São Paulo, sábado, 20 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AUTOMOBILISMO

Na Malásia, brasileiro disputa a 1ª prova após Ferrari formalizar condições de igualdade com Schumacher

Barrichello larga com licença para atacar

Vincent Thian/Associated Press
Rubens Barrichello bebe água durante treino livre na Malásia


FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SEPANG

Liberdade, sim. Mas com responsabilidade. Essa é a principal regra da nova cartilha da Ferrari, a que permite a Rubens Barrichello, pela primeira vez em quatro temporadas, duelar abertamente com Michael Schumacher.
"Os dois vão disputar posições, mas têm que ser sensíveis e sensatos. Acho que não teremos problemas. Eles são grandes pilotos e, como tal, sabem dos limites."
A frase, uma revolução no time italiano, algo inimaginável tempos atrás, é de Ross Brawn, o estrategista da Ferrari. O mesmo que, tantas vezes, interveio pelo rádio para evitar que seus dois pilotos se encontrassem nas pistas.
Encontrar com Schumacher é, a partir de agora, tudo o que Barrichello quer. E talvez a chance apareça já na próxima madrugada, no GP da Malásia, segunda etapa do Mundial, às 4h. O treino classificatório seria nesta madrugada.
A entrevista de Brawn em Sepang formalizou a nova filosofia do time italiano. O próprio discurso de Barrichello mudou.
No início da tarde, como de hábito, o brasileiro evitou falar sobre a situação interna da Ferrari. "Posso falar sobre a corrida e o treino", disse, evasivo, ao ser questionado sobre o assunto.
Mas depois que Brawn abriu o jogo, Barrichello resolveu falar.
"É um momento bom dentro da equipe, uma situação pela qual sempre lutei. Cheguei há quatro anos e sabia das dificuldades. Respeitei os espaços, os limites, cresci aqui dentro e hoje me sinto orgulhoso", afirmou, animado. "Só de saber que agora posso lutar por vitória... Isso mostra respeito."
Por decisão da cúpula do time, o brasileiro poderá disputar posições com o hexacampeão na primeira metade do campeonato. Quem estiver na frente após o GP dos EUA, nona das 18 etapas, terá, então, tratamento prioritário.
Um dos objetivos é manter a motivação de Schumacher após seis títulos, quatro consecutivos. E foi usada também como argumento para que Barrichello renovasse contrato, em janeiro.
É a primeira vez, desde que chegou à escuderia, em 2000, que o brasileiro tem uma chance como essa. O placar aponta 1 a 0 para Schumacher, que venceu o GP da Austrália, abertura do Mundial.
Segundo Brawn, Barrichello está pronto. "Ele é muito, muito bom. Por sorte ou azar, divide a equipe com o melhor do mundo. Mas isso o preparou para tudo."
O dirigente encerrou a entrevista anunciando a primeira "prova" da igualdade de condições: Barrichello terá folga nos próximos dias, enquanto Schumacher treinará para o GP do Bahrein. Na semana passada, aconteceu o oposto -e o brasileiro reclamou.
Não bastasse a nova situação na Ferrari, a meteorologia deve fazer sua parte para tornar o GP da Malásia mais atrativo do que a sonolenta prova de Melbourne: previsão de chuva muito forte, tropical.
Na única vez que a prova aconteceu com pista molhada, em 2001, Schumacher venceu. Agora, 19 pilotos tentarão evitar que isso se repita. Um deles tem motivos especiais para isso. E o melhor: o mesmo carro vermelho.
Veja o grid do GP da Malásia na www.folha.com.br

NA TV - GP da Malásia, Globo, ao vivo, às 4h da madrugada de amanhã


Texto Anterior: Pênaltis não assustam os palmeirenses
Próximo Texto: Pelos pneus, escuderia torce por GP molhado
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.