|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
buraco
Clubes pagam passagens com R$ 11 mi de ágio
Transporte do último Brasileiro extrapola previsão em contrato e valor de mercado, diz documento do Flamengo
Clube dos 13 nega pagar preço superfaturado, diz que fez concorrência para
bilhetes e afirma que time carioca conhecia negociação
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Clube dos 13 pagou R$ 11
milhões a mais pelas passagens
aéreas do Brasileiro-06 em relação ao valor firmado em contrato com agência de viagens e
ao preço de mercado. Esse valor extra foi saldado com a cessão de placas de publicidade.
A acusação consta de documento interno do Flamengo
obtido pela Folha. É um comunicado do ex-vice-presidente
do clube Artur Rocha Neto ao
presidente Márcio Braga.
A denúncia deve gerar racha
no C13, que tem reunião hoje
em São Paulo. O presidente da
entidade, Fábio Koff, ficou irritado com dirigentes flamenguistas ao saber da existência
do documento. Cartolas do clube, fundador do C13, devem
questioná-lo sobre o assunto.
O estudo do Flamengo analisa o contrato entre o C13 e a
Pallas Operadora Turística.
O acordo acerta a compra de
cerca de 10 mil passagens do
último Campeonato Brasileiro,
usadas por todos os 20 clubes
da Série A. Segundo o Clube
dos 13, contratos iguais são firmados com a empresa desde o
campeonato de 2004.
O documento possui duas
cláusulas que estabelecem, na
teoria, preços diferentes para
os serviços prestados. Na prática, o valor utilizado foi sempre
o mais alto, em prejuízo dos
clubes e em favor da agência.
O contrato diz que, pela tabela padrão de agências, todas as
passagens custariam R$ 27,1
milhões. Na primeira cláusula
afirma que a Pallas aplicará um
desconto de 68% sobre essa tarifa cheia. Ou seja, haveria uma
redução de R$ 18,4 milhões.
Só que uma cláusula seguinte
estabelece que o desconto seria
de R$ 7,4 milhões. Assim, é
uma redução de apenas 27,4%,
menos da metade do prometido no início. E foi esse o valor
levado em conta na prática.
Juntamente ao documento,
o Flamengo levantou seus gastos com passagens extras no
Brasileiro, pagas do próprio
bolso. Sua pesquisa diz que
68% foi o desconto médio obtido pelo clube. Consultada pelo
clube, uma agência disse que,
pelo mercado, poderia fazer redução de pelo menos 60%.
Do total de R$ 20,1 milhões,
o Clube dos 13 pagou, em dinheiro, R$ 9,1 milhões (R$
8,768 milhões mais R$ 400 mil
em taxas de embarque). E cedeu placas de publicidade do
Brasileiro no valor de R$ 11 milhões para a Varig ou outra que
fornecesse os bilhetes.
O valor dessas placas é igual à
diferença entre os dois descontos descritos no contrato. Para
efeito de comparação, é o preço
obtido pela Globo na venda das
principais cotas de placas do
Brasileiro em 2005.
O documento do Flamengo
ainda questiona o fato de não
ter visto o registro do dinheiro
das placas nas contas do C13 de
2005. Além disso, aponta erro
nas tarifas cheias usadas como
referência no contrato.
Procurada pelo clube, a
agência Interblanc afirmou
que, pela tabela padrão, todas
as passagens custariam R$ 23,8
milhões- R$ 2,3 milhões a menos do que diz o acordo. Assim,
o documento acusa aumento
de R$ 1 milhão no ágio.
O contrato é assinado pelo
presidente da entidade, Fábio
Koff, e pelo dono da Pallas,
Wagner Abrahão.
Procurado pela Folha, Artur
Rocha, confirmou a existência
do documento, mas não quis
comentar seu teor. Já Márcio
Braga declarou que trataria do
assunto internamente. Isso pode ocorrer na reunião de hoje
do C13 em São Paulo.
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: TV: Contrato será discutido em reunião hoje Índice
|