São Paulo, sábado, 19 de outubro de 2002

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GINÁSTICA

Alta do dólar e burocracia consomem US$ 31 mil em equipamentos que contemplariam a melhor ginasta do país

Câmbio faz sumir aparelhos "de Daniele"

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

A alta do dólar, a demora na regulamentação da lei que permite a importação de material esportivo com isenção fiscal e outras burocracias fizeram com que verba liberada pelo Ministério do Esporte e Turismo para aquisição de equipamento que será usado pela ginasta Daniele Hypólito, 18, sofresse perda superior a US$ 31 mil.
Da época em que a Confederação Brasileira de Ginástica recebeu do ministério R$ 299.487,30 até o fim do processo para a compra dos conjuntos feminino e masculino de ginástica, o dólar valorizou cerca de 40% em relação ao real, representando uma queda de 28% no valor aquisitivo.
"É a lei, não foi culpa do ministério", argumenta Lars Grael, o secretário nacional do Esporte.
Foi o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso que, meses atrás, intercedeu em favor da ginasta ao declarar que ""não queria mais ouvir Daniele reclamando por causa da falta de equipamentos para treinamento".
Em meados de junho, a CBG recebeu do ministério os R$ 299.487,30, que, convertidos em dólar, representariam à época cerca de US$ 113 mil para serem utilizados para adquirir dois conjuntos de aparelhos, um masculino e outro feminino, e pagar as despesas de frete. O dólar valia então aproximadamente R$ 2,65.
O dinheiro, porém, só poderia ser usado após a lei de isenção para a importação, aprovada em 10 de maio, ser regulamentada, o que ocorreu só no dia 9 de agosto.
Depois foi necessário esperar que os procedimentos para a CBG fossem publicados na edição de 12 de agosto do "Diário Oficial".
Somente então a entidade tomou conhecimento da lista de documentos necessários para a isenção na importação dos materiais, como certidões negativas, carta da FIG (Federação Internacional de Ginástica) e parecer do COB (Comitê Olímpico Brasileiro).
A burocracia foi finalizada só no início deste mês, quando o dólar atingia a marca de R$ 3,68.
Assim, a CBG foi forçada a realizar cortes na lista de materiais a serem importados: não adquiriu colchões (de apoio, da trave de equilíbrio e das argolas), a esteira de saltos, onde as ginastas correm, e a proteção para saltos, que fica em volta do trampolim.
Em vez de quatro trampolins, foi adquirido só um. Também foi descartada a compra do tumbling, o aparelho que serve para o aperfeiçoamento das acrobacias.
"No caso dos colchões, podemos usar aqueles feitos no Brasil mesmo ou até mesmo reformar os antigos", afirma Vicélia Florenzano, presidente da CBG. Já Daniele absteve-se de comentar.



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