São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2004

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FUTEBOL

O lado B da Europa

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Antonieliton Ferreira de Arruda, Josiesley Rosa, Jaime Júnior, Lúcio Wagner Freitas de Souza, Denis Souza Guedes...
Na lista de atletas da Copa da Uefa constam 86 brasileiros, 21 a mais do que os 65 da Copa dos Campeões, que bateu neste ano por muito o recorde de atletas nacionais na elite da Europa.
Além do alemão-brazuca-panamenho Kuranyi e de algumas figuras bem conhecidas por aqui, como o ex-são-paulino Fábio Simplício, o ex-santista Paulo Almeida, o ex-corintiano Rogério e o ex-flamenguista Sávio, o segundo interclubes europeu em importância põe em evidência brasileiros pouco conhecidos e retrata de forma até melhor que a Copa dos Campeões o êxodo de atletas do país para tudo quanto é lugar. Dos 80 times que estão na primeira rodada da Copa da Uefa, 31 têm ao menos um brasileiro. As equipes de Portugal apostam em meio time de brazucas: o Nacional da Madeira vai com 13 brasileiros, enquanto Marítimo e Sporting Braga têm nove cada um.
O aumento de 30% no número de brasileiros na Copa dos Campeões nesta temporada poderia ser ainda maior se pensarmos que muitos dos que estão na Copa da Uefa por pouco não alcançaram a Champions League. Somando os brazucas nos dois interclubes europeus, são 151 profissionais.
Se pegarmos os brasileiros que disputaram a Libertadores mais os que jogarão a fase internacional da Copa Sul-Americana, vai dar quase esses 151 brasileiros da Europa, que poderiam formar uma liga com 13 times.
O Brasil bate ano após ano recordes na exportação de atletas. Mais de 500 jogadores saem a cada temporada para o exterior (a Europa é o principal alvo, mas não o único). No ritmo que a coisa vai, em breve o país ultrapassará a barreira de mil atletas exportados em um único ano.
Se na Copa dos Campeões já está difícil identificar todos os brasileiros, imagine na da Uefa. Aalborg (Dinamarca), Dinamo Tbilisi (Geórgia), Ferencvaros (Hungria), Hapoel Bnei Sakhnin (Israel) e Litex (Bulgária) são alguns dos times que tentam o título com ao menos um brazuca.
A situação atual é bem diferente da que vimos durante quase todo o século passado. O limite de estrangeiros era o grande inibidor dessa invasão brasileira. O Arsenal, meu favorito para ser campeão europeu, tem só três jogadores ingleses na lista da Uefa. O Ajax tenta a sorte agora com só quatro holandeses em seu elenco de 14 nacionalidades diferentes. Na Copa dos Campeões, o time mais caseiro (ou menos "globalizado") é o Sparta Praga, com 22 tchecos e quatro eslovacos.
Como a Copa da Uefa é uma espécie de segunda divisão da Europa, ainda vê alguns casos de times 100% nacionais: Újpesti (22 húngaros), Banská Bystrica (23 eslovacos), Amica (25 poloneses), Dnipro (25 ucranianos) e Dinamo Bucareste (30 romenos). Porém, se esses tivessem a chance de ter um Ronaldinho, talvez mudassem sua política de contratações. Parece só haver uma exceção mesmo: o Athletic Bilbao, que, fiel à sua tradição, busca a Copa da Uefa com 35 bascos.

O lado A
Como a Folha detalhou na semana que passou, a Copa dos Campeões 2004/2005 tem Brasil e França como os países com mais atletas (são 72 franceses, sendo que pelo menos sete oriundos de outros países, e 65 brasileiros, contando Deco). Veja os demais países bem representados no torneio: Espanha (61 atletas), Itália (55), Alemanha (37), República Tcheca (34), Grécia (32), Inglaterra (31), Holanda e Portugal (29), Argentina (25), Noruega (22), Bélgica (20), Israel, Turquia e Ucrânia (18), Rússia e Sérvia e Montenegro (15), Croácia (14), Romênia (13), Suécia e Uruguai (11), Camarões e Gana (8), Irlanda e Polônia (7), Escócia, Eslováquia e Suíça (6) e África do Sul, Dinamarca, EUA e Nigéria (5). Há outras 34 nacionalidades envolvidas na disputa, o que dá um total de 67 países (mais que o dobro da Copa do Mundo, que conta atualmente com 32).

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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