São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

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TÊNIS

Talento acima de tudo


Guga, Moyá e Lapentti mostraram talento acima do exotismo, derrubando barreiras e fazendo história


RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

E LES CHEGARAM juntos, sem pedir licença, desafiando dirigentes reservados e chocando o público conservador. Depois de assistir à supremacia dos americanos Pete Sampras, Andre Agassi e Jim Courier, de ver Stefan Edberg e Boris Becker, o circuito teve de engolir estes alegres tenistas, festivos, visual colorido, bandanas, espanhol e português na ponta da língua, sonoras gargalhadas.
Nicolas Lapentti levou irmão, pai, mãe, tia, amigo e foi acompanhado por um radialista com pinta de comentarista boleiro e narrador de turfe quando disputou o solene Masters em Hannover. Um furor.
Guga abriu o discurso de campeão do Masters de 2000 com um "Eu vou falar português e todo mundo vai entender", seguido de ovação do público e cara de quem não entendia nada de Andre Agassi e dos dirigentes. Pouco antes, havia chegado o colorido charmoso de Carlos Moyá e o falante Alex Corretja, outro cheio de personalidade, de si.
Antes ainda, havia o "maluco" e impossível Marcelo Ríos. Índio? Chileno? Latino? Ríos desrespeitava a cerimônia, humilhava os rivais (brancos, americanos, primeiro-mundistas) e, além de ganhar, divertia a si próprio. Agora, eles se foram. Ríos e Corretja olham para os filhos (filhas, no caso). Kuerten chora comovido a despedida das quadras, vítima de limitações físicas. Lapentti se esforça como novato para disputar torneios de primeira linha, e Moyá resiste enquanto pode aos novos tempos.
Ríos, Guga, Lapentti, Moyá, Corretja, juntos, tiraram o mundo latino do campo do exótico e das exceções (Guillermo Vilas, Manoel Orantes, Andres Gomez, Sergi Bruguera e poucos outros) e colocaram essa cultura no centro do tênis mundial.
Se hoje o circuito respeita um Rafael Nadal, um Fernando González, um David Nalbandian ou um Juan Monaco, esse respeito começou com Guga, Moyá, Ríos, Lapentti, Corretja. Eles mostraram que acima da origem está o talento. Além de estilo e personalidade, talento eles tiveram de sobra.

TAMBÉM PARANDO
Sem barulho, outros tenistas também param. Raemon Sluiter, 29, holandês, que foi 46º no mundo, despede-se nesta semana. Nos EUA, Paul Goldstein, que já foi 58º, também parou. Aos 31, vai trabalhar com produção de energia.

EM CUBA
Ricardo Hocevar levou o Future de Havana, segunda taça em duas semanas -venceu no México. Cuba tem novo future nesta semana.

NOS EUA
Flávio Saretta caiu na estréia do quali em San Jose. No ranking, despencou -é o 256º. Marcos Daniel é o 113º, e Thomaz Bellucci, o 181º.

reandaku@uol.com.br


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