|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Surfistas encontram as ondas de NY
Após fim de proibição, prefeitura reserva segunda praia para prática do surfe e investe US$ 40 milhões em instalações
Na Rockaway Beach, no
Queens, procura crescente
de praticantes, incluindo
brasileiros, já incomoda os
surfistas veteranos do lugar
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
Quarta-feira, praticamente
final das férias de verão em Nova York. O termômetro marca
30C e o céu está nublado. Sentado na areia, o técnico em
computação Alex Thompson,
26, contempla o mar com ar de
desalento. É bom para surfar
ali? "Sim, muito. Não fica cheio
de gente", responde. Ele é a
única pessoa na praia até onde
a vista alcança. "O problema é:
também não tem onda", ri.
Estamos no bairro do
Queens, em Nova York, na Rockaway Beach -aquela mesma
da música dos Ramones. No final de julho, a prefeitura decidiu abrir ali a segunda praia
destinada exclusivamente ao
surfe: a da rua 67. A primeira, a
da rua 90, muitos quarteirões
adiante, funciona desde 2005.
Até então, era proibido praticar a atividade no município,
porque o Departamento de
Parques e Recreação achava
perigoso para os banhistas e,
além disso, existia uma lei que
impedia as pessoas de entrarem na água sem a vigilância de
um salva-vidas. "Mas a gente
sempre dava um jeito, procurando as praias menos movimentadas", conta Thompson.
Até que, dois anos atrás, caiu
a determinação sobre os salva-vidas, que datava de 1850. O número de surfistas só faz crescer,
o que é motivo de reclamação
entre os veteranos das águas
nova-iorquinas, apreciadores
da privacidade dos cantinhos
pouco conhecidos.
"Deixa quieto essa história...
O grande prazer é justamente
sair sem rumo e descobrir um
lugar bacana. Por conta de toda
a publicidade, está tudo lotando. Logo a praia da rua 67 vai ficar impossível", diz membro do
site newyorksurf.com -comunidade dos surfistas locais-
identificado como J. Scott.
Ele também reclama dos brasileiros que freqüentam as ondas da cidade. "Parece que eles
têm regras diferentes sobre as
quedas e sobre quem tem prioridade, o que acaba não fazendo
deles o grupo mais popular em
Rockaway e outras áreas."
Timothy Patterson, 22, publicitário, tem medo de que
agora a praia da rua 67 fique popular demais. "Ela era procurada por aqueles que não querem
se exibir, que vão apenas pelo
prazer de pegar uma onda."
Segundo ele, a praia da rua 90
é melhor. Lá, nos finais de semana, pode-se contar mais de
50 surfistas esperando a vez
-foi esse crescente movimento
que fez a administração municipal abrir a praia da rua 67 para os esportistas.
"A fama de que Nova York
não é uma boa cidade para surfar definitivamente não vai
mudar agora com essa novidade", comenta Thompson. "A
verdade é que quebra o galho
apenas." Em Nova Jersey há diversas praias freqüentadas pelos surfistas, assim como em
Long Island e Long Beach.
Para estimular novos praticantes, apesar da cara feia dos
antigos, a prefeitura de Nova
York vai melhorar a infra-estrutura. Na 67, ela ainda é precária: o metrô fica a 400 metros, e o estacionamento mais
próximo para quem vai de carro está longe. Há projetos para
abrir ruas e uma ciclovia.
"Estamos investindo US$ 40
milhões para construir instalações de apoio e recreação", afirmou o deputado estadual Audrey Pheffer, que representa o Queens, na cerimônia de inauguração da 67.
Texto Anterior: Futebol: Materazzi revela o que disse a Zidane Próximo Texto: O que ver na TV Índice
|