São Paulo, domingo, 19 de agosto de 2007

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Surfistas encontram as ondas de NY

Após fim de proibição, prefeitura reserva segunda praia para prática do surfe e investe US$ 40 milhões em instalações

Na Rockaway Beach, no Queens, procura crescente de praticantes, incluindo brasileiros, já incomoda os surfistas veteranos do lugar

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

Quarta-feira, praticamente final das férias de verão em Nova York. O termômetro marca 30C e o céu está nublado. Sentado na areia, o técnico em computação Alex Thompson, 26, contempla o mar com ar de desalento. É bom para surfar ali? "Sim, muito. Não fica cheio de gente", responde. Ele é a única pessoa na praia até onde a vista alcança. "O problema é: também não tem onda", ri.
Estamos no bairro do Queens, em Nova York, na Rockaway Beach -aquela mesma da música dos Ramones. No final de julho, a prefeitura decidiu abrir ali a segunda praia destinada exclusivamente ao surfe: a da rua 67. A primeira, a da rua 90, muitos quarteirões adiante, funciona desde 2005.
Até então, era proibido praticar a atividade no município, porque o Departamento de Parques e Recreação achava perigoso para os banhistas e, além disso, existia uma lei que impedia as pessoas de entrarem na água sem a vigilância de um salva-vidas. "Mas a gente sempre dava um jeito, procurando as praias menos movimentadas", conta Thompson.
Até que, dois anos atrás, caiu a determinação sobre os salva-vidas, que datava de 1850. O número de surfistas só faz crescer, o que é motivo de reclamação entre os veteranos das águas nova-iorquinas, apreciadores da privacidade dos cantinhos pouco conhecidos.
"Deixa quieto essa história... O grande prazer é justamente sair sem rumo e descobrir um lugar bacana. Por conta de toda a publicidade, está tudo lotando. Logo a praia da rua 67 vai ficar impossível", diz membro do site newyorksurf.com -comunidade dos surfistas locais- identificado como J. Scott.
Ele também reclama dos brasileiros que freqüentam as ondas da cidade. "Parece que eles têm regras diferentes sobre as quedas e sobre quem tem prioridade, o que acaba não fazendo deles o grupo mais popular em Rockaway e outras áreas."
Timothy Patterson, 22, publicitário, tem medo de que agora a praia da rua 67 fique popular demais. "Ela era procurada por aqueles que não querem se exibir, que vão apenas pelo prazer de pegar uma onda."
Segundo ele, a praia da rua 90 é melhor. Lá, nos finais de semana, pode-se contar mais de 50 surfistas esperando a vez -foi esse crescente movimento que fez a administração municipal abrir a praia da rua 67 para os esportistas.
"A fama de que Nova York não é uma boa cidade para surfar definitivamente não vai mudar agora com essa novidade", comenta Thompson. "A verdade é que quebra o galho apenas." Em Nova Jersey há diversas praias freqüentadas pelos surfistas, assim como em Long Island e Long Beach.
Para estimular novos praticantes, apesar da cara feia dos antigos, a prefeitura de Nova York vai melhorar a infra-estrutura. Na 67, ela ainda é precária: o metrô fica a 400 metros, e o estacionamento mais próximo para quem vai de carro está longe. Há projetos para abrir ruas e uma ciclovia.
"Estamos investindo US$ 40 milhões para construir instalações de apoio e recreação", afirmou o deputado estadual Audrey Pheffer, que representa o Queens, na cerimônia de inauguração da 67.


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