São Paulo, segunda-feira, 19 de outubro de 2009

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br

A receita da reforma

ANDRADE herdou de Cuca um time viciado. Há três anos, com Joel, Caio Júnior e Cuca, o Flamengo atuava com três zagueiros, por mais que seus treinadores afirmassem que o sistema não era o preferido.
Discretamente, o time mudou. Quando se olhou para o novo Flamengo, em plena reação, Andrade já trocara o vício pela moda. Sistema mais usado do ano, o 4-2-3-1 virou a receita da reação.
Quer dizer que o novo Flamengo, brilhante no returno, disputa vaga na Libertadores e sonha com a taça usando o mesmo sistema da seleção de Dunga e do Corinthians de Mano Menezes. Contra o Palmeiras, sem o zagueiro Álvaro, Aírton deixou de formar a dupla titular de volantes com Maldonado e atuou na zaga com Ronaldo Angelim. Toró ocupou seu espaço e colou em Diego Souza. À frente dos cabeças de área, a linha de três armadores tinha ontem Wil-liams pela direita, Petkovic no meio, Zé Roberto à esquerda.
O sistema não ganha o jogo, é óbvio. Petkovic ajuda mais. Especialmente quando é marcado pelo mais lento dos meio-campistas palmeirenses. No primeiro gol, Edmilson errou duas vezes. Primeiro, deu liberdade para Petkovic receber o passe. Depois, demorou para dar o bote e deixou o rival invadir a área após tabelar com Juan. Pet absolveu o rival: "O passe de Juan foi muito bom, e Edmilson só não tirou a bola por um dedo". Gentileza a sua, Pet. Edmilson errou o jogo todo.
Ontem, Muricy demorou para mudar a cabeça de área. Insistiu em não bloquear os contra-ataques rubro-negros até levar o segundo gol, no escanteio cobrado por Petkovic.
Um mérito de Andrade foi montar a defesa à moda antiga. Outro, permitir que os meias, não os laterais, tomassem as rédeas. Petkovic e Zé Roberto, não mais Léo Moura e Juan, armam o time. O sistema da moda não é novidade para Andrade. Em 1981, na final do Estadual do Rio, o Fla venceu o Vasco por 2 a 1 e, naquele dia, Andrade jogou num time montado como o de ontem. Nei Dias era o lateral, e Leandro, improvisado, o segundo volante. Lico, Zico e Adílio em os três meias, e Nunes, o centroavante isolado.
O Flamengo do Andrade técnico joga à imagem e semelhança do Flamengo do Andrade jogador.



A FALTA DE PIERRE
Desde que Pierre machucou-se, em agosto, nunca o Palmeiras sentira tanto a sua falta. Contra Petkovic, Pierre é mais rápido que Edmilson. Provavelmente reduziria o espaço para o meia e os contra-ataques. O Palmeiras ainda errou no escanteio. Dos últimos 13 gols sofridos, 8 nasceram de bolas paradas.

NÃO É O RODÍZIO
Não é pelo rodízio no ataque que o São Paulo sofre. A troca de atletas pode ser o sintoma, não a doença. Os melhores jogos com Ricardo Gomes foram contra Goiás e Grêmio. Um com Washington, outro com Borges. Nos dois, o meio tinha Jean, Hernanes, Richarlyson, Jorge Wagner e Junior César.

FREGUÊS DE ROTH
No meio do segundo turno de 2007, o São Paulo tinha confronto decisivo diante do Vasco, de Celso Roth. Venceu por 2 a 0. De lá para cá, o treinador gaúcho virou algoz da equipe tricolor paulista. Vitórias por 1 a 0, no turno e no returno do ano passado, pelo Grêmio. Triunfos por 2 a 0 e 1 a 0 no Brasileiro desta temporada, pelo Atlético-MG. Mais do que Celso Roth, decisivo foi o atacante Diego Tardelli, autor do gol no 1 a 0 de anteontem.


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