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Após quase dez anos afastado, troféu do Brasileiro volta a ser cobiçado
Caçadores da taça perdida
RODRIGO BUENO
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
A taça de campeão brasileiro de
futebol está em jogo. Há quase dez
anos ela está no mesmo lugar,
praticamente esquecida, mas, segundo a Folha apurou, pode enfim deixar as mãos da Caixa Econômica Federal e ficar para sempre em um clube, como deveria.
O paradeiro do troféu original
do Brasileiro era algo desconhecido para a imensa maioria dos torcedores -basicamente, os cariocas sabem onde ela mora. Alguns
podiam imaginar que a peça estava no Flamengo, campeão da elite
do futebol nacional em 1980, 82,
83 e 92. Outros poderiam achar
que ficava na sede da CBF, entidade que nomeou o Sport como legítimo campeão de 1987, fato que
gerou toda a confusão.
Nem um nem outro. O troféu
mais cobiçada pelos clubes nacionais em todos os tempos está em
um cofre na avenida Rio Branco,
no Rio, onde fica a sede da Caixa,
que bancou concurso nos anos 70
para a confecção do troféu.
Ela foi criada em 1975 para ser
entregue, em definitivo, ao time
que conquistasse três vezes seguidas ou cinco vezes alternadas o
Nacional. Porém desde 1992,
quando o Flamengo triunfou pela
quarta vez na elite nacional, a CBF
tirou de cena o inestimável objeto.
São 156 esferas, uma de ouro
maciço e 155 de prata de lei banhada em ródio. Porém a glória
de guardá-la para sempre na galeria de troféus, algo sem preço, não
é de nenhum clube devido ao imbróglio entre Flamengo e CBF.
A entidade que rege o futebol
brasileiro, por meio de sua assessoria de imprensa, confirma que
ainda não reconhece a conquista
de 87 do Flamengo -ventilou-se
que a CBF teria dividido o título
entre o time carioca e o Sport.
Se Flamengo, Palmeiras ou Vasco vencerem o Brasileiro deste
ano, poderiam pleitear a posse definitiva do troféu que está na Caixa -os dois primeiros teriam
cinco títulos da CBF, e o último,
quatro taças e a Copa JH. O departamento jurídico da CBF não respondeu à Folha sobre o caso.
O Flamengo, porém, já se move
agora para garantir a taça. Clóvis
Sahione, advogado que cuidou da
ação do time sobre o título de
1987, afirma que a causa foi ganha, e com chance de voltar ao
clube, fala em levar a taça à Gávea.
"Ganhamos por 5 a 3 no Tribunal de Justiça Desportiva após o
título de 87. Mas faltou vontade
política depois para pegar a taça.
Já fui advogado de Ricardo Teixeira [presidente da CBF", e ele
diz que o Flamengo foi campeão.
Só não dá a taça para não ficar mal
com o Nordeste. Voltando ao Flamengo, tentaremos pegar a taça
com base na vitória no TJD. A
CBF tem que cumprir", disse.
O time carioca vive intenso período eleitoral. Hoje será definido
o novo presidente do clube. Márcio Braga, um dos líderes da oposição, defensor da chapa Hélio
Ferraz/Radamés Lattari e presidente flamenguista em 1992, promete ganhar a taça.
"Se ganharmos, vamos buscar a
taça. Nós ganhamos no campo e
no tapetão. A CBF só divulgou regulamento que previa o cruzamento da primeira divisão com a
segunda depois de a competição
ter começado. Outros presidentes
deixaram a taça para lá porque estão ao lado de Ricardo Teixeira."
O atual presidente do Flamengo, Gilberto Cardoso Filho, disse
que impedirá na Justiça que qualquer outro time que venha a ser
pentacampeão leve o troféu.
"Se algum outro clube tentar ficar com a taça, nós vamos apelar
para todo tipo de Justiça para impedir que isso aconteça. A taça
não pode ir para outro time até
que o caso do Flamengo seja resolvido", disse o dirigente.
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