São Paulo, sábado, 19 de outubro de 2002

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Após quase dez anos afastado, troféu do Brasileiro volta a ser cobiçado

Caçadores da taça perdida

RODRIGO BUENO
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

A taça de campeão brasileiro de futebol está em jogo. Há quase dez anos ela está no mesmo lugar, praticamente esquecida, mas, segundo a Folha apurou, pode enfim deixar as mãos da Caixa Econômica Federal e ficar para sempre em um clube, como deveria.
O paradeiro do troféu original do Brasileiro era algo desconhecido para a imensa maioria dos torcedores -basicamente, os cariocas sabem onde ela mora. Alguns podiam imaginar que a peça estava no Flamengo, campeão da elite do futebol nacional em 1980, 82, 83 e 92. Outros poderiam achar que ficava na sede da CBF, entidade que nomeou o Sport como legítimo campeão de 1987, fato que gerou toda a confusão.
Nem um nem outro. O troféu mais cobiçada pelos clubes nacionais em todos os tempos está em um cofre na avenida Rio Branco, no Rio, onde fica a sede da Caixa, que bancou concurso nos anos 70 para a confecção do troféu.
Ela foi criada em 1975 para ser entregue, em definitivo, ao time que conquistasse três vezes seguidas ou cinco vezes alternadas o Nacional. Porém desde 1992, quando o Flamengo triunfou pela quarta vez na elite nacional, a CBF tirou de cena o inestimável objeto.
São 156 esferas, uma de ouro maciço e 155 de prata de lei banhada em ródio. Porém a glória de guardá-la para sempre na galeria de troféus, algo sem preço, não é de nenhum clube devido ao imbróglio entre Flamengo e CBF.
A entidade que rege o futebol brasileiro, por meio de sua assessoria de imprensa, confirma que ainda não reconhece a conquista de 87 do Flamengo -ventilou-se que a CBF teria dividido o título entre o time carioca e o Sport.
Se Flamengo, Palmeiras ou Vasco vencerem o Brasileiro deste ano, poderiam pleitear a posse definitiva do troféu que está na Caixa -os dois primeiros teriam cinco títulos da CBF, e o último, quatro taças e a Copa JH. O departamento jurídico da CBF não respondeu à Folha sobre o caso.
O Flamengo, porém, já se move agora para garantir a taça. Clóvis Sahione, advogado que cuidou da ação do time sobre o título de 1987, afirma que a causa foi ganha, e com chance de voltar ao clube, fala em levar a taça à Gávea.
"Ganhamos por 5 a 3 no Tribunal de Justiça Desportiva após o título de 87. Mas faltou vontade política depois para pegar a taça. Já fui advogado de Ricardo Teixeira [presidente da CBF", e ele diz que o Flamengo foi campeão. Só não dá a taça para não ficar mal com o Nordeste. Voltando ao Flamengo, tentaremos pegar a taça com base na vitória no TJD. A CBF tem que cumprir", disse.
O time carioca vive intenso período eleitoral. Hoje será definido o novo presidente do clube. Márcio Braga, um dos líderes da oposição, defensor da chapa Hélio Ferraz/Radamés Lattari e presidente flamenguista em 1992, promete ganhar a taça.
"Se ganharmos, vamos buscar a taça. Nós ganhamos no campo e no tapetão. A CBF só divulgou regulamento que previa o cruzamento da primeira divisão com a segunda depois de a competição ter começado. Outros presidentes deixaram a taça para lá porque estão ao lado de Ricardo Teixeira."
O atual presidente do Flamengo, Gilberto Cardoso Filho, disse que impedirá na Justiça que qualquer outro time que venha a ser pentacampeão leve o troféu.
"Se algum outro clube tentar ficar com a taça, nós vamos apelar para todo tipo de Justiça para impedir que isso aconteça. A taça não pode ir para outro time até que o caso do Flamengo seja resolvido", disse o dirigente.


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