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São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2003

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pan 2003

Rodrigo Bastos é única marca "olímpica" do Brasil dos 123 pódios em Santo Domingo

O TIRO MAIS CERTEIRO

Antônio Gaudério - 3.ago.03/Folha Imagem
O atirador Rodrigo Bastos, que obteria prata em Sydney-2000


MARCELO SAKATE
DA REPORTAGEM LOCAL

O COB atingiu em Santo Domingo os seus objetivos: recordes de medalhas (123) e ouros (28) e a manutenção do quarto posto, atrás das potências EUA, Cuba e Canadá. Mas os atletas do país terão que melhorar consideravelmente se quiserem subir ao pódio na Olimpíada de Atenas-2004.
A Folha levantou dados das 30 modalidades em que o Brasil ganhou medalhas. Nas quais o desempenho é medido por tempos, notas e índices, responsáveis em nove modalidades por 67 das 123 medalhas brasileiras no Pan (em cinco não havia parâmetros para comparação), os números foram confrontados com os dos finalistas em Sydney-2000. Constatou que só um atleta conseguiria subir ao pódio olímpico: Rodrigo Bastos, no tiro (fossa olímpica).
Com 124 pontos em 125 possíveis na fase classificatória, a única que conta para efeitos de recorde, ele quebrou as marcas brasileira, sul-americana e pan-americana. Igualou o recorde olímpico, de 96. Em Sydney, conquistaria a prata, com 145 pontos -só não levaria o ouro porque sua final não foi tão boa quanto a eliminatória.
Embora a competitividade seja maior na Olimpíada, o Pan incentiva a busca por melhores marcas por ser o evento mais aguardado do ano, devido à visibilidade.
A natação, que colheu 21 medalhas e foi a modalidade que mais rendeu pódios ao país em Santo Domingo, teria como melhor resultado em Sydney um sexto lugar no 4 x 100 m livre, 1s26 atrás do tempo da própria equipe brasileira que foi bronze na ocasião.
Das 21 provas, em 13 o tempo obtido foi pior do que os de todos os finalistas olímpicos. Ouro nos 200 m costa, Rogério Romero ficou a 54 centésimos do tempo do oitavo colocado na Austrália.
No fim de julho, em Barcelona, com praticamente a mesma delegação do Pan, o Brasil não subiu ao pódio pela terceira edição seguida de um Mundial, maior jejum da história da modalidade.

Retardatário
O único brasileiro com dois ouros individuais no Pan, Hudson de Souza, terminaria em 11º de 12 na final dos 1.500 m do atletismo em Sydney, mais de 13 segundos após o terceiro lugar. Nos 5.000 m, a diferença foi semelhante.
Na canoagem e no remo, nos quais a delegação brasileira arrebatou 11 medalhas, o pódio também ficou longe (no primeiro caso, porém, Guto Campos e Fábio Demarchi, ouro no K-2 500, teriam, com o tempo do Pan, ficado a apenas três décimos do bronze no último Mundial do esporte).
Nas modalidades com notas, existe a diferença no julgamento, pois apenas juízes das Américas atuam no Pan. Com a ressalva, constata-se que a ginástica artística, que trouxe dez medalhas, não teria alcançado nenhum pódio há três anos. O melhor feito teria sido de Diego Hypólito, prata no salto sobre o cavalo masculino em Santo Domingo: quinto em Sydney.
A irmã mais velha, Daniele, que conquistou a primeira medalha individual geral em Pans (bronze), não passaria do 24º posto entre as 36 finalistas olímpicas.
Nos esportes com mata-matas individuais e coletivos, o levantamento foi mais subjetivo: como não há pontos, notas ou índices, o parâmetro possível foi a composição das seleções. Na maioria dessas modalidades, os melhores atletas não foram ao Pan, ou por não serem das Américas ou simplesmente por terem desprezado a competição. No handebol, que levou ouro no masculino e no feminino, as principais potências são européias. Nos últimos Mundiais, os brasileiros ficaram em 22º (masculino) e 12º (feminino).
Foi o caso também do judô, recordista do país em ouros, com cinco. Todos os rivais de chave de Flávio Canto, Daniel Hernandes e Luiz Camilo não levaram medalhas em Sydney -tampouco ficaram entre os oito primeiros no último Mundial, em Munique-01.
O caratê teve medalhas em seis categorias, mas havia só dois rivais com pódio no Mundial-02.
O baixo número de inscritos também facilitou as conquistas. O pugilistas James Dean e Marcos Costa, por exemplo, venceram uma luta para garantir o bronze.
Na classe snipe (iatismo), Bruno Amorim e Dante Bianchi ganharam o ouro com sete concorrentes. Foram beneficiados pela realização do Mundial da classe no início do mês: quatro duplas das Américas que não foram ao Pan ficaram entre as cinco primeiras.
A facilidade foi destacada pelo tricampeão da laser, Robert Scheidt, que venceu suas dez regatas no Pan: "Não dá para comparar com um Mundial, que passa das 100 embarcações".


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