São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2010

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LOS GRINGOS
JUAN PABLO VARSKY


Feio, sujo e mau


Raramente se vê dois passes seguidos. Tornamo-nos mendigos de boas jogadas


O CAMPEONATO APERTURA argentino é feio, sujo e mau. Cada rodada oferece uma sucessão de jogos medíocres, erros de arbitragem e reclamações histéricas dos jogadores. Raramente se vê dois passes seguidos. Tornamo-nos mendigos de boas jogadas.
Uma triangulação de primeira e uma virada de jogo nos emocionam. Somos capazes de organizar uma festa para cem pessoas caso surja um golaço, em uma jogada individual ou troca de passes organizada para destruir uma defesa. Os juízes cometem erros conceituais grosseiros. Na dúvida, marcam mão, e cometem o pior dos pecados: inventar.
É óbvio que o árbitro está errado tanto na omissão quanto ao inventar, mas essa última falha é mais grave no ambiente da arbitragem. Não punem o jogo bruto com a severidade devida e mostram cartões amarelos a jogadores que entram com a intenção de quebrar um colega, circunstancialmente rival. E, por fim, jogadores e técnicos passam o tempo todo protestando diante dos jornalistas.
Todos se sentem prejudicados e perseguidos por erros de arbitragem. "Há uma campanha contra nós", choram no microfone. É claro que nunca admitem quando um erro de arbitragem os ajuda. E os exemplos de autocrítica por mau rendimento são muito escassos.
O Estudiantes é líder, graças à solidez de sua defesa. O Vélez apresentou os melhores momentos de futebol do torneio, mas perdeu muitos pontos no começo e agora está correndo para se recuperar. O Arsenal exibe virtudes e oculta defeitos. Basta para lhe valer a segunda colocação.
Nenhum dos grandes está na parada. O River não ganha há quatro jogos. O Boca venceu duas partidas seguidas, mas jogando feio. O colombiano Moreno (um mini Rivaldo) salvou o Racing de um escândalo diante do Argentinos. O Independiente mudou de técnico devido aos maus resultados e se aferra à Copa Sul-Americana como salva-vidas. O San Lorenzo começou bem, mas seus jogadores criaram problemas ao jogar pôquer até as cinco da manhã na noite anterior a uma partida.
O All Boys e o Godoy Cruz escapam à mediocridade dominante e surpreendem agradavelmente por seus esquemas de jogo audazes e criativos. David Ramírez (Godoy Cruz), Juan Martínez (Vélez) e Enzo Pérez (Estudiantes) se destacam em um campeonato que, por enquanto, é feio, sujo e mau.


JUAN PABLO VARSKY é colunista de futebol do jornal argentino "La Nación" e do site Canchallena.com

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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