São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2008

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PAULO VINICIUS COELHO

O que está em jogo?


Em suas passagens pelo Palmeiras, Luxemburgo nunca perdeu duas vezes no Palestra Itália no mesmo ano

O CLÁSSICO Palmeiras x São Paulo expõe mais do que um confronto para saber quem será o anti-Grêmio do Brasileirão.
Mais até do que a rivalidade iniciada em 1936, que teve o ápice nos anos 40, com barricadas de palmeirenses tentando evitar que os são-paulinos tirassem dos italianos o estádio Palestra Itália. Ou nos anos 90, quando o São Paulo era bicampeão do mundo e tinha como maior rival o poder econômico da Parmalat.
Nesta primeira década do novo século, o São Paulo ostenta o bi brasileiro e o tri mundial, conquistados nos últimos três anos. Despertou no rival o desejo de ser igual.
"Nosso projeto é ter a hegemonia do futebol brasileiro", afirma o vice-presidente do Palmeiras, Gilberto Cipullo. O Palmeiras quer ser o que o São Paulo é.
A filosofia para alcançar esse posto é completamente diferente no Palestra Itália do que foi no Morumbi. A começar pela administração, baseada em parcerias rejeitadas no Morumbi. Não é seguro afirmar que um modelo é melhor do que o outro, e há na cúpula tricolor quem já tratou do assunto com o presidente Juvenal Juvêncio. Após viagem à Europa, Marco Aurélio Cunha chegou à conclusão de que no mundo inteiro há clubes que só se mantêm por firmarem parcerias com investidores. Por crer nisso, o Palmeiras se uniu à Traffic. O São Paulo foge dela.
"Algumas vezes negociamos com jogadores porcentagens de seus próprios contratos, e são eles que tratam com agentes ou investidores, sem o nosso conhecimento", costuma dizer Juvenal Juvêncio. Nessas condições, Hernanes passou a ser representado pela Traffic, que tentou colocá-lo na Europa entre junho e julho. Não conseguiu.
Por outro lado, a filosofia palmeirense montou um elenco que, se não ganhar o campeonato em 2008, estará pronto para entrar 2009 com força. Nas férias passadas, era o São Paulo bicampeão brasileiro quem festejava o Réveillon seguro de um ano bom só com pequenos ajustes.
Hoje, o Palmeiras é quem tem essa convicção, e o Tricolor prepara a maior renovação dos últimos cinco anos. Há jogadores de malas prontas, como Joílson, Juninho e André Lima. Outros, com chegada já marcada para janeiro, como o lateral-direito Wágner Diniz, do Vasco. Mas o São Paulo manterá Muricy Ramalho, desde que não fracasse o projeto mínimo: vaga na Libertadores.
E o Palmeiras seguirá com Luxemburgo, desde que Dunga não atrapalhe os planos da diretoria.
Em suas passagens pelo alviverde, Luxemburgo nunca perdeu duas vezes no Palestra Itália no mesmo ano. Suas cinco derrotas em casa distribuem-se pelos anos de 1993 (Santos), 1994 (Guarani), 1995 (Portuguesa), 1996 (Cruzeiro) e 2008 (Sport). De 2005 para cá, o São Paulo jogou no Palestra Itália quatro vezes e só perdeu uma, justamente para o Palmeiras de Luxemburgo.
Isso reforça a idéia de que o Palmeiras é capaz de perder um jogo com a importância do clássico de hoje quando é dirigido por Paulo Bonamigo, Marcelo Vilar, até por Caio Jr. Não o Palmeiras de Luxemburgo.
Por quê? Ora, porque Luxemburgo vem com um rótulo grudado em sua testa que diz: "O melhor técnico do Brasil". Pois essa é outra questão em jogo no clássico de hoje.

pvc@uol.com.br

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