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Semenya já havia sido testada, diz jornal
Dirigentes sabiam que atleta sul-africana é hermafrodita
DA REPORTAGEM LOCAL
Dirigentes sul-africanos sabiam que Caster Semenya é
hermafrodita e, mesmo assim,
levaram a atleta ao Mundial.
Uma troca de e-mails entre
cartolas e o médico pessoal do
presidente do país foi publicada ontem pelo jornal "Mail &
Guardian" e revela que a corredora foi submetida a exames
antes do torneio em Berlim.
No Mundial, Semenya venceu os 800 m de forma espantosa e aumentou a desconfiança
sobre sua identidade sexual.
As dúvidas da Iaaf (federação
internacional), que solicitou
testes da corredora, tornaram-
-se públicas, e a exposição de
seu drama causou comoção. Os
sul-africanos disseram desconhecer qualquer problema em
Semenya, 18, e acusaram a Iaaf
de imperialista e racista.
A troca de mensagens entre o
médico Harold Adams e Leonard Chuene e Molatelo Malehopo, dirigentes da federação
local de atletismo (ASA), porém, mostram outra versão.
Em 5 de agosto -o Mundial
começou no dia 15-, Adams
pergunta se deve examinar Semenya ou apenas esperar pelo
que poderia ocorrer em Berlim.
Malehopo responde que ele deve "se antecipar a possíveis pedidos da Iaaf" e fazer os testes.
Médico particular do presidente do país, Jacob Zuma,
Adams chegou com Semenya à
Alemanha em 9 de agosto.
Depois disso, um dirigente da
ASA afirmou ter recebido telefonema de uma clínica sul-africana informando que os resultados "não eram bons". Adams
teria, então, se reunido com os
mandatários para pedir que Semenya deixasse o Mundial.
Mas o pedido não foi atendido.
Outro cartola disse ao "Mail
& Guardian" ter ouvido Phiwe
Mlangeni-Tsholetsane, gerente de eventos da ASA, afirmar
que não tiraria Semenya do torneio porque precisava "de uma
medalha a qualquer custo".
A ASA criou uma comissão
para investigar o caso. O comitê
de esportes do Parlamento já
pediu para ouvir os envolvidos.
Dirigentes ouvidos pelo jornal, porém, acreditam que apenas uma investigação da Justiça possa elucidar o que aconteceu, já que Chuene é ligado a
políticos, e Adams, ao presidente. O médico já foi investigado
por fraude de medicamentos.
A ASA assumiu a administração da carreira de Semenya.
Ex-técnico da federação,
Wilfred Daniels afirmou que a
entidade pediu pagamento para a atleta aparecer em programas como o de Oprah Winfrey.
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