São Paulo, quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Odepa retira as medalhas de Rebeca

Nadadora, que responde a três acusações de doping, perde 2 ouros, 1 prata e 1 bronze obtidos no Pan do Rio, em julho

Mesmo ainda não tendo sido condenada em nenhum dos casos, a atleta terá que devolver comendas ganhas nos Jogos continentais


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A nadadora Rebeca Gusmão, 23, teve ontem retiradas suas quatro medalhas conquistadas no Pan do Rio, em julho. Ela foi condenada por doping pela Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana).
Destaque do país nos Jogos, Rebeca havia amealhado dois ouros (50 m e 100 m livre), uma prata (4 x 100 m livre) e um bronze (4 x 100 m medley). Ela havia se tornado a primeira brasileira a se sagrar campeã pan-americana na natação.
Segundo o comunicado da Odepa, a punição de Rebeca também atinge suas colegas: "As outras atletas participantes das competições de revezamento, tanto livre como medley, perderão suas medalhas".
A brasileira está respondendo a três acusações de doping. No entanto ainda não foi condenada em nenhuma delas.
O primeiro caso ocorreu em 2006, quando exame da nadadora detectou alto nível de testosterona. A defesa de Rebeca alega que a urina estava degradada e, por isso, poderia ter apresentado um falso positivo.
Desde então, o caso se arrasta na Justiça desportiva e só será julgado pela Corte de Arbitragem do Esporte, em Lausanne (Suíça), no ano que vem.
No Pan, exame promovido pela Federação Internacional de Natação mostrou novamente nível anormal de testosterona. A análise da contraprova, novamente em Montréal, começou a ser analisada ontem -o resultado sairá até sexta.
Se o teste comprovar o doping, a atleta ainda teria direito a duas instâncias de julgamento, a primeira em um painel da Fina e, em seguida, pela CAS.
"Na verdade, a amostra B não interrompe o processo. A atleta é considerada responsável já com a amostra A. Isso já existe nos controles", afirma Eduardo de Rose, coordenador do antidoping no Pan e chefe da Comissão Médica da Odepa.
"Em nenhum exame de medicina, como de sangue ou de paternidade, há contraprova. Isso só acontecia no antidoping", completa o médico.
A terceira pendência de Rebeca refere-se a dois exames realizados durante o Pan do Rio, nos dias 12 e 18 de julho, que apresentaram duplo DNA. Isso configuraria indício de fraude e, tecnicamente, é considerado um doping positivo.
No mesmo comunicado, a Odepa destituiu o bronze obtido por outro brasileiro, Fabrício Mafra, na categoria até 105 kg do levantamento de peso. Mafra também atingira um feito: era a primeira medalha do país na modalidade em 12 anos.
Além deles, foram oficializados mais dois casos de doping no Pan. O nicaragüense Pedro Wilder, do beisebol, perdeu o bronze -o país, porém, não teve anulado seu resultado por se tratar de esporte coletivo-, e o colombiano Libardo Niño teve cassada a prata ganha na prova de ciclismo contra o relógio.
Apesar dos flagrados, a Odepa reiterou que o Pan-07 foi o mais "limpo" da história: "Os Jogos passados continuam sendo os que menos casos de doping ocorreram, o que marca uma tendência positiva".


Texto Anterior: São Paulo tenta ter Adriano de graça
Próximo Texto: Advogado diz que atleta não se defendeu
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.