São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

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TOSTÃO

O melhor que não foi


Denílson, que prometia ser o melhor do mundo, perdeu a identidade na Europa. Não foi ponta antigo nem moderno


EM 1998 , entrevistei Denílson antes de ele ir para a Espanha. Denílson era tão festejado quanto foi Robinho anos depois.
Logo no início, Denílson me disse com convicção: "Vou ser o melhor do mundo".
Questionei se ele não teria que fazer mais gols. Ele concordou. Perguntei se não precisaria melhorar o passe e o cruzamento. Ele disse que sim. Questionei várias outras qualidades que lhe faltavam, e ele concordou com tudo. No final, Denílson falou sorrindo: "Não vai ser fácil ser o melhor do mundo".
Denílson foi (ainda é?) apenas um bom ou excelente jogador. Se não tivesse despertado tanta expectativa, seria hoje mais reconhecido.
Discordo da opinião de que o problema de Denílson foi ser um ponta driblador. Os técnicos europeus tentaram fazer dele um jogador moderno, com múltiplas funções. Não conseguiram.
Denílson perdeu na Europa a identidade. Não foi um ponta moderno nem antigo. Se jogasse como um antigo ponta, não seria o melhor do mundo, mas seria um jogador melhor e mais gostoso de se ver.

O melhor que foi
No início de sua carreira no Cruzeiro, o franzino Ronaldo dava show e mostrava que seria candidato no futuro a melhor do mundo.
E foi. São injustas as insinuações, que já começaram, de que ele só se tornou um fenômeno por causa de anabolizantes. Se isso for verdade e se ele não tivesse um enorme talento, Ronaldo seria, no máximo, um atacante forte, alto e artilheiro.
Nenhum especialista do mundo pode afirmar, com certeza, sem provas, que o aumento da massa muscular de Ronaldo foi pelo uso de anabolizantes.
Quanto mais alguém conhece um assunto, mais tem dúvidas. Mas existe uma boa chance de terem "bombado" Ronaldo. Apesar do grande risco de ser flagrado, o doping de atletas é freqüente e um bom exemplo da desmedida ambição humana.
O esporte de alto rendimento não é um bom lugar para aprender e desenvolver valores éticos. Os atletas, treinadores e dirigentes querem ganhar a qualquer preço. Ainda bem que existem exceções.

Libertadores
A grande qualidade do Cruzeiro neste início de ano tem sido a marcação por pressão. Isso é bom para a defesa, pois não deixa o adversário se organizar e se aproximar do gol, e bom para o ataque, porque o time toma a bola mais à frente e chega com mais jogadores ao gol do outro time. Amanhã, mesmo fora de casa, contra o San Lorenzo, o Cruzeiro deveria atuar dessa forma, pelo menos em parte do jogo, como fez muito bem contra o Cerro Porteño, no Paraguai.
O Fluminense enfrenta a LDU, no Equador. Renato Gaúcho ainda não formou um conjunto -por seus erros, e não por falta de tempo. Na segunda etapa contra o Botafogo, havia cinco atacantes embolados pelo meio. Meias ofensivos, como Conca e Thiago Neves, que atuam próximos dos atacantes e que não participam da marcação do meio, são também atacantes.
Na falta de talentos que há hoje no Brasil, é estranho ver Dodô na reserva. Será que não dá para emprestá-lo ao Cruzeiro?


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