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AUTOMOBILISMO
Empresas querem antecipar "posse" para salvar categoria
Crise na F-1 dá o tom às vésperas do GP da França
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MAGNY-COURS
No mais político dos circuitos
da F-1, os bastidores da categoria
ganharam força ontem. E conseguiram encobrir o início dos treinos para o GP da França, primeira
chance de Michael Schumacher
levar o pentacampeonato.
A GPWC (Grand Prix World
Championship), grupo formado
pelas cinco principais montadoras européias, quer antecipar de
2008 para 2004 o início de seu
campeonato. Na prática, ela substituiria a FOM (Formula One Management), empresa que hoje comanda comercialmente a F-1.
A mudança seria uma forma de
tentar salvar a categoria, que começa a mergulhar em sua mais
profunda crise econômica dos últimos anos. Sem patrocínios, uma
equipe, a Prost, faliu em janeiro.
Outra, a Arrows, está afundada
em dívidas de US$ 16 milhões e só
saberá hoje se vai correr ou não
em Magny-Cours.
A principal reclamação das
equipes pequenas está na forma
como os lucros da F-1 são distribuídos. Essa divisão é regida pelo
Pacto de Concórdia, contrato assinado por todos os times e com
validade até dezembro de 2007.
Como o único critério para a
distribuição da verba é a pontuação das equipes no ano anterior, o
fosso entre as grandes e pequenas
só aumenta a cada Mundial.
De olho no poder da F-1, a
GPWC (BMW, DaimlerChrysler,
Ford, Fiat e Renault) resolveu
abraçar a causa das nanicas, times
como Minardi e Arrows, que não
mantêm parcerias com grandes
fornecedoras de motores.
O que a empresa propõe é que
as 11 equipes, também de forma
unânime, anulem o atual acordo e
lhe passem o controle da F-1. A
promessa é a criação de uma nova
fórmula para repartir o bolo.
O que pegou a imprensa de surpresa em Magny-Cours foi o homem indicado para ser o principal executivo da GPWC a partir
de 2004: o inglês Bernie Ecclestone, justamente quem elaborou e
impôs o Pacto de Concórdia.
Sua indicação seria uma forma
de tornar a transição mais fácil,
sem problemas com a FOM.
A ironia é que tal negociação tenha se tornado pública justamente em Magny-Cours, circuito que
passou a receber a F-1 em 1991 por
motivos puramente políticos.
A pista foi construída pelo então
presidente francês, François Mitterrand, que tinha na região seu
principal reduto eleitoral.
Pelo menos ontem, a ascensão
da GPWC colocou em segundo
plano a tentativa de Schumacher,
que pode levar no domingo o mítico pentacampeonato da F-1.
"Estou perseguindo o título,
mas não me importo com o circuito em que vou conquistá-lo.
Vou correr aqui pensando na vitória, apenas nisso", declarou.
Para conquistar o Mundial,
Schumacher precisa vencer a corrida e esperar que nem Rubens
Barrichello nem Juan Pablo Montoya cheguem na segunda colocação. A primeira sessão de treinos
será hoje, a partir das 6h.
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