São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2008

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Por custos, FIA quer ressuscitar antiga F2

Categoria serviu de escola para Fittipaldi e Mansell

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A XANGAI

Enquanto a F-1 discute formas de cortar custos para se manter um esporte viável não só para as grandes marcas, uma "nova" categoria começa a sair do papel tendo como principal atrativo justamente o preço.
Em Xangai, onde nesta madrugada aconteceria o GP da China, penúltima etapa do Mundial de F-1 e que poderia coroar Lewis Hamilton campeão, foi anunciado que a partir de 2010 os motores deverão ser padronizados.
Uma medida que gerou críticas, mas cujo principal objetivo é diminuir os custos para as equipes, já que os motores são sua principal fonte de gastos.
Às voltas com a crise econômica mundial, categorias escola como GP2, F-3 e F-Renault européia ficaram caras, especialmente para pilotos de países em desenvolvimento.
Foi justamente por isso que a FIA resolveu resgatar, após 25 anos, a F-2 para 2009. Categoria que já foi escola para pilotos como Emerson Fittipaldi, James Hunt, Nigel Mansell e Keke Rosberg, entre outros, que depois vingariam na F-1, seu processo de seleção para a reestréia inclusive já foi aberto.
"Nosso principal objetivo é reduzir os custos para pilotos jovens que têm objetivo de chegar à F-1", disse Jonathan Palmer, campeão da F-2 em 1983, um ano antes de sua extinção, e agora responsável por ela.
Como comparação, a temporada completa na categoria -com 16 provas em oito finais de semana na Europa- custará cerca de 245 mil (R$ 720 mil). Na F-3, o valor sobe para 650 mil por ano. Na F-Renault européia, para 800 mil.
Já na GP2, que levou Lewis Hamilton, Nelsinho Piquet e Nico Rosberg, entre outros, à F-1, o custo é mais elevado. Estima-se que um ano num bom time custe 1,5 milhão.
Assim como ocorre nas categorias inferiores, os carros da F-2 serão todos feitos pela MotorSport Vision. Os motores serão turbo, de 1,8 litro e 20 válvulas, da Audi, com base nos usados na F-Palmer Audi. Mas, ao contrário da categoria, que usa peças de carros de passeio, os da F-2 serão produzidos exclusivamente para corrida.
A performance deve ficar entre as de um F-1 e de um F-3. Em termos de tempo de volta, deverão ficar próximos dos da F-Renault. Os chassis serão desenvolvidos pela Williams.
A equipe, inclusive, já pensa em usar os mesmos chassis que serão desenvolvidos para a categoria para pôr em prática um programa exclusivo de desenvolvimento de jovens talentos.
Os carros ficarão prontos em março de 2009 e a temporada começa em 31 de maio, em Valencia. Serão duas corridas por fim de semana, sendo que apenas a segunda terá pit stops.
"Temos interesse em alguns brasileiros, mas ainda estamos em negociação", falou Palmer.
"Já temos mais de 110 interessados e não será fácil definirmos nosso grid. Teremos de fazer um equilíbrio entre talento e em quem se interessou antes pela F-2", completou o dirigente, que espera no mês que vem ter os pilotos escolhidos.
Outro atrativo da "nova" categoria é o fato de os três primeiros colocados ganharem automaticamente a superlicença, a permissão necessária para correr na F-1. Categorias como as F-3 européia, inglesa, italiana e japonesa, por exemplo, concedem a superlicença apenas para o campeão. Além disso, o vencedor da F-2 ainda ganhará um teste na Williams.


Leia o relato do GP da China
www.folha.com.br/0829113


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