São Paulo, sábado, 19 de novembro de 2005

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FUTEBOL

Time espalha consulados pelo mundo e faz galpão para exaltar raízes

Inter evoca o sentimento gaúcho em renascimento

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O grito "eu sou gaúcho" que ecoa das arquibancadas de Porto Alegre é levado ao pé-da-letra pelo Internacional, que joga amanhã para vencer o Corinthians e embolar de vez a disputa pelo título do Campeonato Brasileiro.
Para angariar fundos e cultivar o "sentimento gaúcho", o clube, que fecha com Rio Grande Sul o seu hino, bolou um projeto que lembra muito o do Barcelona, que põe o time para exaltar a cultura e o nacionalismo catalão.
São mais de 250 consulados espalhados por quase todo o Brasil e em outros 14 países. Cada um deles tem sócios que pagam R$ 15 mensais que são repassados ao clube e ajudam a engordar o quadro associativo do Inter -são hoje 21,6 mil sócios, que em 2004 renderam R$ 3,2 milhões, a quarta maior receita da equipe no ano passado, quando o número de associados era menor.
A cultura de consulados para os clubes gaúchos é tradicional (o Grêmio tem projeto parecido), mas ganhou ares empresariais no Beira-Rio a partir de 2003, quando o clube trocou a decadência nacional para voltar a ter bons resultados no Brasileiro.
Para receber os cônsules e torcedores de fora de Porto Alegre, o Inter está construindo ao lado do estádio Beira-Rio um galpão de 2.500 m2 para, segundo o clube, "estimular, divulgar e valorizar as raízes e a cultura do povo Riograndense através de suas atividades artísticas e sociais."
O empreendimento leva o nome de "Lenço Colorado", e funciona nos moldes dos centro de tradições gaúchas espalhados pelo mundo, com restaurante e danças típicas.
A obra está orçada em R$ 2,5 milhões, e o Inter pretende fazê-la toda com doações de torcedores -já foram enviados 10 mil sacos de cimentos (20% do necessário), muitos de lugares distantes de Porto Alegre, como Fortaleza.
O "Lenço Colorado" licenciou uma série de produtos, muitos deles ligando o Inter ao Rio Grande do Sul, que rendem R$ 20 mil mensais ao clube. "A tradição aqui é muito forte. O clube segue suas raízes", diz Jefferson Goulart, o responsável pela área -"patrão", segundo a tradição.
O Inter, assim como o Barcelona, tem uma fundação, criada em 1929 para integrar a "vida dos internacionalistas".
Os cartolas dizem que o orgulho gaúcho é mesmo uma das armas para impulsionar o clube. "A idéia é fazer com que o povo gaúcho ajude o clube. Somos unidos e orgulhosos de sermos gaúchos", afirma Mário Sérgio Martins da Silva, um dos vice-presidentes do vice-líder do Brasileiro. A maioria dos consulados do Inter no país fica em locais com forte migração gaúcha, como Mato Grosso. Mas também chega a lugares mais distantes, como a cidade de Maués, no Amazonas.
Em São Paulo, são cerca de 150 sócios. E eles atestam que a associação entre regionalismo gaúcho e futebol funcional. "Longe de casa, o gaúcho fica um pouco escondido, isolado. Só que quando você junta 10 ou 15, bate aquela saudade, lembranças do que você fazia no Rio Grande. O consulado é uma forma de manter a nossa cultura", diz Luís Antonio Tiesto, cônsul do Inter em São Paulo.
Para exaltar o clube e o Rio Grande do Sul, a diretoria tem o apoio dos jogadores. Eles participam da inauguração de consulados e servem de garotos-propaganda de promoções como a que vende, por R$ 10, pulseiras que levam o nome de "alma colorada".


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