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FUTEBOL
Time espalha consulados pelo mundo e faz galpão para exaltar raízes
Inter evoca o sentimento gaúcho em renascimento
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O grito "eu sou gaúcho" que
ecoa das arquibancadas de Porto
Alegre é levado ao pé-da-letra pelo Internacional, que joga amanhã para vencer o Corinthians e
embolar de vez a disputa pelo título do Campeonato Brasileiro.
Para angariar fundos e cultivar
o "sentimento gaúcho", o clube,
que fecha com Rio Grande Sul o
seu hino, bolou um projeto que
lembra muito o do Barcelona, que
põe o time para exaltar a cultura e
o nacionalismo catalão.
São mais de 250 consulados espalhados por quase todo o Brasil e
em outros 14 países. Cada um deles tem sócios que pagam R$ 15
mensais que são repassados ao
clube e ajudam a engordar o quadro associativo do Inter -são hoje 21,6 mil sócios, que em 2004
renderam R$ 3,2 milhões, a quarta maior receita da equipe no ano
passado, quando o número de associados era menor.
A cultura de consulados para os
clubes gaúchos é tradicional (o
Grêmio tem projeto parecido),
mas ganhou ares empresariais no
Beira-Rio a partir de 2003, quando o clube trocou a decadência
nacional para voltar a ter bons resultados no Brasileiro.
Para receber os cônsules e torcedores de fora de Porto Alegre, o
Inter está construindo ao lado do
estádio Beira-Rio um galpão de
2.500 m2 para, segundo o clube,
"estimular, divulgar e valorizar as
raízes e a cultura do povo Riograndense através de suas atividades artísticas e sociais."
O empreendimento leva o nome de "Lenço Colorado", e funciona nos moldes dos centro de
tradições gaúchas espalhados pelo mundo, com restaurante e danças típicas.
A obra está orçada em R$ 2,5
milhões, e o Inter pretende fazê-la
toda com doações de torcedores
-já foram enviados 10 mil sacos
de cimentos (20% do necessário),
muitos de lugares distantes de
Porto Alegre, como Fortaleza.
O "Lenço Colorado" licenciou
uma série de produtos, muitos
deles ligando o Inter ao Rio Grande do Sul, que rendem R$ 20 mil
mensais ao clube. "A tradição
aqui é muito forte. O clube segue
suas raízes", diz Jefferson Goulart,
o responsável pela área -"patrão", segundo a tradição.
O Inter, assim como o Barcelona, tem uma fundação, criada em
1929 para integrar a "vida dos internacionalistas".
Os cartolas dizem que o orgulho
gaúcho é mesmo uma das armas
para impulsionar o clube. "A idéia
é fazer com que o povo gaúcho
ajude o clube. Somos unidos e orgulhosos de sermos gaúchos",
afirma Mário Sérgio Martins da
Silva, um dos vice-presidentes do
vice-líder do Brasileiro. A maioria
dos consulados do Inter no país
fica em locais com forte migração
gaúcha, como Mato Grosso. Mas
também chega a lugares mais distantes, como a cidade de Maués,
no Amazonas.
Em São Paulo, são cerca de 150
sócios. E eles atestam que a associação entre regionalismo gaúcho
e futebol funcional. "Longe de casa, o gaúcho fica um pouco escondido, isolado. Só que quando você
junta 10 ou 15, bate aquela saudade, lembranças do que você fazia
no Rio Grande. O consulado é
uma forma de manter a nossa cultura", diz Luís Antonio Tiesto,
cônsul do Inter em São Paulo.
Para exaltar o clube e o Rio
Grande do Sul, a diretoria tem o
apoio dos jogadores. Eles participam da inauguração de consulados e servem de garotos-propaganda de promoções como a que
vende, por R$ 10, pulseiras que levam o nome de "alma colorada".
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