São Paulo, quinta-feira, 19 de agosto de 2010

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JUCA KFOURI

Futebol de bombachas


Ao ganhar o 4º título continental para os gaúchos, o Inter os faz passar a média dos paulistas


AO VIRAR na bola e na raça a decisão da Libertadores com um inesquecível 3 a 2 sobre o Chivas, o Inter se igualou ao rival Grêmio.
E é em grande parte a rivalidade dos dois gigantes gaúchos o que os impulsiona a uma nova marca digna de registro, a que os coloca na frente da média paulista de vitórias no torneio americano.
Os quatro paulistas têm somados seis títulos, 1,5 para cada um, três do São Paulo, dois do Santos, um do Palmeiras e nenhum do Corinthians.
Já os cariocas têm só duas taças entre os quatro maiores, meia para cada um, embora o Flamengo e o Vasco as tenham inteiras.
Também os mineiros têm duas, ambas do Cruzeiro, pois o Galo, como o Botafogo e o Corinthians, não tem este gosto, como se a Libertadores não fosse coisa de alvinegro, apesar de o Santos sê-lo, embora o mais alvo de todos em seu uniforme dos anos das conquistas internacionais.
Mas o que têm os gaúchos que os outros não têm?
Dias desses, entrevistando o decano dos radialistas esportivos brasileiros, o gaúcho radicado no Rio Luiz Mendes, ouvi dele que, por influência dos irmãos do rio da Prata, os gaúchos sempre se interessaram mais por táticas e esquemas de jogo, razão pela qual haveria tantos técnicos gaúchos na história da "tchêleção" brasileira.
O historiador Ivan Soter concorda, embora tire João Saldanha e Oswaldo Brandão da relação dos gaúchos que treinaram a seleção, o primeiro por ter aderido à escola carioca e o segundo por ter se inscrito na paulista.
Tanto Mendes quando Soter falam de Otto Pedro Bumbell, oficial do Exército brasileiro e técnico do Grêmio, que, depois de um estágio na Gávea com o húngaro Dori Krueschner, fez do tricolor gaúcho, no modelo WM, exemplo de marcação dura, contra- -ataque veloz e bola cruzada na área. Ele alcançou sucesso na Espanha (para onde foi atrás de uma mulher) e implantou o futebol na Costa Rica.
Um seu seguidor, Carlos Froner, também do Exército do país, foi o mestre de Luiz Felipe Scolari.
Mas Soter diz que o estilo mais duro é típico do Grêmio, não do Inter, e exemplifica, com razão, com o time do tricampeonato brasileiro nos anos 70, com Paulo Roberto Falcão. E diz que foi o carioca Abel Braga que ensinou o Inter a bater...
Tudo bem. Importa lembrar que Celso Roth, outro gaúcho, como Cláudio Coutinho e Mano Menezes, como Dunga, acaba de entrar na história. Uma história que tem tudo para acabar com um Inter x Inter no Mundial de Clubes da Fifa.

blogdojuca@uol.com.br


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