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FUTEBOL
Incompetência e feiúra
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
A incompetência demonstrada por Santos e São Paulo
para destronar o Cruzeiro da liderança do Brasileiro vai consolidando a impressão de que a equipe de Wanderley Luxemburgo,
até aqui, de longe, a melhor e
mais regular da competição, dificilmente perderá o título.
É claro que ainda é cedo para
apostas mais definitivas, mas o
fato é que os tropeços da Raposa
não têm sido aproveitados pelos
seus concorrentes mais próximos.
Nem Santos nem São Paulo, embora bem na fotografia da tabela,
inspiraram até aqui, entre torcedores e críticos, a mesma confiança do time mineiro.
O São Paulo vai aos trancos e
barrancos, com saldo preocupante nas últimas partidas.
Sem Kaká, que a torcida burramente hostilizava, as chances de o
time melhorar diminuíram consideravelmente. Não é improvável
que Rojas procure se proteger armando aquela retranca que o torcedor tanto detesta.
O Santos perdeu Ricardo Oliveira e Nenê, o que não é pouco.
Com Robinho em fase complicada e Diego sendo assediado por
empresários estrangeiros, as coisas podem se complicar ainda
mais. Espero, sinceramente, que a
jovem dupla da Vila Belmiro volte a jogar como nas finais do Brasileiro passado e ainda possa promover uma virada no padrão do
time, que é ainda bom, mas vem
deixando muitos santistas
apreensivos.
Tenho a impressão de que, mesmo com os desfalques, o Santos
ainda tem melhores condições do
que o São Paulo para tentar suplantar o Cruzeiro.
Meninos, eu consegui! Assisti do
início ao fim ao Fla-Flu de domingo. "Masoquista maluco", poderá pensar você, leitor que sabe
bem o quanto a dupla carioca
tem sido capaz de maltratar o futebol. É fato. O primeiro tempo do
jogo foi uma das coisas mais horrorosas que já presenciei, incluído
peladas de praia e campinho.
No final, o Flamengo venceu,
com um gol até decente que, visto
isoladamente, pode iludir quem
não acompanhou a partida.
Sigo assiduamente a crônica esportiva do Rio. As queixas e reclamações, quando não a revolta incontida, tornaram-se quase diárias nas páginas dos jornais. Há
até quem tenha desistido de comentar o Campeonato Brasileiro,
aproveitando a deixa do Pan.
A coisa no futebol carioca realmente está feia, exceção talvez do
Botafogo de Bebeto de Freitas
-mas dentro dos parâmetros obviamente menos exigentes da Segunda Divisão.
Também não está nada bonito o
Corinthians de Geninho.
Aquele time que parecia ter
evoluído a partir do trabalho de
Carlos Alberto Parreira desmoronou. Não consegue apresentar o
futebol fluente e inteligente de outros tempos.
Em vez de o presidente Dualib
ficar tentando sabotar o sistema
de pontos corridos, deveria tratar
de melhorar sua equipe. Do jeito
que vai, não vai.
Olho no Pan
As avaliações gerais foram de
que o Brasil se saiu bem no
Pan-Americano. Deve ser verdade -o que o quadro de medalhas corrobora. Minha impressão, porém, é de que o resultado não permite juízo mais
conclusivo sobre o estágio do
esporte olímpico brasileiro, dada a qualidade da disputa. Lamentável foi perder o ouro no
futebol e no vôlei. O Brasil poderia ter suplantado o Canadá
na classificação geral. Bem,
agora é pensar em Atenas,
quando poderemos ter uma visão mais realista da coisa.
Quanto ao Pan-Americano de
2007, no Rio, o importante é
que a opinião pública fiscalize o
processo e cobre transparência
dos organizadores. Essas coisas, mesmo em outros países,
muitas vezes dão em desvios e
corrupção.
E-mail mag@folhasp.com.br
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