|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ameaçado, presidente do Atlético-MG renuncia
Ziza Valadares entrega cargo e afirma ter sido jurado de morte por conselheiro
Nenhum dos quatro vices
ou algum dos opositores
se dispõe a assumir o clube mineiro, que vive grave crise no ano de seu centenário
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Sob alegação de pressões da
oposição e ameaça de morte, o
presidente do Atlético-MG, Ziza Valadares, 62, renunciou ontem. Além de um "movimento
orquestrado" contra sua gestão, apontou motivos familiares e pessoais para sair.
Ziza ocupava o posto havia
dois anos e sete meses. No final
da manhã, anunciou que estava
entregando a carta-renúncia.
Disse que "os doidos varridos
podem administrar" o clube.
Acusou também, sem nominar, integrante do Conselho
Deliberativo do Atlético-MG de
tê-lo ameaçado de morte.
"É um movimento absolutamente orquestrado. E sabemos
por quem: pessoas do conselho
que têm a ousadia de mandar
uma carta para a minha casa
me ameaçando. É uma pessoa
do nosso Conselho Deliberativo, com as torcidas organizadas
que entram aqui para quebrar o
patrimônio do Atlético e me
ameaçar de morte. Nunca tive
medo, continuo sem medo."
Segundo Ziza, um "grupo de
conselheiros financia os grupos
de oposição". Mas até ontem
ninguém da oposição e nenhum dos quatro vice-presidentes queria assumir o clube.
O ano do centenário do Atlético-MG vai de mal a pior. Além
de problemas políticos e da situação financeira ruim, o desempenho da equipe, a primeira campeã do Brasileiro (em
1971), é fraco. Continua tentando fugir da proximidade da zona do rebaixamento do Brasileiro -está em 12º lugar, com
30 pontos. Já disputou a Série
B em 2006, sendo campeã.
Perdeu neste ano o Mineiro
para o Cruzeiro (levando 5 a 0
em uma partida) e foi eliminado da Copa do Brasil e da Copa
Sul-Americana. Deverá passar
o ano do centenário sem título.
Por isso, tem sido alvo de
chacota de sua própria torcida,
após seis goleadas sofridas no
ano. Os atleticanos somam os
gols tomados e dizem que podem chegar a cem, idade do clube. Faltam 24 para isso.
Ziza vinha sendo pressionado pela oposição e por torcedores organizados por ter cortado
subsídios às torcidas. Sua gestão está sob investigação do Ministério Público, que apura parcerias firmadas com outros clubes. Torcedores chegaram a invadir a sede administrativa e a
depredar uma sala.
Há 30 dias, Ziza recebeu uma
carta anônima ameaçando-o de
morte se não deixasse o Atlético. Até seu filho, o deputado estadual Gustavo Valadares
(DEM), foi ameaçado se não renunciasse à sua candidatura à
Prefeitura de Belo Horizonte.
Nesta semana, Ziza disse que
o clube sofreu uma derrota na
Justiça e terá que pagar R$ 21
milhões a um grupo de empresários. Afirmou que sai deixando os salários da equipe em dia,
embora com balanço negativo
de R$ 3 milhões por mês.
Texto Anterior: Vasco tenta, no tapetão, tirar Palmeiras de copa Próximo Texto: Herança: Clube vive crise financeira Índice
|