São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2008

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Bahia mostra seus talentos em Pequim

GIULLIANA BIANCONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Washington Silva, 30, disputa sua segunda Olimpíada. Paulo Carvalho, 22, é estreante em Jogos.
Mesmo já tendo percorrido uma estrada bem maior no esporte, Silva tem bastante em comum com Carvalho. Ambos integram a seleção permanente e treinam no CT da CBBoxe (Confederação Brasileira de Boxe), em Santo André. Mas, antes de chegarem a São Paulo, já haviam dado murros em sacos de areia na Bahia.
O estado nordestino é berço de quatro dos seis pugilistas que formam a equipe olímpica em Pequim. Carvalho é um deles. E Silva, apesar de ser paulista, foi para a Bahia aos dois anos de idade.
Eles são representantes daquele que se tornou o maior celeiro da modalidade no país. Na Bahia, o boxe é uma paixão, alimentada por títulos que pugilistas como Acelino Freitas, o "Popó", e Valdemir Pereira, o "Sertão", conseguiram nos ringues.
O presidente da CBBoxe, Luiz Carlos Boselli, tem explicação técnica para a evolução da Bahia neste esporte. "Esse desenvolvimento muito se deve à capacidade que os atletas de lá tiveram de se adaptar à mudança do sistema de julgamento do boxe olímpico. Até os anos 80, era na papeleta, depois passou a ser feito no computador."
De acordo com o dirigente, pugilistas paulistas, por exemplo, não se adequaram a esse tipo de julgamento. Outra explicação para o "boom" do boxe baiano pode ser obtida numa visita à periferia de Salvador, onde estão cravadas academias da modalidade. Em Nordeste de Amaralina, bairro com altos índices de criminalidade, a Novo Astral é concorrida.
Na academia que funciona na casa do segurança Gilvan Bispo, 40, há 60 alunos. No final de tarde de uma terça-feira, 15 deles pulam e repetem a contagem que vai de zero a dez. A maioria está descalça.
"Eles guardam o tênis para os dias de competição e para a escola", diz o instrutor Robson Fonseca. Nenhum dos alunos paga para treinar. Mesmo assim, a Novo Astral tem luvas conservadas e distribui bandagem para proteger a mão dos garotos.
"Aqui sempre foi assim, um ajudando o outro e todo mundo tirando dinheiro do próprio bolso. A sorte é que baiano é apaixonado por boxe e sempre tem quem dê uma força", afirma Joílson Santana, ex-atleta olímpico da categoria galo -disputou os Jogos de Seul-1988.


GIULLIANA BIANCONI participou da 45ª turma do programa de treinamento da Folha, que foi patrocinada pela Philip Morris Brasil e pela Odebrecht


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