São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

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Ameaçado, presidente do Atlético-MG renuncia

Ziza Valadares entrega cargo e afirma ter sido jurado de morte por conselheiro

Nenhum dos quatro vices ou algum dos opositores se dispõe a assumir o clube mineiro, que vive grave crise no ano de seu centenário

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Sob alegação de pressões da oposição e ameaça de morte, o presidente do Atlético-MG, Ziza Valadares, 62, renunciou ontem. Além de um "movimento orquestrado" contra sua gestão, apontou motivos familiares e pessoais para sair.
Ziza ocupava o posto havia dois anos e sete meses. No final da manhã, anunciou que estava entregando a carta-renúncia. Disse que "os doidos varridos podem administrar" o clube.
Acusou também, sem nominar, integrante do Conselho Deliberativo do Atlético-MG de tê-lo ameaçado de morte.
"É um movimento absolutamente orquestrado. E sabemos por quem: pessoas do conselho que têm a ousadia de mandar uma carta para a minha casa me ameaçando. É uma pessoa do nosso Conselho Deliberativo, com as torcidas organizadas que entram aqui para quebrar o patrimônio do Atlético e me ameaçar de morte. Nunca tive medo, continuo sem medo."
Segundo Ziza, um "grupo de conselheiros financia os grupos de oposição". Mas até ontem ninguém da oposição e nenhum dos quatro vice-presidentes queria assumir o clube.
O ano do centenário do Atlético-MG vai de mal a pior. Além de problemas políticos e da situação financeira ruim, o desempenho da equipe, a primeira campeã do Brasileiro (em 1971), é fraco. Continua tentando fugir da proximidade da zona do rebaixamento do Brasileiro -está em 12º lugar, com 30 pontos. Já disputou a Série B em 2006, sendo campeã.
Perdeu neste ano o Mineiro para o Cruzeiro (levando 5 a 0 em uma partida) e foi eliminado da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana. Deverá passar o ano do centenário sem título.
Por isso, tem sido alvo de chacota de sua própria torcida, após seis goleadas sofridas no ano. Os atleticanos somam os gols tomados e dizem que podem chegar a cem, idade do clube. Faltam 24 para isso.
Ziza vinha sendo pressionado pela oposição e por torcedores organizados por ter cortado subsídios às torcidas. Sua gestão está sob investigação do Ministério Público, que apura parcerias firmadas com outros clubes. Torcedores chegaram a invadir a sede administrativa e a depredar uma sala.
Há 30 dias, Ziza recebeu uma carta anônima ameaçando-o de morte se não deixasse o Atlético. Até seu filho, o deputado estadual Gustavo Valadares (DEM), foi ameaçado se não renunciasse à sua candidatura à Prefeitura de Belo Horizonte.
Nesta semana, Ziza disse que o clube sofreu uma derrota na Justiça e terá que pagar R$ 21 milhões a um grupo de empresários. Afirmou que sai deixando os salários da equipe em dia, embora com balanço negativo de R$ 3 milhões por mês.


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