São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2008

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Seleção atua sob a sombra de Muricy

Time pega Portugal com Dunga pressionado por prestígio recém-adquirido pelo técnico são-paulino na cúpula da CBF

Seleção portuguesa, que em Brasília coloca sua força máxima para jogar, tem duas vitórias nos últimos dois confrontos com o Brasil


Alan Marques/Folha Imagem
O técnico Dunga, que evitou responder se falta ética para treinadores que dizem querer seu cargo, comanda treino da seleção para a partida contra Portugal

DO ENVIADO A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

É só um amistoso o duelo contra Portugal, em Brasília, às 22h. Só que desta vez um novo fiasco terá um peso muito maior contra a permanência de Dunga na seleção brasileira do que um jogo que não vale pontos normalmente teria.
Isso porque agora ele tem um concorrente com um nível de aprovação que Vanderlei Luxemburgo nem chegou perto nos últimos meses na CBF.
Muricy Ramalho é visto na entidade hoje como um novo Luiz Felipe Scolari. O são-paulino tem para a CBF os mesmos trunfos que o hoje técnico do Chelsea tinha em 2001, quando assumiu a seleção.
Aprovação da crítica, bons resultados no seu clube, relacionamento bom com os jogadores e experiência. Tudo que falta para Dunga e, em parte, para Luxemburgo.
Não bastasse um real concorrente, Dunga terá uma missão bastante complicada na reinauguração do Bezerrão.
O Brasil vem de duas derrotas seguidas para Portugal, que trouxe sua força máxima -incluindo Cristiano Ronaldo, o favorito a melhor do mundo em 2008. Em casa, a seleção brasileira não vence há três jogos, sem ter feito um mísero gol nessas partidas.
O ambiente no Bezerrão também não vai ajudar. Apesar da baixa procura por ingressos, o estádio, por comportar só 20 mil pessoas, deve virar um caldeirão, já que a distância entre o alambrado e o campo não chega a dez metros.
Nas tribunas, Ricardo Teixeira, o presidente da CBF, estará cercado de políticos. E em outras exibições pífias da seleção com Dunga, como no jogo contra a Argentina pelas eliminatórias em junho passado, ele reclamou do trabalho do treinador para seus importantes vizinhos de camarote.
Ontem, Dunga fez uma defesa enfática de seu trabalho na seleção brasileira, que começou em agosto de 2006.
"Dizem que eu não tenho experiência, mas tinha 12 anos da seleção como jogador. Fui campeão da Copa América sem os principais jogadores. Trouxe a quarta medalha olímpica para o país. Estamos em segundo nas eliminatórias, onde ganhamos dois jogos seguidos fora de casa, o que não acontecia há muito tempo", falou o treinador.
Dunga evitou responder se falta ética para treinadores que dizem querer seu cargo, mas antes soltou uma farpa contra os concorrentes. "Quando você tem um cargo importante, é preciso ter postura."
Entre os jogadores, a promessa é de apoio ao treinador e bom futebol. Mas Kaká, a estrela maior, admite que a permanência de Dunga não depende deles. "Isso está além dos jogadores", falou o atleta do Milan.
O meia-atacante e outros atletas dizem que o importante agora é resgatar o prestígio da seleção jogando em casa.
"Uma vitória vai ajudar a amenizar muitas coisas e trazer uma identidade maior dos jogadores com o Brasil", falou Kaká. "É uma boa oportunidade para mostrar ao torcedor que nós somos uma boa seleção", disse o goleiro Júlio César.
Depois da partida de hoje, a seleção entra em recesso e volta a campo somente em fevereiro, quando enfrenta a Itália, em amistoso em Londres.
Pelas eliminatórias, o time só joga agora no final de março, quando irá enfrentar o Equador na altitude de Quito.0 (PAULO COBOS E ADRIANO CEOLIN)


NA TV - Brasil x Portugal
Globo e Sportv, ao vivo, às 22h



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