiro. Outra, a Arrows, está afundada em dívidas de US$ 16 milhões e só saberá hoje se vai correr ou não em Magny-Cours.
A principal reclamação das equipes pequenas está na forma como os lucros da F-1 são distribuídos. Essa divisão é regida pelo Pacto de Concórdia, contrato assinado por todos os times e com validade até dezembro de 2007.
Como o único critério para a distribuição da verba é a pontuação das equipes no ano anterior, o fosso entre as grandes e pequenas só aumenta a cada Mundial.
De olho no poder da F-1, a GPWC (BMW, DaimlerChrysler, Ford, Fiat e Renault) resolveu abraçar a causa das nanicas, times como Minardi e Arrows, que não mantêm parcerias com grandes fornecedoras de motores.
O que a empresa propõe é que as 11 equipes, também de forma unânime, anulem o atual acordo e lhe passem o controle da F-1. A promessa é a criação de uma nova fórmula para repartir o bolo.
O que pegou a imprensa de surpresa em Magny-Cours foi o homem indicado para ser o principal executivo da GPWC a partir de 2004: o inglês Bernie Ecclestone, justamente quem elaborou e impôs o Pacto de Concórdia.
Sua indicação seria uma forma de tornar a transição mais fácil, sem problemas com a FOM.
A ironia é que tal negociação tenha se tornado pública justamente em Magny-Cours, circuito que passou a receber a F-1 em 1991 por motivos puramente políticos.
A pista foi construída pelo então presidente francês, François Mitterrand, que tinha na região seu principal reduto eleitoral.
Pelo menos ontem, a ascensão da GPWC colocou em segundo plano a tentativa de Schumacher, que pode levar no domingo o mítico pentacampeonato da F-1.
"Estou perseguindo o título, mas não me importo com o circuito em que vou conquistá-lo. Vou correr aqui pensando na vitória, apenas nisso", declarou.
Para conquistar o Mundial, Schumacher precisa vencer a corrida e esperar que nem Rubens Barrichello nem Juan Pablo Montoya cheguem na segunda colocação. A primeira sessão de treinos será hoje, a partir das 6h.


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