DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, a polícia conduziu, durante a noite de anteontem, uma batida antidoping em alojamentos de atletas.
O alvo da ação da polícia italiana foi parte da delegação austríaca, que disputa do esqui cross country e o biatlo na Olimpíada de Inverno de Turim.
Ao menos dez atletas foram conduzidos para exames-surpresa, enquanto a residência em que estão, próxima da montanha de San Sicario -fora do perímetro da Vila Olímpica-, era revistada.
"Subitamente, a polícia apareceu, na noite anterior à competição", reclamou Juergen Pinter, membro do time de revezamento do esqui cross country, que ontem terminou a prova de 4 x 10 km na 16ª e última colocação.
O estopim da ação policial foi a presença do treinador Walter Mayer na casa dos competidores. Ele está banido dos Jogos Olímpicos pela suspeita de ter promovido transfusões de sangue irregulares em atletas que estiveram em Salt Lake City (EUA), em 2002.
Mayer só pode voltar oficialmente ao esporte após os Jogos de Vancouver-2010, mas os próprios austríacos reconhecem que ele segue comandando a equipe e admitiram que Mayer dormiu uma noite na residência da equipe.
A dica da presença do treinador banido em Turim foi passada pela Wada, a agência mundial antidoping, para o COI (Comitê Olímpico Internacional). O comitê então promoveu os testes-surpresa e notificou a estratégia à polícia.
Ontem à noite, Mayer foi preso ao tentar fugir de blitz na Áustria.
Antes dos Jogos, a possibilidade de batidas policiais nas Vilas Olímpicas causou polêmica. COI e governo italiano discutiram a legislação antidrogas do país, que pune a recomendação e o uso de doping como infrações criminais.
Ontem, o biatlo não foi notícia só pela batida policial. Anders Besseberg, presidente da federação da modalidade, vai abrir investigação hoje para apurar o sumiço da papelada referente a um teste de doping positivo.