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AÇÃO
Se não pode com eles, junte-se
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Recentemente um grande
negócio agitou o mercado de
surfe/skate wear mundial. Há
muito tempo, as grandes marcas
flertam, ficam e, às vezes, namoram com os esportes e as boas grifes do segmento das pranchas.
Isso acontece por meio de patrocínios -e também apoios- a
eventos e atletas, se dá também
através de licenciamentos e, na
maioria das vezes, simplesmente
explorando as imagens dos esportes e seus praticantes, procurando
estabelecer uma identidade que
muitas vezes não existe.
Mas o tal negócio foi um casamento de papel passado.
Sem revelar o teor da comunhão de bens, o que deve acontecer por meio das próximas publicações de balanços, a Nike comprou a Hurley, empresa norte-americana que com apenas cinco
anos de vida já figurava entre as
maiores do segmento.
Seu fundador, Bob Hurley, foi
durante anos o licenciado da
marca australiana Billabonbg
nos EUA, a que mais vendia no
mundo, mas preferiu deixar um
faturamento de US$ 120 milhões
por ano para se aventurar na
marca própria. E tudo indica que
valeu a pena.
Um detalhe curioso nessa transação envolve o bicampeão mundial de skate vertical, o brasileiro
Bob Burnquist. Patrocinado pela
Hurley, meses antes de seu patrocinador se render aos cifrões da
Nike, ele recebeu uma proposta
milionária da marca e, por entender que ela não tinha nada a ver
com o skate, recusou. Seu argumento é que a Nike nunca havia
investido no esporte, e, se quisesse
fazê-lo, não deveria ser através
dele. Meses depois, a gigante dos
tênis comprou a marca que ele
vestia e colava em seus skates.
Isso em nada deve afetar a relação de Burnquist com a Hurley.
Na verdade, ele se envolveu e
apoiou o acordo, que preserva a
independência da empresa e da
equipe, mas ilustra bem a diferença entre a visão do atleta autêntico e a do empresário que se envolve com o esporte só visando lucro.
Esse com certeza foi o maior
movimento na indústria, mas vários outros estão acontecendo,
evidenciando que esses esportes
seguem crescendo em importância no cenário mundial.
No Brasil, as grandes marcas internacionais começaram a chegar
nos anos 70 por meio de registros
piratas feitos por brasileiros.
Com o passar dos anos, a globalização, a pressão ética e as vantagens oferecidas pelas marcas
originais, ficou quase inevitável a
aproximação da versão nacional,
marcando o fim da pirataria.
E hoje o que se vê é que esses licenciados, que durante anos controlaram os destinos das marcas
no país em troca de pagamento
de royalties, estão sendo absorvidos pelas multinacionais ou vendendo a licença.
Foi assim com a Rip Curl, com a
Billabong, com a Oakley e o mesmo deve acontecer com as poucas
grandes que mantêm o modelo de
licenciamento. O Brasil, mesmo
considerando a limitada fatia da
população que tem poder de consumo, é um vasto mercado a ser
explorado.
Sou do tempo que muita gente
chamava essas práticas de "esportes do futuro". Garantir o futuro,
especialmente no Brasil, é uma
árdua tarefa, mas hoje, quando
levo minhas filhas ao cinema para ver "Lilo & Stitch" ou me sento
ao lado delas para assistir a "Power Rockets" na TV, percebo que
o futuro, ao menos para os nossos
esportes, já chegou.
A vez das minas
A Primedia, editora da "Surfing", da "Surfer", da "Snowboarder",
da "Seventeen", entre outras publicações especializadas, acaba de
lançar no mercado norte-americano a revista "Surf Snow Skate
Girl" apostando no crescente interesse das mulheres por um território antes dominado pelos homens.
Acesso irrestrito
Uma pesquisa cujo tema foi o perfil dos esportistas de aventura
realizada pelo site da internet Webventure registrou que houve um
crescimento significativo desse tipo de atividade entre o público da
classe C.
Lendas do skate
A terceira edição do "Urgh", campeonato para masters acima de
30 anos e supermasters acima de 37, acontece no próximo final de
semana no Country de Guaratinguetá (SP).
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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