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São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2003

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FUTEBOL

Incompetência e feiúra

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

A incompetência demonstrada por Santos e São Paulo para destronar o Cruzeiro da liderança do Brasileiro vai consolidando a impressão de que a equipe de Wanderley Luxemburgo, até aqui, de longe, a melhor e mais regular da competição, dificilmente perderá o título.
É claro que ainda é cedo para apostas mais definitivas, mas o fato é que os tropeços da Raposa não têm sido aproveitados pelos seus concorrentes mais próximos. Nem Santos nem São Paulo, embora bem na fotografia da tabela, inspiraram até aqui, entre torcedores e críticos, a mesma confiança do time mineiro.
O São Paulo vai aos trancos e barrancos, com saldo preocupante nas últimas partidas.
Sem Kaká, que a torcida burramente hostilizava, as chances de o time melhorar diminuíram consideravelmente. Não é improvável que Rojas procure se proteger armando aquela retranca que o torcedor tanto detesta.
O Santos perdeu Ricardo Oliveira e Nenê, o que não é pouco. Com Robinho em fase complicada e Diego sendo assediado por empresários estrangeiros, as coisas podem se complicar ainda mais. Espero, sinceramente, que a jovem dupla da Vila Belmiro volte a jogar como nas finais do Brasileiro passado e ainda possa promover uma virada no padrão do time, que é ainda bom, mas vem deixando muitos santistas apreensivos.
Tenho a impressão de que, mesmo com os desfalques, o Santos ainda tem melhores condições do que o São Paulo para tentar suplantar o Cruzeiro.
 
Meninos, eu consegui! Assisti do início ao fim ao Fla-Flu de domingo. "Masoquista maluco", poderá pensar você, leitor que sabe bem o quanto a dupla carioca tem sido capaz de maltratar o futebol. É fato. O primeiro tempo do jogo foi uma das coisas mais horrorosas que já presenciei, incluído peladas de praia e campinho.
No final, o Flamengo venceu, com um gol até decente que, visto isoladamente, pode iludir quem não acompanhou a partida.
Sigo assiduamente a crônica esportiva do Rio. As queixas e reclamações, quando não a revolta incontida, tornaram-se quase diárias nas páginas dos jornais. Há até quem tenha desistido de comentar o Campeonato Brasileiro, aproveitando a deixa do Pan.
A coisa no futebol carioca realmente está feia, exceção talvez do Botafogo de Bebeto de Freitas -mas dentro dos parâmetros obviamente menos exigentes da Segunda Divisão.
 
Também não está nada bonito o Corinthians de Geninho.
Aquele time que parecia ter evoluído a partir do trabalho de Carlos Alberto Parreira desmoronou. Não consegue apresentar o futebol fluente e inteligente de outros tempos.
Em vez de o presidente Dualib ficar tentando sabotar o sistema de pontos corridos, deveria tratar de melhorar sua equipe. Do jeito que vai, não vai.

Olho no Pan
As avaliações gerais foram de que o Brasil se saiu bem no Pan-Americano. Deve ser verdade -o que o quadro de medalhas corrobora. Minha impressão, porém, é de que o resultado não permite juízo mais conclusivo sobre o estágio do esporte olímpico brasileiro, dada a qualidade da disputa. Lamentável foi perder o ouro no futebol e no vôlei. O Brasil poderia ter suplantado o Canadá na classificação geral. Bem, agora é pensar em Atenas, quando poderemos ter uma visão mais realista da coisa. Quanto ao Pan-Americano de 2007, no Rio, o importante é que a opinião pública fiscalize o processo e cobre transparência dos organizadores. Essas coisas, mesmo em outros países, muitas vezes dão em desvios e corrupção.

E-mail mag@folhasp.com.br


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