São Paulo, quinta-feira, 19 de novembro de 2009

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JUCA KFOURI

O ótimo ano da seleção


Desde 1997 um treinador não produzia temporada tão vitoriosa à frente do time de camisa amarela


A DUNGA o que é de Dunga: 86% de aproveitamento em 17 jogos da seleção brasileira não é para qualquer um.
Ainda mais se em meio a esses jogos há uma conquista da Copa das Confederações com cinco vitórias em cinco jogos e mais o simbólico título de campeão nas eliminatórias sul-americanas.
E ainda mais ainda se os 14% que impediram os 100% de aproveitamento se devem a uma derrota na altitude de La Paz, sem o time completo e já classificado -assim como os empates aconteceram na altitude de Quito e, depois, diante da Venezuela, na despedida das eliminatórias já no papo.
Compute entre as 14 vitórias, duas sobre os tetracampeões mundiais italianos, 5 a 0 no placar agregado dos dois jogos, além, é claro, do categórico 3 a 1 nos bicampeões mundiais argentinos, em Rosario.
Não é pouca coisa mesmo.
Por melhor que tenha sido o ano anterior, com a conquista da Copa América, 2009 foi superior.
E bota no colo de Dunga a tarefa de ir para a África do Sul com a missão de trazer o hexacampeonato com o apoio e a confiança da torcida brasileira, algo que invariavelmente vira frustração.
Todos acreditavam no primeiro título em 1950, que não veio. O tetra em 1974 era dado como favas contados, e não veio.
Mas viria certamente em 1982, e não veio.
O penta em 1998 seria uma questão de horas, e não foi.
Como o hexa, em 2006.
Ao contrário, das cinco Copas vencidas, apenas a de 1962 tinha a confiança da patuleia. Cabe sempre discutir se não é mais fácil dirigir a seleção brasileira do que um clube.
Se falta tempo para treinar de um lado, por outro poder contar com os melhores é facilitador.
Sem se dizer que é frequente que a seleção se dê bem quando encontra este tempo e o utiliza, de fato, em treinos -como acontecia com Felipão e acontece com Dunga, mas não aconteceu com Parreira, em 2006.
Seja como for, é curioso observar que exceção feita a Luiz Felipe Scolari, todos os outros quatro técnicos campeões mundiais não foram papões de títulos em clubes.
Nem Vicente Feola (1958), nem Aymoré Moreira (1962), nem Mário Jorge Lobo Zagallo (1970), nem Carlos Alberto Parreira (1994), que ainda foi campeão brasileiro pelo Fluminense e da Copa do Brasil pelo Corinthians, são técnicos inesquecíveis nos clubes que comandaram em suas carreiras.
E não veja nisso o Dunga, sempre tão sensível, nada além de uma constatação, longe de ser uma crítica ao seu desempenho, marcado pelo verbo vencer, o único que ele aceita conjugar nem que tenha de pisar no pescoço do adversário.
Dunga terá de criar uma pressão para ele mesmo, porque está na cara que a torcida não o pressionará e até mesmo a imprensa mais crítica deverá pegar leve porque convencida de que ele tem acertado muito mais que errado.
E, se trouxer o hexa, quem sabe a CBF não o escolha para ser aquilo que Platini e Beckenbauer foram, já que Pelé parece carta fora do baralho. Bastará um curso de boas maneiras para Dunga domar seu temperamento iracundo.

blogdojuca@uol.com.br


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