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Campeã olímpica precoce, polonesa morre aos 26 anos
Kamila Skolimowska conquistou o ouro no lançamento de martelo na Olimpíada de Sydney, em 2000, aos 17 anos
Causa da morte da atleta, que passou mal quando fazia musculação, pode ser mesma doença cardíaca que matou jogadores de futebol
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Tudo na vida de Kamila Skolimowska foi precoce. Com 14
anos e 264 dias e competindo
com rivais sub-20, ela venceu o
Europeu júnior de lançamento
de martelo. Aos 17 anos e 331
dias, tornou-se a primeira campeã olímpica da prova, que estreava nos Jogos de Sydney-00.
Só não é a mais jovem vencedora do atletismo olímpico
porque perde, por alguns meses, para a alemã Ulrike Nasse-
-Meyfarth, ouro no salto em altura em Munique-72 aos 16.
Na noite de anteontem, Kamila desmaiou quando fazia
musculação durante treinamento da equipe polonesa na
Vila Real de Santo Antonio, no
sul de Portugal.
Estava acompanhada por outros sete atletas e três treinadores. "Pouco depois, ela se levantou e quase foi andando até a
ambulância. Em seguida, desmaiou e não pôde mais ser reanimada", contou João Cabrita,
diretor do complexo esportivo.
Segundo João Paulo Almeida, coordenador do centro de
saúde da cidade, uma cardiopatia hipertrófica é a causa mais
provável da morte da arremessadora. Kamila tinha 26 anos.
A atleta teve uma fibrilação
ventricular (transtorno do ritmo cardíaco) que causou falha
no bombeamento sanguíneo.
"É a mesma doença que matou Serginho, Feher, Foe...",
enumera Nabil Ghorayeb, especialista em cardiologia do esporte, citando mortes ocorridas nos campos de futebol.
"Ela é a causa de entre 26% e
40%, dependendo da região, de
mortes precoces, de indivíduos
abaixo de 35 anos. Segundo o
COI [Comitê Olímpico Internacional], 50% das mortes
anuais de esportistas têm essa
causa", acrescenta o médico.
Para Ghorayeb, duas razões
principais fazem com que ocorram casos desse tipo no mundo
esportivo: diagnóstico errado e
falta de exames adequados.
"O início da cardiopatia hipertrófica é, muitas vezes, confundido com coração de atleta.
A espessura da parede do coração no sedentário é de 8 mm a 9
mm. No atleta, entre 10 mm e
13 mm. No doente, varia entre
13 mm e 30 mm", explica ele.
Outro risco é o doping. De
acordo com Rafael Trindade,
coordenador médico da Agência Nacional Antidoping, o uso
de substâncias para aumentar
artificialmente a musculatura
pode agravar o problema.
"Essa doença é genética, mas
os esteroides anabólicos podem desencadear arritmias ou
aumentar a espessura da parede do coração", diz o médico.
Oficialmente, não é o caso de
Kamila. A atleta nunca havia sido flagrada em teste nem teve
resultado suspeito investigado.
Na semana passada, ela se
queixara de dores, mas não foi
ao médico. É outro problema
grave no esporte. "Apesar das
mudanças de atitude, 60% dos
atletas nunca passaram pelo
clínico geral", diz Ghorayeb.
Com agências internacionais
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