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saco sem fundo
Orçamento do Pan infla 444% e chega a R$ 2,8 bilhões
Custo anunciado há quatro anos era de R$ 523,84 milhões; participação do governo federal cresce e paga meio evento
Executivos da Prefeitura do Rio não descartam mais dinheiro público no evento, que ainda assim não terá todas as metas cumpridas
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Os governos (federal, estadual e municipal) declaram
gastar com o Pan-07 ao menos
R$ 2,847 bilhões. Dados obtidos pela Folha revelam que a
conta subiu 443,5% em relação
ao valor anunciado pelo Comitê Olímpico Brasileiro e políticos no dia da vitória da candidatura carioca, em 2002.
O evento estava orçado, nos
três níveis de governo, em US$
128,6 milhões -ou R$ 523,84
milhões em valor corrigido.
Apesar da elevação do custo,
executivos da Prefeitura do Rio
e do governo federal não descartam que mais dinheiro público poderá ser consumido.
A outra surpresa das contas é
a maior participação do governo federal. Em 2002, os gastos
eram equivalentes a 33,8% do
total. Agora, a participação é de
R$ 1,439 bilhão, mais da metade dos investimentos. As maiores verbas federais serão em segurança (R$ 385 milhões), na
construção da Vila do Pan (R$
189 milhões) e do Complexo de
Deodoro (R$ 76,9 milhões).
Embora tenha tido mais despesas, o Ministério do Esporte
não contesta o aumento de gasto. ""O Pan foi compromisso do
país com a comunidade internacional. Cabe, portanto, ao
governo federal garantir a realização dos Jogos com a qualidade que um evento deste porte exige", informou a assessoria
de imprensa do ministério.
A Prefeitura do Rio já contabiliza um gasto quatro vezes
maior ao orçado em 2002, tendo comprometido R$ 1,276 bilhão. O estádio olímpico João
Havelange é o principal investimento municipal. Até agora,
R$ 315 milhões foram gastos na
construção do estádio com capacidade para 45 mil pessoas.
Nanico no rateio, o governo
do Estado teve o seu orçamento inflado em três vezes. A conta subiu de R$ 39 milhões para
R$ 132 milhões. Sua maior despesa é a reforma do complexo
do Maracanã. Apesar dos cerca
de R$ 80 milhões investidos, o
Maracanã deverá ser submetido a outra grande reforma, caso
o país seja a sede da Copa-2014.
O presidente da CBF, Ricardo
Teixeira, já disse que somente
após novas obras o estádio poderá receber o Mundial.
O único conflito nos dados
dos governos é sobre as obras
na Vila do Pan. A prefeitura,
que gastará cerca de R$ 100 milhões com infra-estrutura, calcula o total em R$ 300 milhões.
O prefeito Cesar Maia alega
que o dado foi incluído na lista
porque se trata de parceria
com o governo federal. Já Brasília também soma R$ 300 milhões. A Caixa Federal financiará R$ 190 milhões para erguer 17 prédios. Outros gastos
na Vila não foram informados.
Apesar da alta conta, vários
legados prometidos pelos governantes aos moradores do
Rio não saíram do papel. A prefeitura anunciara que o Hospital Lourenço Jorge seria reformado. Depois da crise na saúde
pública no Rio, em 2006, o hospital foi retirado do projeto. Os
governos também não viabilizaram novas linhas de transporte público (metrô, trens e
barcas) para a Barra da Tijuca,
que concentrará os atletas.
Depois da conta divulgada
em 2002, os organizadores do
Pan divulgaram outros dois orçamentos. Em fevereiro de
2003, segundo levantamento
feito pela Fundação Getúlio
Vargas, o custo já seria de US$
225 milhões (R$ 999,33 milhões, corrigido pelo câmbio da
época e pelo IPCA no período).
Na conta estava incluída a parte do Co-Rio (comitê organizador dos Jogos), que era de R$
219,96 milhões. Os governos
gastariam R$ 779,37 milhões.
Em 2005, o comitê divulgou
o custo operacional do evento:
R$ 691 milhões. Esse valor não
incluía gastos com segurança e
construção de instalações esportivas. O valor seria custeado
pelos três níveis de governo. O
Co-Rio só comenta os valores
apresentados em 2005.
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